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Dra. Tânia Lorenzoni se despede dos atendimentos ambulatoriais do Hospital São José

Foram mais de 40 anos de atendimentos aos pacientes da Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) do Hospital São José de Criciúma. Uma trajetória construída, vivenciada e cheia de histórias, momentos bons e ruins compartilhados com familiares e pacientes. Um período que reuniu muito aprendizado, grandes emoções e conhecimento. Os quase 41 anos de atendimentos ambulatoriais da Dra. Tânia Maria Correa Lorenzoni no serviço de oncologia da instituição foram encerrados na última semana, mas ficaram as lembranças e a gratidão por todo este período à frente da Unacon.

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“Foi uma decisão muito pensada e amadurecida ao longo do tempo. Continuarei pertencendo ao corpo clínico do HSJosé, porém sairei dos atendimentos do serviço ambulatorial da Unacon. Acho que chegou o momento. Essa pandemia me deixou apreensiva e achei que era o momento certo”, explica a médica.

Como forma de agradecimento pelos anos de dedicação ao hospital, uma placa comemorativa foi entregue à médica na quinta-feira, dia 28, data da despedida da profissional dos atendimentos ambulatoriais da Unacon.

Médica foi homenageada pela direção do hospital

Formada em 1976 em Medicina, a médica permaneceu por dois anos no Rio de Janeiro fazendo especialização no Instituto Nacional do Câncer, depois fiquei mais seis meses nos Estados Unidos para um estágio. “Em meados de 1979 cheguei a Criciúma e graças a um convite da Irmã Miriam Della Giustina, que foi diretora do hospital, comecei os atendimentos aqui. Quando comecei era somente um consultório muito pequeno. Nós só tínhamos a quimioterapia e os pacientes iam para Florianópolis se precisassem fazer a radioterapia. Foi um período bem difícil, mas que chegou ao fim quando começamos a ter aqui no Hospital São José, ainda na década de 1980, toda essa estrutura necessária para o tratamento completo de um paciente com câncer. Foi uma grande conquista e um grande aprendizado acompanhar toda essa evolução. Para mim foi uma experiência única, um crescimento profissional e humano sem igual”, ressalta dra. Tânia.

Ligação forte com os pacientes

Ao longo desses mais de 40 anos de atendimentos, foram incontáveis os pacientes que passaram pelas mãos da profissional. “Tenho tantas histórias aqui no HSJosé! Foi um tempo muito bom, por isso demorei muito a decidir que sairia. Tanto que as pessoas até duvidavam que era verdade”, explica. “É interessante que quando eu cheguei aqui, se falava muito pouco sobre câncer, até hoje ainda é um pouco assim, mas se fala mais do que antigamente. Hoje é possível discutir com o paciente as possibilidades e formas de tratamento e antes isso não existia. Era um grande tabu. Só para se ter uma ideia, as famílias pediam que não dissesse o meu nome para o paciente, pois ser tratado pela Dr. Tania era algo ‘ruim’, era sinal que a pessoa tinha câncer. Algumas vezes eu colocava no jaleco um esparadrapo para tapar o nome. Quando o paciente perguntava como me chamava eu dizia que era Maria, já que meu nome é Tânia Maria, mas no fim não dava muito certo porque sempre vinha alguém e chamava de Dra. Tânia, aí eles logo descobriam. No começo ninguém queria ser meu paciente”, complementa sorrindo.

Ao longo do tempo, esta relação foi mudando e hoje o que permanece é a gratidão. “A gente acaba criando um vínculo muito forte com todas as famílias dos pacientes. Eu ganhava muita lembrança, presentes, desde frangos, farinha de mandioca, entre tantas outras coisas. Um carinho que sempre me fez muito bem. Era uma forma de retribuir o atendimento que estávamos dando. É engraçado que depois de todo o período de tratamento e de acompanhamento da doença, os pacientes têm dificuldade de sair daqui e eu tenho mais dificuldade ainda de liberá-los. Exatamente por isso, pelo vínculo que criamos. Tem pacientes que chegam hoje para mim e dizem que eu já tratei do avô, por exemplo. É uma grande relação de confiança e tenho certeza que foi uma etapa muito importante da minha vida. Saio com o coração tranquilo, apesar do choro na despedida com cada paciente, mas tenho certeza que este é o momento certo. Nenhum paciente ficará desassistido e serão encaminhados para profissionais extremamente competentes que darão continuidade aos tratamentos. Tenho um carinho muito grande pelo Hospital São José e as experiências vividas que nunca vou esquecer”, enaltece dra. Tânia.

Para a diretora do HSJosé, Irmã Isolene Lofi, a trajetória de dra. Tânia na instituição, só reforça o profissionalismo e a dedicação dela com o trabalho. “Foram mais de 40 anos de muito amor entregue aos pacientes e ao HSJosé. Nosso sentimento hoje é de gratidão por todo o empenho, humanidade e carinho com que esta trajetória foi escrita”, afirma a diretora.

 

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