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Ato de protesto contra o racismo reúne movimentos sociais no Centro de Criciúma

Um grande número de pessoas esteve na manhã deste sábado, 17, na Praça Nereu Ramos, para participar da mobilização

Com gritos de guerra e discursos, militantes de diversos movimentos sociais  junto a população se reuniram na manhã deste sábado, 17, na Praça Nereu Ramos, no Centro de Criciúma, para um ato de protesto contra o racismo. Conforme Iara Odila Nunes Costa, representante do Movimento Negro, Entidade Negra Bastiana e do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Criciúma (Compirc), o protesto foi motivado pela repercussão de uma abordagem policial a um homem negro na área central da cidade na última quinta-feira, 16. Um vídeo repercutiu via redes sociais e diversos internautas criticaram a atitude dos policiais.

“Este ato nasceu a partir do momento que soubemos do fato. Nossa mobilização hoje é de chamar a atenção da população sobre o problema e cobrar uma postura mais firme das autoridades. Queremos um “Basta”. Pessoas se sentiram incomodadas com a presença daquele homem na rua e chamaram a Polícia Militar, sendo que a via é pública e isso não dá a entender que ele seria uma ameaça. Sem contar a truculência da PM na abordagem”, lamentou Iara. Ainda conforme ela, antes de organizar a mobilização a família do homem foi procurada e em conversa informaram que ele possui problemas de saúde.

No mesmo dia da ocorrência, o Comando do 9º Batalhão de Polícia Militar enviou uma nota sobre a abordagem informando que na chegada da guarnição o homem não quis seguir as orientações da guarnição, por este motivo, os policiais precisaram realizar a força necessária para conter o mesmo. Veja a nota na íntegra: ESTADO DE SANTA CATARINA

Próximos passos

Agora, conforme Iara os próximos passos serão de recorrer junto ao Ministério Público de Santa Catarina, agendar uma conversa com o comando da Polícia Militar de Criciúma, buscar imagens nas câmeras de segurança para entender como foi feita a abordagem, protocolar uma ação jurídica e um boletim de ocorrência contra a PM. “A Polícia Militar de Santa Catarina precisa rever seus protocolos, com mais treinamentos aos policiais”, disse Iara, que ainda comentou sobre outros atos racistas que segundo ela, aconteceram no comércio da cidade e escolas. “Os casos de crimes de racismo em Criciúma são enormes, nas últimas duas semanas tivemos denúncias de dois. Precisamos nos posicionar e exigir”, desabafa.

Ivan de Souza Ribeiro, Integrante do Grupo Anarquistas Contra o Racismo (ACR) e vice-presidente do Compirc disse lamentar ser uma constante a população negra ser tratada como subcidadã. “Numa condição de que a cor da pele seja uma determinante para sermos suspeitos. Estamos aqui para dizer que não vamos nos calar junto a parte de uma sociedade conivente com o processo de racismo, na qual a população negra é levada a condição de subalternidade e tratada como segunda categoria, mesmo trabalhando, pagando seus impostos e cumprindo seus deveres como cidadãos”, ressaltou.

Também presente no ato a coordenadora da Secretaria da Diversidade e Políticas de Ações Afirmativas da Unesc, Janaína Damásio Vitório, comentou que a população negra e branca que faz parte desse viés de luta antirracista está cansada. “Mais uma vez passamos por uma situação vexatória em nível nacional, o vídeo foi veiculado em diversos veículos de comunicação, não ficando somente em Criciúma. Mas posso afirmar que vivemos todos os dias com relatos de situações racistas no comércio, restaurantes, e outros locais. São pequenos gestos que nos colocam no lugar onde eles querem”, lamenta. “Esse movimento de hoje na praça, não é somente sobre o caso da última quinta-feira é uma gota d’água, indignação, estamos cansados”, finaliza.

Vídeo:

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