“Já estou quase fechando”, diz dona de empresa, vítima de onda de furto de fios

 

Os comerciantes de Criciúma estão sofrendo e tendo muitos prejuízos com a onda de furto de fios que vem acontecendo nos últimos meses. Depois que fecham as empresas, os estabelecimentos viram alvos de criminosos. Após o expediente, o que era para ser um momento de descanso, se transformou em medo e preocupação. “Já estou quase fechando a empresa”, diz Marlei Pinheiro, proprietária de uma estamparia no bairro Jardim Maristela que já foi alvo dos criminosos cinco vezes em menos de 30 dias.

Com o estabelecimento funcionando há 12 anos, a empresária relata que as noites de sono se transformaram em noites em claro, preocupada com a segurança do estabelecimento. No início do mês, os olhos ficavam atentos a todo momento nas imagens das câmeras de segurança. O intuito era monitorar alguma possível movimentação estranha no local. Agora, nem isso é possível. Com um dos furtos de fios, os aparelhos de monitoramento da empresa queimaram. 

“Neste mês já tivemos os fios furtados quatro vezes e uma tentativa. O último furto foi nesse sábado, foi o pior pois quebraram tudo. Sem contar que na madrugada de segunda também tentaram, mas não conseguiram levar nada. Nem estou dormindo mais, estou estressada”, lamenta Marlei.

A vítima conta que nesta última tentativa, a Celesc foi acionada para restabelecer os fios do poste e relatou que os criminosos poderiam ter provocado um curto-circuito e assim, um incêndio no imóvel.

Somente de fios, a empresa já teve um prejuízo estimado de R$ 20 mil. Sem contar os dias que o estabelecimento ficou fechado, pois não tinha energia para trabalhar. Vários equipamentos já queimaram como o sistema de segurança e o aparelho telefônico. Durante as ações, os criminosos também aproveitam e furtam outros itens. “Já levaram até a parte de fora do ar condicionado. Estou trabalhando para o ladrão”, disse Marlei.

Crimes ocorrem em vários bairros

As ações dos criminosos estão acontecendo em diversos bairros de Criciúma. Na região central, os comerciantes também reclamam dos furtos. Uma hamburgueria localizada na rua Joaquim Nabuco, foi invadida, e teve os fios de energia elétrica furtados deixando um prejuízo estimado de R$ 10 mil.

Os criminosos entraram na empresa pelos fundos, cortaram os fios da parte interna e do poste de energia. Até os fios de cobre das instalações de ar condicionado foram furtados. Com isso, o estabelecimento ficou sem energia elétrica e não conseguiu abrir em um domingo, um dos dias mais movimentados na hamburgueria.

“Não tivemos mais prejuízos pois a empresa de segurança privada percebeu que estávamos sem energia elétrica e entrou em contato. Quando chegamos aqui verificamos o furto e conseguimos pegar energia com um vizinho. Assim, não estragou os alimentos que estavam armazenados nas geladeiras”, relatou o gerente da hamburgueria, Murilo Bourdon.

Ações da Polícia Militar 

Somente neste ano, a Celesc informou que cerca de 900 quilos de fios foram furtados em Criciúma. Além das rondas ostensivas e atendimento de ocorrências, a Polícia Militar (PM) tem atuado diretamente nos locais de receptação, que são os compradores dos fios furtados. 

“Nosso objetivo é atuar diretamente com os receptadores. Pois se não tiver quem compre os fios furtados, consequentemente diminuirá os furtos. Já logramos êxito em várias operações realizadas em Criciúma e seguimos fiscalizando esses locais”, explicou o comandante do 9º Batalhão da Polícia Militar de Criciúma, tenente-coronel Sandi Sartor.

As ações de fiscalização são realizadas principalmente em ferros-velhos e locais de compra e venda de sucata em áreas de risco criminal. A PM busca por fios furtados e outros objetos de receptação.

Ajuda da população 

A Celesc reforça que a colaboração dos consumidores no combate à prática dos furtos é importante e pode ser feita por meio de denúncias. Em caso de furto, é necessário contatar imediatamente a Polícia Militar pelo número 191 e a Celesc pelo 08000 048 0196, além de registrar um boletim de ocorrência junto à Polícia Civil.

Após o registro do consumidor, a Celesc faz a reposição dos cabos de condução de energia elétrica. Caso a fiação furtada não seja de propriedade da companhia, as equipes orientam os consumidores para que a reposição seja feita por um profissional habilitado para evitar acidentes com a energia elétrica.

A Celesc atua em fiscalizações conjuntas com outras instituições para tentar coibir a prática de furto de condutores elétricos.