Uma criança brasileira de dois anos desapareceu no rio Grande, na divisa entre os Estados Unidos e o México. A mãe, uma haitiana, foi detida na segunda-feira (1º) pela patrulha de fronteira americana logo após atravessar o rio e disse que sua filha tinha se perdido enquanto ela atravessava o rio.
Agentes fizeram buscas pela criança ao longo da noite e do dia seguinte, com a ajuda de mergulhadores, de um submergível operado remotamente e de barcos dos EUA e do México.
“Toda vez que uma criança se perde é um evento trágico”, disse o chefe do setor de patrulha de Del Rio, Raul L. Ortiz, segundo um comunicado da agência de alfândega e proteção de fronteiras dos EUA (CBP). “Não consigo imaginar a angústia que os pais dessa jovem menina devem estar sentindo e espero que nossos esforços de busca tenham um resultado positivo.”
O rio Grande, muito utilizado para a travessia de imigrantes sem documentos que querem entrar nos Estados Unidos, é o mesmo onde foi tirada a foto que repercutiu mundialmente de um pai salvadorenho com sua filha de dois anos afogados.
Em comparação a países da América Central, a imigração brasileira aos EUA não é tão significativa, mas está entre as sete maiores nacionalidades de imigrantes apreendidos na fronteira, segundo Jeanne Batalova, pesquisadora do Migration Policy Institute, em Washington.
Reportagem desta quarta-feira do jornal Folha de S.Paulo mostra que o número de brasileiros que chegam aos EUA pela fronteira com o México pelo chamado “cai, cai”, ou seja, entregando-se aos guardas e pedindo asilo, aumenta desde o início do ano.
Os procedimentos de deportação abertos nas cortes de imigração americanas envolvendo cidadãos brasileiros já somam 3.429 casos de outubro de 2018 a maio de 2019, e o número deve aumentar até o fim do ano fiscal em vigência, em setembro.
Os índices dos anos fiscais de 2019, até agora, e 2018 (4.890 procedimentos) estão muito abaixo do de 2005, ano fiscal de maior imigração brasileira aos EUA: 28.135. Após esse período, no entanto, houve redução das deportações para menos de mil casos em 2014.
A polícia da fronteira do sul dos EUA apreendeu 227.073 cidadãos da América Central no ano fiscal 2018 e 1.504 brasileiros.
Muitos brasileiros vêm com seus filhos, pois recebem recomendações de que assim ficarão menos tempo em detenções temporárias e poderão aguardar a decisão sobre seus casos em liberdade.
Alguns ficam poucos dias nesses locais, lotados e com condições precárias de higiene. Outros são enviados para centros de processamento de famílias. Quando imigrantes trazem crianças que não são seus filhos, elas são enviadas para abrigos como menores desacompanhados.