Complicações por inalação de fumaça acende sinal de alerta em moradores
Os moradores do bairro Colonial, em Criciúma, estão preocupados por estarem inalando um o cheiro forte de enxofre
Os moradores do bairro Colonial, em Criciúma, estão preocupados por estarem inalando um o cheiro forte de enxofre. O odor vem de uma fumaça, provocado pela queima de rejeito de minério embaixo da terra.
Essa fumaça iniciou após um morador da Rua Lúcia Jerônimo Adão colocar fogo em madeiras no terreno, o que provocou desencadeou uma reação química abaixo da superfície do solo, onde tem uma camada de pirita. Esse caso iniciou há aproximadamente dois meses. A Defesa Civil atuou, mas a fumaça voltou a aparecer.
Mas o que vem preocupando é o fato de os moradores estarem há cerca de 60 dias inalando Gás Sulfídrico, que tem o cheiro semelhante a ovo podre e pode ser prejudicial a saúde.
Shauane Oliveira mora próximo ao local da fumaça e relata que o cheiro está insuportável. A moradora tem uma criança de um ano e já pensou em deixar a casa devido ao odor. “Mesmo fechando as janelas de casa, sentimos falta de ar e dificuldade para respirar. Já pensei em ir embora daqui, mas não temos como. É só começar a fumaça que a gente sente dor de cabeça. Estamos bem preocupados”, desabafa.
O médico pneumologista Renato Matos afirma que a inalação da fumaça pode prejudicar a saúde, principalmente para quem já tem algum problema respiratório. “Qualquer odor forte de pirita pode irritar a vias respiratórias de qualquer pessoa, principalmente para quem já tem alguma doença como asma e doença pulmonar crônica. São pessoas que tem risco de entrar em crise caso fique inalando essa substância por muito tempo”, explica o médico.
Segundo Matos, crianças pequenas e idosos também devem tomar maior cuidado, pois estão mais vulneráveis. Adultos ou pessoas que não têm doenças, também podem apresentar algum sintoma
“Estamos vivendo uma época de muitas viroses respiratórias. A inalação da fumaça para as crianças pode inflamar a via respiratória e virar uma bronquite ou traqueobronquite. Os primeiros sintomas podem ser tosse, crise de falta de ar, chiado no peito”, ressalta Matos.
Entenda como pode acontecer acidentes com pirita
Segundo o doutor em Engenharia Mineral e professor da Unesc, Carlyle Torres Bezerra de Menezes, a queima da pirita -rejeito de minério- pode ocorrer de várias formas. Dentre elas o contato com oxigênio ou água são os mais comuns.
“Em contato com esses elementos inicia uma reação química. Chega a pegar fogo em volta do que tiver, pois entra em combustão. Não que a pirita pega fogo, acontece uma reação química”, explica Carlyle.
Essa fumaça que os moradores inalam é Gás Sulfídrico, ou Gás de Enxofre, que tem cheiro semelhante ao de “ovo podre”. Para conter a queima, o professor explica que não se deve jogar água no local. “Se jogar água é o mesmo que jogar lenha na fogueira. Para recuperar esse rejeito deve-se raspar aquela área, realizar uma cava e compactar com argila e calcário para amenizar a situação”, frisa.
Muitos bairros de Criciúma ainda contam com pirita, que era depositado pelas mineradoras, nos terrenos. O objetivo da Ação Civil Pública (ACP) do Carvão é evitar que ocorra acidentes com o rejeito de minério, como o que está acontecendo no bairro Colonial. A recuperação das áreas degradadas é essencial para os moradores.
Em alguns bairros, o que possivelmente pode ter acontecido no Colonial, o crescimento desenfreado de imóveis em cima da pirita impediu a recuperação do solo daquele local. Áreas que ficam vulneráveis a esse tipo de acontecimento.
“Hoje, com a condenação das empresas, fica registrado na própria escritura que a pessoa não pode construir no local. Essas residências mais antigas possivelmente foram construídas antes da ação”, comenta Carlyle.
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