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Na transformação digital e na inovação a oportunidade de impulsionar negócios

Seja por saber utilizar as ferramentas de atendimento como o Whatsapp ou na criação de uma nova tecnologia, as relações entre pequenas e grandes empresas têm sofrido impacto com os novos modelos de consumo

Um mundo na palma da sua mão. Essa afirmação pode ser até clichê, mas é uma síntese rasa do relacionamento moderno entre clientes e empresas, uma evolução rápida que passa por diversos aplicativos, descobertas de novas tecnologias e de uma concorrência que perde os limites, divisas e fronteiras.

Neste ‘front’ o Brasil está na vanguarda. Já são 242 milhões de smartphones no país, ou seja, mais de um por habitante, tendo em vista que são 214 milhões de brasileiros. Esse número aumenta para 352 milhões de dispositivos portáteis se adicionarmos notebooks e tablets. Isso foi o que apontou o levantamento da Fundação Getúlio Vargas divulgado no final de 2022.

Em todas essas novas ‘praças’ de compra digital uma palavra ganha os letreiros e a esteira das novas relações: inovação. Apesar de ser muito associada à tecnologia, nem sempre a inovação é a invenção de novos dispositivos. Seja uma forma diferente de utilizar o Whatsapp integrado com novas tecnologias ou a criação de um nova máquina, o fato é que a transformação digital e a inovação propulsionam a ’nova’ economia.

Criado em 2009 por Jon Koum e Brian Acton, na época veteranos do Yahoo, o Whatsapp foi incorporado pelo Facebook, atual Meta, em 2014. Com o principal objetivo de ser uma nova forma de troca de mensagens através da internet, o aplicativo ganhou os brasileiros e é o mais utilizado no país. Foi em 2015 que a Manipulatus, uma farmácia de manipulação de Criciúma no Sul catarinense, adotou a nova forma de comunicação.

“Funcionava mais no intuito de avisar o cliente que o produto havia ficado pronto ou que ele tinha esquecido de vir retirar.Porque às vezes tu tentava uma ligação era horário comercial, a pessoa não atendia. Começamos a pegar o hábito de enviar uma mensagem avisando. Aí começou as vezes de na mesma conversa o cliente falar: ‘Esqueci tal coisa, anota tal pedido’. Então começamos a perceber que era interessante”, explica a sócia-proprietária da farmácia, Felice Schnack Pieri.

Através do Whatsapp, Felice destaca que a Manipulatus expandiu as fronteiras – Foto: Lucas Colombo/Portal Litoral Sul

Fundada em 1998, ao ver essa tendência, a Manipulatus passou a investir no novo canal. Em 2016 deu mais um passo. “Toda a parte de manipulação tem sistema informativo que faz com que a gente registre tudo que é feito aqui até por exigência sanitária. Começamos a lançar o primeiro software integrado, onde abre o Whatsapp dentro do próprio sistema. Assim já ficava linkada. Tu me pediu um orçamento, já abria pelo Whatsapp dentro do sistema, já conseguia fazer seu orçamento, verificar que data tinha disponibilidade no laboratório para deixar pronto, aí enviávamos mensagem falando do orçamento, valor e o dia que ficaria pronto, se a pessoa iria comprar”, explica.

Durante a pandemia da Covid-19, em 2020, foi ampliada essa forma de atendimento. No início era uma funcionária, esse número passou para duas com o auxílio de mais uma colaboradora que, também, atendia no balcão da farmácia.

“Com a pandemia passamos para quatro atendentes, então, dobrou a equipe, e de quatro passamos para seis. Hoje, contando com a Fórmula Animal – franquia de remédios manipulados para animais – temos 9 pessoas envolvidas nesse processo diariamente”, conta Felice.

Dessas nove, seis ficam totalmente responsáveis pelo Whatsapp e as outras ficam com conferência de pedido ou fazendo a logística para as entregas .Através de motoboy, a farmácia sediada em Criciúma, atende de Imbituba a Torres (RS). Porém com as entregas pelos Correios consegue atingir o Brasil e até outros países. Todos os pedidos passam pela conferência de uma farmacêutica.

“Atendemos clientes do Rio Grande do Sul até São Paulo, Bahia e temos pedidos de fora do Brasil que sem o advento do Whatsapp não facilitaria a vida dele. Porque ele sai de uma consulta, envia a receita e às vezes já recebe o orçamento antes de chegar no carro”, exemplifica Felice.

Atualmente 80% dos pedidos da Manipulatus são via Whatsapp – Foto: Lucas Colombo/Portal Litoral Sul

É através do Whatsapp que cerca de 80% dos pedidos chegam a Manipulatus. Tendo como estratégia um atendimento realizado 100% pelas atendentes, sem automatização. Apesar dos pedidos de outros lugares, o público local continua sendo grande parte do faturamento da empresa que conta com três farmácias, sendo duas em Criciúma e uma em Forquilhinha.

A segunda farmácia em Criciúma foi inaugurada recentemente e se tornou a matriz da rede. Desta forma engloba a parte administrativa, a central de atendimentos via Whatsapp e o laboratório. A média de produção é de 250 fórmulas por dia. Em um comparativo de vendas antes e depois do Whatsapp, Felice é taxativa. “Tivemos 60% de aumento em vendas e principalmente em procura de pessoas que não eram nossos clientes pela facilidade”, comenta. “Às vezes o fato de já receber na casa dela, já fecha o orçamento mesmo a farmácia não sendo ao lado da casa dele. Isso que para nós é o diferencial”, finaliza.

Com três farmácias, a Manipulatus teve um aumento de 60% nas vendas – Foto: Lucas Colombo/Portal Litoral Sul

 

Da aposta à liderança de vendas pelo aplicativo em SC

Fundado há mais de 30 anos, em Içara, os Supermercados Moniari encontraram no Whatsapp um diferencial. Com grandes concorrentes que, também, nasceram no Sul catarinense, a rede possui uma estratégia diferenciada na busca de ser um mercado de vizinhança.

Foi durante a pandemia da Covid-19, em 2020, que a rede, que conta com nove lojas, tomou uma decisão crucial. Diferente dos concorrentes, decidiu apostar no Whatsapp ao invés de lançar uma loja virtual.

“Vimos que nossa loja física estaria totalmente limitada pela pandemia, mas vemos o supermercado como uma atividade essencial. As pessoas começaram a usar o Whatsapp para nos procurar. Então decidimos nos reinventar com um novo canal de vendas. Porém com um olhar carinhoso. Todo mundo vende pelo Whatsapp, por isso cuidamos muito com o que queríamos entregar com esse canal que era um serviço para nosso cliente que é de vizinhança, não era só um canal de vendas”, lembra a CEO do Moniari, Monique Pizzetti.

Busca pela humanização no atendimento é evidenciada pela CEO do Moniari, Monique Pizzetti – Foto: Lucas Colombo/Portal Litoral Sul

Devido a pandemia, um público que impulsionou o canal foram os mais idosos. Com o tempo, outros nichos de clientes foram aderindo aos pedidos pelo Whatsapp. Um dado importante, percebido pela rede, é que mesmo com o fim das restrições sanitárias da Covid-19, cerca de 95% dos clientes seguiram com os pedidos de compras pelo aplicativo.

“Hoje identificamos que são compras totalmente diferentes. O cliente vem na loja física 2,8 vezes por semana, somos um supermercado de vizinhança, nosso cliente é do bairro. Na maioria das vezes ele segue utilizando o Whatsapp para a recorrência de compra, a lista de compra dele, ele continua mandando por ali. No final de semana ele pede pelo Ifood, então ele é omnichannel, compra por todos os canais”, analisa Monique.

O grande diferencial do Moniari não está na utilização do Whatsapp, mas na integração do aplicativo com um software de gerenciamento do relacionamento com os clientes. Com isso, o mercado consegue ter todo o histórico de compras, saber a duração dessas compras e otimizar o atendimento.

“Compramos uma plataforma de início e customizamos aqui dentro. Ela tem um CRM interno que sugere produtos para os clientes”, afirma Monique. “Temos clientes fixos que já sabemos a listagem, muitas vezes a menina do atendimento – sabendo o histórico de compra- ela comenta durante o atendimento: ‘Vimos que tal item não está na lista, não está faltando tal produto?’ e a pessoa: ‘É verdade, havia esquecido’. Uso da tecnologia com esse sistema facilita, porque a atendente consegue fazer essa comparação”, completa a CEO.

Mais que isso, é possível com essa plataforma, enviar promoções mais assertivas. Para o público que teria mais interesse. “Por exemplo, nosso time do comercial fechou com uma nova linha de pimentas mexicanas. Nós já sabemos quem costuma comprar pimenta. Então levamos a informação a essas pessoas: ‘fulano, contamos com uma nova linha e tal’. Não impondo, mas levando a informação a pessoa e ela que vai entender a necessidade daquele momento”, explica a gerente de Marketing do Moniari, Nadine Constantin.

A central de atendimento do Whatsapp é concentrada na matriz do Moniari em Içara. Com oito atendentes, eles repassam todos os pedidos recebidos para as lojas de onde serão realizadas a entrega. Através de um tablet, ou folha imprensa, um funcionário separa os itens da lista dentro do supermercado. Posteriormente o pedido é enviado para a entrega. Toda essa jornada é computada e dados são colhidos para aperfeiçoamento.

Com toda essa expertise, o Moniari se tornou o mercado que mais vende através do Whatsapp em Santa Catarina. Mais que isso, encontrou novos clientes, desde empresas até pessoas que moram em cidades que não possuem uma loja física do mercado.

“Tem clientes de praças que não tem uma loja em um raio de 30km. Atendemos Braço do Norte, Forquilhinha, por exemplo, pessoas que não estão na nossa estrutura de loja. Isso para nós é um diferencial gigantesco. Já encontramos clientes que foram até uma loja para conhecer o Moniari fisicamente. Passamos a atender, também, empresas com as compras recorrentes para o café dos funcionários, refeição nas escolas, entre outros”, destaca Nadine.

Muito mais que vendas, a busca do Moniari é pela conexão com o cliente. Por isso, a rede não abre mão de que o atendimento seja 100% realizado pelas atendentes. Porém, cada um é segmentado para uma faixa etária e um tipo de público para que tenha uma melhor comunicação com o cliente.

“Não se vai escrever ‘vc’ para um idoso, por exemplo. Parece um detalhe, mas realmente é impactante. Nós contratamos pessoas com uma formação diferenciada para atender idosos ou classe A. Tem que ter muita paciência e textos corretos, por exemplo”, exemplifica Monique.

Através do canal, o Moniari expandiu os nichos de clientes, incluindo, empresas – Foto: Lucas Colombo/Portal Litoral Sul

Desde de receitas de comidas até reclamações são recebidas e respondidas pelo Whatsapp, além dos pedidos. “Cliente é parte de uma família, esse é nosso slogan. Quando abrimos o canal é para ouvir tudo”, destaca Monique.

Um exemplo da importância do canal é a venda de frangos assados realizada pela rede. Com início na loja de Jaguaruna, os pedidos se multiplicaram, especialmente, com um sistema criado para facilitar as reservas via Whatsapp. Algo que foi adotado em toda a rede nos domingos. Em um final de semana foram mais de 1 mil frangos vendidos. A ação conta com uma parceria da marca Seara. “Não precisa mais ir domingo às 7h reservar, só mandar mensagem no Whatsapp e ir buscar ao meio-dia, ou horário de escolha”, diz Nadine. “Hoje as vendas peloWwhatsapp representam 46% das vendas online no Brasil”, completa Monique.

Tendência

Apesar de estar na rotina dos brasileiros há alguns anos, o WhatsApp como um canal de vendas é uma das tendências para 2023. É o que informa uma pesquisa realizada pela RD Station, com apoio da TOTVS e da Tallos.

“O Whatsapp segue como principal canal de comunicação: 86% dos vendedores utilizam a ferramenta para contato
com as oportunidades que estão sendo trabalhadas”, aponta a pesquisa.

O Whatsapp é utilizado de forma ativa, sendo que 58% das empresas buscam contatos com seus clientes por esse canal. Apesar disso, a pesquisa identificou uma quebra de informações já que 79% dos vendedores usam o aplicativo diariamente para follow ups e negociações e apenas 21% tem o app integrado com o CRM (Customer Relation Management) de vendas que utilizam.

“Hoje quem não adota essas tecnologias que são amplamente disseminadas no mundo – como o e-commerce, o Whatsapp e as mídias sociais, para dar um exemplo – fica para trás e quem fica para trás coloca sua empresa em risco”, analisa o gerente de Inovação e Startups do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina ( Sebrae/SC), Marcus Rocha.

É importante, segundo Marcus, fazer uma distinção entre a digitalização, a transformação digital e a inovação. A digitalização seria o uso de uma nova tecnologia em um processo existente que não traz necessariamente resultado e traz melhoria. A transformação digital é efetivamente mudar os processos, as estruturas, os organogramas, entre outros, da empresa para se ter um melhor uso da tecnologia.

“E essa tecnologia trazer benefício para os teus clientes e depois para a própria empresa como um todo. O Whatsapp é um bom exemplo de uma tecnologia que pode tanto ser usada para a digitalização, quanto para a transformação digital”, ressalta.

Já a inovação é a busca por novidades que agregam e diferenciam uma empresa dentro de um mercado ou uma criação que desbrave um novo nicho. “Importante destacar que hoje no fim do dia temos uma economia baseada na inovação, na produção de inovações, quem cria essas inovações têm vantagem competitiva muito grande e quem consome inovações, em um primeiro momento, também tem alguma vantagem competitiva e quem fica para trás tem que adotar e comprar essa inovação”, comenta Marcus.

De uma festa de aniversário a descoberta de um novo negócio

A inovação e ideias de novos negócios podem ocorrer em diversas situações. Foi através da busca de uma solução para uma festa de aniversário, que surgiu a startup Bravura no campus da UFSC em Araranguá.

“No meu aniversário decidimos fazer uma máquina para dosar drinks. Normalmente o Igor acabava fazendo os drinks e não conseguia curtir a festa. Então encontramos alguns rascunhos online do que seria uma máquina de drink, nos baseamos naquilo e acabamos desenvolvendo uma máquina simples com três bombas para fazer a dosagem das bebidas durante a festa. Funcionou tão bem que as pessoas começaram a nos apontar que seria uma boa oportunidade de negócio”, lembra o engenheiro de Energia e mestrando na UFSC, Antônio Chepluki.

Em busca de uma solução para uma festa de aniversário, Igor e Antônio iniciaram a Bravura- Foto: Lucas Colombo/Portal Litoral Sul

Ele e o estudante de Engenharia da Computação, Igor Enrick Carvalho, dividem uma casa em Araranguá. Eles vieram para o Sul catarinense estudar na UFSC, sendo que Antônio é do Paraná e Igor de Minas Gerais. Logo, o escritório da residência onde eles moram virou o local de produção e aprimoramento da máquina.

“Antes a máquina funcionava via Telegram, começamos a fazer literalmente na nossa garagem. Era nosso escritório, na época eu trabalhava em um banco e montamos um escritório dentro da garagem para usar como home office. E aí aquela máquina mandava o comando pelo Telegram”, conta Igor.

No início a máquina possuía partes de madeira, com peças em 3D. Porém com o tempo, Antônio e Igor foram melhorando o funcionamento. Dos pedidos via Telegram, veio o aplicativo, depois era utilizado um celular na máquina e, agora, o pedido é feito diretamente em uma maquininha de cartão para que de forma integrada já seja realizado o pagamento.

“Acho que essa parte da melhoria vem muito com o investimento da Topedindo. Tínhamos a projeção de uma ano e meio para conseguir uma máquina final, a gente ia conseguir ter um encapsulamento melhor. Aí a Topedindo veio, achou bacana, e em dois meses estávamos com esse modelo pronto. Em três meses e meio melhoramos o processo de encapsulamento dos insumos que ficou mais profissional do que tinha antes”, destaca Igor.

Nesta última versão, os pedidos de drink são realizados diretamente em uma máquina de cartão – Foto: Lucas Colombo/Portal Litoral Sul

Da ideia, até a concretização e início de um novo negócio, a Bravura passou por diversas iniciativas, hubs e incubadoras. Iniciando na UFSC. A startup, também, participa de diversos eventos.

Neste ano, a Bravura foi uma das 23 em Santa Catarina a receber R$20 mil do Programa Nascer de Pré-Incubação de Ideias Inovadoras para o Ecossistema Catarinense de Inovação – III. Sendo a empresa que ficou em 1º lugar em Araranguá. O Nascer é uma iniciativa da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) em colaboração com o Sebrae/SC.

Foi em um desses eventos, o Startup Weekend, que os sócios da Topedindo conheceram a Bravura e decidiram investir no negócio. “O Topedindo atua na parte de restaurantes e na de eventos. Vimos que dava para fazer esse networking e trabalharmos juntos”, explica um dos sócios do Topedindo, Luís Felipe Cardoso Fabris.

É possível customizar o drink de acordo com o gosto de quem está pedindo – Foto: Lucas Colombo/Portal Litoral Sul

O grande desafio da startup aconteceu no carnaval deste ano com o Bloko Rosa, um dos mais tradicionais de Laguna. Foram mais de oito mil pessoas e a Bravura esteve presente com oito máquinas. “Foram oito máquinas, atendemos o camarote, o backstage e a pista. Toda a caipirinha do evento foi com a Bravura. Foi bom”, destaca Luiz.

A Bravura atua em todos os tipos de eventos. São 33 drinks já programados na máquina. Desde drinks sem álcool e suco, até caipirinhas, negroni, cosmopolitan, entre outros. Todos os insumos utilizados são naturais e separados, sendo assim, a pessoa escolhe se quer um drink mais fraco ou mais forte, com ou sem açúcar, entre outros. No caso das caipirinhas, por exemplo, é utilizado o suco de limão. Ele é coletado, armazenado e deve ser utilizado em no máximo 24 horas, para que o drink tenha o melhor sabor possível. O tempo de preparo de um drink na máquina varia de cinco a dez segundos.

“Temos uma estrutura em Araranguá para o armazenamento e preparo seguindo as regras sanitárias. Temos evento para 1 mil pessoas, por exemplo, vamos levar 400 caipirinhas. Preparamos a tarde para utilizar a noite ou no outro dia de manhã. Durante o evento eles são mantidos em caixas de isopor para serem repostos”, exemplifica Antônio.

“Chega da mesma forma do chope. Da mesma forma que chega o barril de chope, chega a caixa com vodka, com açúcar, com o suco e é tudo separado. Não é tipo um barril de caipirinha de limão. É tudo separado, então a pessoa consegue pedir uma caipirinha de limão sem vodka, por exemplo, que seria o suco de limão”, completa Igor.

Uma nova máquina que posso colocar decoração nos drinks está em desenvolvimento -Foto: Lucas Colombo/Portal Litoral Sul

Agora a Bravura já está desenvolvendo uma nova máquina que além de produzir o drink possa colocar um enfeite no copo, seja uma rodela de fruta ou sementes. Além disso, a ideia é expandir a máquina para restaurantes, por isso, está se buscando uma fórmula para que o próprio local possa preparar os insumos e abastecer a máquina.

“Estamos no momento de quebrar paradigmas. Mostrar que também pode o drink da máquina, que uma máquina consegue fazer a bebida muito bem, muito mais rápido e diminuir esse preço para quem está comprando no final”, finaliza Igor.

Veja como funciona:

Na vanguarda das soluções empresariais

Quando se fala em inovação, a Unesc tem um grande papel no Sul catarinense. Em uma iniciativa inédita, a universidade lançou recentemente o Unesc Connect. Uma forma de aglutinar todas as ações inovadoras dentro dos campus. Desde a Graduação Multi, hubs de inovação, incubadoras até iniciativas que buscam suprir demandas de mercado.

“O Unesc Connect é um hub de inovação que conecta pessoas, oportunidades e soluções. Ele pode ser em um ambiente físico, como ele pode ser no ambiente virtual. Porque entendemos que o mundo é híbrido. Como funciona? pegamos tudo que a universidade já fazia nos últimos 14 anos e dissemos: ‘vamos organizar’. Porque fazemos muito e as vezes as pessoas não sabem como encontrar na universidade as soluções para resolver aquilo que elas buscam, Ali criamos a jornada empreendedora, vários projetos que temos desde o desenvolvimento de lideranças a internacionalização de negócios. Colocamos o estudante e o professor no centro da experiência para poder oferecer soluções para empresas e também para pessoas de diferentes lugares, aflorar muitas ideias”, comenta a pró-reitora de Pesquisa, Pós-Graduação, Inovação e Extensão (Propiex) da Unesc, Gisele Coelho Lopes.

Dentro dessa perspectiva e buscando soluções para as empresas, a universidade lançou o Unesc Solution e o Unesc Labs. Com grandes pesquisadores em diversas áreas do conhecimento e reconhecida nacional e internacionalmente, a universidade, através do Solution, colocou essa expertise a favor das empresas. Um exemplo é a agrotech Procer, que possui um laboratório dentro da Unesc.

“Aquilo que a empresa teria que investir em um setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P & D), ela poderia investir também na universidade. Ter o laboratório dentro da universidade e mais que isso teria ganhos múltiplos tendo condições de qualificar cada vez mais o seu processo de P&D como testagem de produção, temos equipamentos de altíssima tecnologia, laboratórios, mais que isso, pode investir em bolsas de mestrado e doutorado”, destaca Gisele.

Pró-reitora da Unesc, Gisele Coelho, acompanha um pitch de inovação ao lado da reitora, Luciane Ceretta- Foto: Divulgação/Agecom/Unesc

 

Vendo a falta de mão de obra e de retenção de talentos nas empresas, a Unesc lançou o Labs. Uma forma de preparar o acadêmico para a cultura da empresa, antes mesmo de ser contratado. É como se a empresa, ao contratar o serviço, instalasse um laboratório na universidade na busca de talentos que agregam e tragam inovação empresarial.

“Uma queixa grande do setor produtivo é a falta de mão de obra qualificada, porque isso acontece? A universidade, qualquer uma do mundo, não consegue desenvolver pessoas para a cultura específica de cada empresa”, destaca Gisele. “Olhando esse cenário, na pandemia vimos isso e decidimos que estávamos cansados de ficar ouvindo que a universidade não prepara 100% essas pessoas, precisávamos resolver isso e surgiu o Unesc Labs, um laboratório de formações de pessoas para a cultura e serviços da empresa. Hoje temos seis laboratórios na universidade, onde em cada um cinco estudantes, acompanhados de um professor, são aculturados na empresa”, completa.

Através do Labs, mais de 20 acadêmicos já foram contratados por empresas da região. Mais do que se aculturar na empresa, a proposta da Unesc é que esses acadêmicos busquem a inovação nos postos de trabalho.

“O professor prepara esses estudantes para resolver esses problemas da empresa, claro, algo não complexo. Resolve esse problema é feito a entrega para a empresa, aprova ou não e devolve para o Labs. O professor percebe se algum deles já está pronto e a empresa contrata”, exemplifica a pró-reitora.

Tanto o Solution, quanto o Labs são soluções da Unesc que necessitam da contratação pela empresa interessada. Além dos hubs, incubadora e iniciativas para fomentar as startups, a Unesc promove grupos de discussão voltados para a inovação em diversos setores da economia como comida, serviços, agropecuária, entre outros.

“Unesc foi inovadora, criou um modelo pedagógico que faz o estudante aprender mais se preparando para o mercado de trabalho. Se tem uma dor lá fora, como fazer para me conectar? A educação tem um lugar não de mercado, mas de transformação”, ressalta Gisele. “A universidade tem essa função de preparar mentes que possam enxergar oportunidades e a partir dessas oportunidades elas proporem soluções que transformem a realidade em diferentes lugares onde elas atuam”, completa.

A transformação dos negócios e pandemia

Com as restrições sanitárias ocorridas entre 2020 e 2021 devido a pandemia da Covid-19, todas as empresas tiveram que se reinventar. Especialmente os pequenos negócios. Dentro desse aspecto, a transformação digital ganhou uma grande proporção.

Ferramentas de e-commerce, aplicativos de delivery e a utilização de canais digitais para vendas se tornaram algo esperado e, até, obrigatório para os clientes. Dentro desse aspecto, o pequeno comerciante teve que adotar a venda digital. Seja por mídias sociais, por aplicativos de mensagens ou e-commerce. Transformação que segue.

Segundo a pesquisa de Tendências dos Pequenos Negócios Catarinenses do Observatório de Negócios e Sebrae/SC, neste 1º semestre de 2023, 87,7% usam o Instagram como forma de publicidade e venda dos produtos, 69,6% utilizam o Whatsapp e 61% usam o Facebook, 24,4% utilizam site ou e-commerce e 8% usam market place em Santa Catarina. Neste sentido, 13,6% dos pequenos negócios utilizam apenas um canal digital.

Dentro dessa perspectiva, em grande parte das empresas o processo adotado durante a pandemia seguiu após o término das restrições sanitárias. Uma pesquisa realizada pelo Sebrae Nacional e FGV em 2021 concluiu que, no geral, 55% dos pequenos negócios tiveram mudanças devido a pandemia, 31% seguiram como antes, 9% tiveram o funcionamento interrompido temporariamente e 5% fecharam as portas.

Pesquisa Sebrae e FGV – 2021

Além disso, a pesquisa identificou o grande crescimento da utilização dos canais digitais pelas empresas durante a pandemia. Em maio de 2020 esse número era de 59%. Já em novembro de 2021 esse número subiu para 74%. Destes canais, o mais utilizado, no geral, é o Whatsapp com 84%, seguido pelo Instagram com 51% e o Facebook com 42%.

“O que acontece é que as empresas hoje não são mais físicas ou digitais. Elas são ao mesmo tempo físicas e digitais. Então as fronteiras para a realização de negócios simplesmente acabaram. Isso é um desafio, especialmente para as empresas de pequeno porte, as micro e pequenas empresas. E quanto menor, maior o desafio”, comenta o gerente de Inovação e Startups do Sebrae/SC, Marcus Rocha.

Por isso, as empresas precisam ser muito inteligentes ao passo que, apesar do aumento das oportunidades, existe, também, o aumento da concorrência. “Essas empresas precisam ser muito inteligentes e talvez se reestruturem totalmente para fazer a transformação digital e a transformação digital, não é só ‘Vou fechar minha loja presencial para agora só vender na internet’. É você digitalizar seus processos, suas estruturas organizacionais precisam estar orientadas para as tecnologias digitais sempre pensando na experiência do cliente. Então hoje, a parte boa desse fenômeno é que uma empresa pequena pode vender para o mundo inteiro da mesma forma que uma empresa gigante. Para isso basta fazer bom uso das tecnologias da informação e da comunicação que estão disponíveis”, exemplifica Marcus.

Pesquisa Sebrae e FGV – 2021

Diante deste cenário altamente competitivo, a inovação surge como uma forma de as empresas se diferenciarem e terem uma vantagem no mercado. “As oportunidades de escalabilidade de negócio sim estão aumentadas, ao mesmo tempo a concorrência também aumentou. Quem vai ganhar esse jogo? Quem inovar mais, quem desenvolver inovações, elementos, sejam de processos de marketing, ou outros fatores, que sejam inéditos ou significativamente melhores do que a média, do que a concorrência faz. Para isso tem que pesquisar o mundo”, projeta Marcus.

Esse é o grande desafio, ainda mais com o surgimento de novas ferramentas como as inteligências artificiais. “Empreendedores e empresários têm que tirar um tempo para estudar o mercado, estudar novas tecnologias, e verificar como incorporar tudo isso no seu negócio de uma maneira inovadora. Ou seja, que não seja o mesmo que todo mundo faz, mas que seja significativamente melhor do que todo mundo faz. Esse é o desafio dos empreendedores de hoje, especialmente em mercados altamente competitivos como o varejo”, finaliza Marcus.

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