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Design: Mobiliário solto será (ou já é) uma tendência?

Nosso dia a dia está cada vez mais dinâmico e globalizado. Possibilidades de trabalho, relações a distância e deslocamentos dão novos aspectos as nossas vidas e na maneira que as conduzimos. Estávamos em nosso ápice até que em 2020 a pandemia global nos obrigou a frear e direcionar nossos olhares para o espaço que passaríamos todas as horas do dia: nossa casa. Mas, ficar em casa não era mais um descanso ou férias, mas toda a dinâmica do dia a dia veio à tiracolo e ainda trouxe novos hábitos de higienização que para muitas famílias era uma novidade. E nossa casa foi pensada pra isso?

Em 2018 estive em Londres e pude visitar uma amiga que mora na cidade há algum tempo. Logo que cheguei, percebi o apartamento estilo loft que ela morava e comentamos sobre como era a dinâmica do morar lá no Reino Unido. Eis que ela me diz assim: “Aqui as pessoas não investem em nada planejado ou sob medida, isso já pertence ao apartamento. Como aqui a maioria aluga, as mudanças se resumem a roupas, itens pessoais e móveis soltos”.

Logo que a dinâmica da pandemia se estabeleceu e começaram a surgir as demandas de projetos para adequação de hall de entrada e de espaços para home office começaram a liderar as temáticas de projeto, imediatamente me lembrei dessa visita e pensei: os espaços organizados com mobília solta podem ser adequados mais facilmente para novas realidades. Além disso, de acordo com a Abecip[1] (2023), no ano de 2023 o número de apartamentos alugados atingiu um quinto do total de moradias no nosso país.

Pensar o espaço da casa com peças soltas promete ser uma tendência forte por permitir o dinamismo e flexibilidade que nossa vida exige e ainda fomenta a indústria moveleira e o design de mobiliário. Na nossa região os planejados e as marcenarias ainda estão bastante em alta, mas de uns cinco anos pra cá é possível perceber uma redução de projetos que abusavam dos embutidos para projetos que mesclam o planejamento sob medida e o mobiliário de design.

Nas principais mostras de arquitetura e design do Brasil e do mundo, o uso de peças soltas tem se destacado cada vez mais, criando ambientes fluídos que permitem mudanças e adequações quando necessário, conforme as atividades que ali serão desenvolvidas.

Vale lembrar também que, ao escolher essas peças, é importante contar com o auxílio de um profissional de arquitetura ou de design de interiores que é capacitado para adequar funcionalidade, estética, conforto e durabilidade numa mesma especificação. Lembre-se que tudo isso vai influenciar também no manuseio e deslocamento dessas peças em caso de mudança e, por isso, a qualidade deve ser um dos fatores decisivos na hora de comprar seus móveis. Além do preço, é claro.

[1] https://www.abecip.org.br/imprensa/noticias/casa-propria-perde-espaco-no-brasil-aluguel-ja-reponde-por-um-quinto-das-moradias-no-pais-o-globo#:~:text=A%20quantidade%20de%20domic%C3%ADlios%20pr%C3%B3prios,%25%20para%2021%2C1%25.

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Rodrigo Fabre Feltrin é arquiteto, professor e pesquisador nas áreas de arquitetura, história, design, patrimônio histórico e cultura geral. Atualmente, cursa doutorado em Desenvolvimento Socioeconômico

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