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Cientistas descobrem novo planeta em “zona habitável”

Apesar de indicativos para a possibilidade de vida, chances são pequenas; descoberta foi feita usando um “telescópio caçador de planetas”

A cada novo avanço da tecnologia é possível expandir os conhecimentos sobre o universo e o que há na Via Láctea – galáxia onde a Terra está localizada. Nesta quarta-feira, dia 9, mais um marco na exploração espacial foi divulgado por pesquisadores do Observatório Europeu do Sul (ESO – European Southern Observatory). Informações divulgadas de uma sede no Chile anunciaram a descoberta de um planeta em “zona habitável”, o terceiro ao redor de Proxima Centauri – estrela anã mais próxima do sistema solar e que tem um oitavo da massa do sol.

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Ainda há muito a se estudar sobre o novo membro da Via Láctea, mas o professor de Física do Instituto Federal de Santa Catarina, mestre Orlando Gonnelli Netto, já adianta que há relevância na descoberta. “Primeiro, ele foi descoberto ao redor da estrela mais próxima do nosso sistema solar. Esse é o segundo astro mais próximo da Terra, depois do Sol. E o planeta orbita a estrela em uma região chamada de ‘zona habitável’, um espaço que favorece o aparecimento de água líquida na superfície. É o que permite o surgimento da vida como a conhecemos”, explica.

O primeiro questionamento após uma nova descoberta desta magnitude é se ali pode haver vida. Apesar dos indicativos para agora ou no futuro, Netto faz ressalvas e destaca que as possibilidades são pequenas ou nulas. “Estar na ‘zona habitável’ pode indicar água líquida na superfície. Porém não é o único fator para a presença de vida. Muito mais precisa ser analisado. Como ele dá uma volta ao redor da estrela a cada 4 dias terrestres, acredita-se que é quente ao extremo”, acrescenta.

Onde está o planeta e sua “zona habitável”?

Proxima D está “apenas” a quatro milhões de quilômetros da Proxima Centauri, um décimo da distância entre Mercúrio e o Sol. “Estar localizado numa ‘zona habitável’ é pura sorte, é um processo aleatório. É diferente para cada estrela, pois depende da sua massa, raio, temperatura e estabilidade. Por exemplo, a ‘zona habitável’ do Sol é uma região ao seu redor que, por acaso, é onde encontra-se o Planeta Terra, a cerca de 150 milhões de quilômetros de distância. Como a estrela Próxima Centauri é pequena, menor que o Sol, sua influência está em uma região menor”, pontua o professor.

Com um quarto da massa da Terra, D é o mais leve de seu sistema. A descoberta foi publicada na revista científica “Astronomy & Astrophysics” em artigo de cientistas portugueses, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.

Telescópio caçador de planetas

A tecnologia usada pela equipe de cientistas se chama ESPRESSO (Echelle SPectrograph for Rocky Exoplanets and Stable Spectroscopic Observations). Conforme o físico e professor dos colégios Unesc e Marista, Adriano Paulo da Silva, o equipamento de grande proporção é um dos mais modernos em uso e é conhecido como “caçador de planetas”, com capacidade de atuar em ultra alta resolução. “A complexidade doinstrumento requer um cuidado imenso, sendo de uma precisão única e com um trabalho termodinâmico elevado”, destaca.

Em uso, o equipamento direciona a luz na órbita de um planeta para ser captada pelas lentes e espelhos. Por meio de cabos de fibra óptica, o Echelle SPectrograph faz uma leitura das ondas que chegam em alta velocidade, com o objetivo de detectar evidências se o planeta pode ser habitável ou não. “Na prática é muito mais complicado e impressiona. Chamamos ele de Espectrógrafo de Alta Resolução. O ESPRESSO mede variações de potencial de ondas, por meio de alterações da luz da cor vermelha para azul. Sua constituição é feita por diversos telescópios montados em uma grande bancada, em um sistema de prismas, espelhos e lentes”, explica.

A tendência, segundo o físico, é que em um futuro breve equipamentos como o ESPRESSO esteja à disposição da ciência proporcionando mais surpresas no desbravamento do universo.

Estudo em planeta vizinho despertou os primeiros indícios 

 Este é o terceiro planeta descoberto orbitando Próxima Centauri. A descoberta aconteceu durante estudos do Proxima B, que completa uma volta ao redor de sua estrela a cada 11 dias. Ao observá-lo, os pesquisadores perceberam dados vindos de outra direção. Foi necessário então traçar uma análise de velocidade radial, que detecta pequenas oscilações na movimentação da estrela. Estas são causadas pela atração gravitacional dos planetas ao seu redor. Com uma observação mais detalhada, pelo sinal mais fraco emitido pelo Proxima D, confirmaram as suspeitas. 

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