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Jovem resgata valor do trabalho manual e aposta no bordado como fonte de renda

Fernanda Pacheco Sabino, de 28 anos, largou o emprego fixo e transformou o que era um passatempo em negócio

O talento para o bordado herdado da avó materna, era um hobby para a contadora Fernanda Pacheco Sabino, de 28 anos. A jovem sempre teve o sonho de trabalhar com arte e largou uma vida financeira estável para mergulhar de cabeça no próprio negócio. Hoje, ela é proprietária da Jurema Bordados, uma pequena empresa especializada em peças exclusivas bordadas a mão. 

Formada em Ciências Contábeis, Fernanda exerceu muito bem a profissão por um bom tempo, mas os números nunca foram o forte dela. Durante sete anos, ela trabalhou em uma empresa de fomento mercantil, em Criciúma. Apesar do crescimento profissional, a sensação sempre foi de que aquele não era o lugar dela.  “A empresa era muito boa para trabalhar e o salário era legal, mas eu sabia que ali não era o meu lugar. Por muito tempo tentei me encaixar, mas acabava sempre me frustrando. Como precisava do emprego, fui ficando”, conta Fernanda. 

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Com a pandemia da Covid-19, em março de 2020, a empresa precisou fechar por causa do lockdown, assim Fernanda começou a trabalhar em home office. Com o serviço reduzido e mais tempo sobrando, ela começou a fazer alguns bordados com o que tinha em casa. “Comecei a bordar para me distrair e ter contato com essa parte mais artística. Tinha uns retalhos de tecido, algumas linhas de costura em casa. E com o passar do tempo fui gostando cada dia mais do bordado”.

Foto: Caroline Sartori/Portal Litoral Sul

Fernanda decide apostar e surge a Jurema Bordados

Fernanda percebeu que tinha talento e que podia ganhar uma graninha extra com o passatempo. O primeiro passo foi criar um perfil profissional numa rede social para divulgar o trabalho e receber encomendas. O negócio começou tímido, mas a jovem já fazia planos para o futuro. 

Contudo, faltava um detalhe importante, o nome da empresa. “Mostrei os bordados para minha mãe e ela falou: “a tua nona fazia esse tipo de bordado”. Quando era mais novinha aprendi muitas coisas com ela [a avó], até tricô, mas nem sabia que ela bordava. Então decidi fazer uma homenagem e coloquei o nome dela na empresa.  Foi assim que surgiu a Jurema Bordados”, conta.

Foto: Caroline Sartori/Portal Litoral Sul

Com o perfil no Instagram, Fernanda começou a divulgar o trabalho e ali mesmo recebia as encomendas. No início ela confessa que era mais a família que fazia pedidos. “Recebia as encomendas e fazia nas horas vagas, pois ainda tinha o meu emprego fixo”, frisa.

O primeiro cliente

O apoio inicial veio da família, em forma de incentivos e encomendas. Mas o primeiro cliente de Fernanda, chegou até ela pelo perfil no Instagram. Esse foi o marco para que o passatempo virasse fonte de renda.  

“Quando recebi minha primeira encomenda fiquei emocionada. E era uma coisa bem específica,  um leque, nunca vou esquecer desse momento. Ali vi que dava para me manter com  a venda das peças, ou ao menos como uma segunda fonte de renda.”, lembra emocionada. 

“Larguei tudo”

Fernanda começou a anunciar em um site de vendas online e os pedidos foram aparecendo.  O emprego fixo na empresa de fomento mercantil  tomava praticamente todo o tempo, então ela percebeu que era o momento de mergulhar de cabeça no projeto e realizar o sonho de empreender. 

“Em junho de 2021 decidi então que não dava mais, pensei: quero sair. Os representantes da empresa perguntaram se tinha recebido outras propostas, mas eu queria mesmo era trabalhar com os meus bordados”.

Com isso, Fernanda se programou financeiramente e  investiu tempo e dinheiro na Jurema Bordados. Como todo início, a agora pequena empreendedora,  enfrentou algumas dificuldades.  O caminho estava traçado, agora era trabalhar muito para alcançar o objetivo.

Apoio da família e amigos

Depois de pedir para sair do emprego, era hora de contar para a família sobre a decisão. Alguns aceitaram, ficaram felizes, mas teve também quem não aprovou a mudança.

Luciana De Bem é amiga de Fernanda há 15 anos e também vive de arte. Ela faz ilustração em aquarela. Quando soube da decisão da amiga, ficou muito feliz e deu todo o apoio necessário.

“A Fernanda sempre teve o lado artístico muito apurado. A transição dela de um trabalho onde era tudo mais automático para o bordado, acendeu nela a luzinha que estava escondida. Ela se expressa muito bem também com as palavras, sempre atenta aos detalhes sabe trazer e entregar poesia para quem está por perto”, conta a amiga.

Oficinas 

O ano de 2022 surgiu com um novo desafio para Fernanda: ensinar. Em fevereiro, a jovem ministrou uma oficina de bordados na Fundação Cultural de Criciúma (FCC). O curso faz parte do Edital Cultura Criciúma 2021, com valor proveniente do Fundo Municipal de Cultura.

Já neste mês de março, novas oportunidades, ministrar oficinas nos municípios de Araranguá, Criciúma, Laguna, Nova Veneza e Praia Grande. Projeto selecionado pelo Edital Aldir Blanc 2021 – executado com recursos do Governo Federal e Lei Aldir Blanc de Emergência Cultural, por meio da Fundação Catarinense da Cultura. 

A ideia de se inscrever nos editais surgiu através de uma amiga, que ministra aulas de circo. Fernanda ajudou a colega a desenvolver um projeto e então decidiu inscrever a Jurema Bordados. 

“Era uma oportunidade de, além de ganhar dinheiro, treinar as aulas. Então decidi tentar. Fiz o projeto e deu certo. Quando aprovou, fiquei muito feliz. Ainda estava bem insegura, mas mesmo assim fiquei muito animada e feliz”, conta Fernanda. 

A reviravolta de Fernanda foi um ato de ousadia e coragem. A incerteza e o medo de fracassar existem na hora de montar o próprio negócio. O importante é acreditar que com esforço e dedicação as dificuldades podem ser superadas e os sonhos viram realidade.

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