Criar um futuro compartilhado num mundo fraturado foi o tema oficial do Fórum Econômico Mundial de 2018. Como consequência desta questão abre-se uma discussão sobre como desenvolver e preparar as pessoas para viver entre as mudanças disruptivas. De acordo com pesquisa nacional, realizada pela Confederação Nacional da Indústria – CNI sobre emprego de tecnologias digitais ligadas à manufatura avançada, a indústria brasileira ainda é considerada tímida no tocante à digitalização e seus impactos sobre a competitividade. Quais os entraves para a indústria comprometer-se com a quarta revolução industrial, em que o homem torna-se cocriador com as máquinas e não se limita mais a apenas operá-las?
A evolução para a Indústria 4.0 depende, dentre outras variáveis, de pessoas capacitadas para ocupar vagas que exigem alto conhecimento sobre automação, robótica, programação, indústria avançada, internet das coisas, big data e afins, além de um sólido conjunto de competências socioemocionais.
No Brasil existe um descompasso entre o modelo pedagógico escolar atual e as exigências do novo mundo do trabalho. Que competências crianças e jovens precisarão deter para serem bem-sucedidos em suas funções nesse ambiente tecnológico?
A favor da necessidade de mudanças têm surgido propostas valorosas de educação e de aprendizagem, além da criação de Fab Labs com suas ferramentas tecnológicas para fabricação de objetos. São espaços pedagogicamente equipados, onde o estudante é o protagonista no uso e na criação da tecnologia associada ao conhecimento.
Uma dessas propostas é a do Sesi de Santa Catarina que, na vanguarda, atua em seus Espaços de Educação Maker, em que estudantes de 7 a 17 anos desenvolvem competências linguísticas, matemáticas, científicas e tecnológicas, a partir da experimentação, ou seja, da prática. Assim, passam a compreender mais facilmente os conceitos científicos teorizados pelo ensino disciplinar tradicional.
Eles são incentivados ao desenvolvimento de competências socioemocionais, como iniciativa, colaboração, negociação, pensamento crítico, resolução de problemas complexos, dentre outros, em meio à tecnologia de ponta, como impressoras 3D, cortadoras a laser, cortadoras de vinil, drones e placas eletrônicas. Isso suscita o desejo de aprender novas técnicas, conhecer novos materiais e processos. Os estudantes passam de consumidores a produtores de tecnologia, de alunos passivos a pensantes e ativos, na execução de seus projetos, relacionando o ato de pensar ao de fazer.
Estarão, assim, melhor preparados para lidar com as mudanças disruptivas do mundo contemporâneo e para uma vida profissional em que enfrentarão com segurança as novas oportunidades, prontos para os desafios da Indústria 4.0.
Presidente da Fiesc, Glauco José Côrte