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A história por detrás da cor: A curiosa origem do “vermelho”

O vermelho sempre descreveu múltiplas sensações e sentimentos: do amor à violência. Mas você já se perguntou qual é a história da cor vermelha? Se você quiser entender como surgiu a cor vermelha e quais são os seus significados e tonalidades, continue a leitura!

Quando o assunto é a história dessa cor, uma das primeiras coisas que você deve saber é que esse tom está entre os mais antigos em uso pela humanidade. É bem provável que você associe certos sentimentos ou sensações às cores, e sem dúvida, esta cor é uma das mais simbólicas. Provavelmente porque é a cor mais enraizada nos seres humanos, a cor do sangue. O vermelho é a cor do fogo, que tem o poder de transformar, também remete à guerra, conflito, luta. Por este motivo, o vermelho foi sempre definido como a cor da violência.

Ao contrário deste simbolismo e em relação ao sangue, encontramos outro significado de vermelho: a cor do amor. É a coloração que as pessoas adquirem quando estão emocionadas e das rosas entregues em sinal de amor. Ou seja, é uma cor dual. Por ser a cor do coração, tem estado diretamente relacionada com a paixão, o amor romântico e à fidelidade nas culturas espalhadas pelo mundo. Por conta disso, a cor foi apropriada nos casamentos — no Império Romano, as noivas usavam xales vermelhos para garantir o amor de seus parceiros. Isso acontece até hoje na China, onde as noivas usam vestidos vermelhos e os casais recebem ovos vermelhos como presente no nascimento do primeiro filho. 

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O vermelho tem uma característica interessante: é a primeira cor que os bebês enxergam, depois do preto e do branco. Ela também foi associada à proteção, inclusive na vida após a morte. Por exemplo, na Idade da Pedra, usava-se uma tinta vermelha para fazer pintura corporal nos mortos, a fim de afastar os maus espíritos. Para além de outras múltiplas conotações de todos os campos possíveis. As características desse tom, sensações e mensagens que ela transmite, explicam bem o porquê do amplo uso e das razões das pessoas gostarem muito da cor ou odiarem.

Rouge, red, rojo – você acabou de ler palavras que significam vermelho em variados idiomas. Por que em francês, inglês e espanhol, por exemplo, elas se parecem tanto enquanto que, na língua portuguesa, essa cor é falada e escrita de uma forma tão diferente? Vou explicar melhor essa história e também revelar a curiosa etimologia da palavra.

O próprio nome vermelho em algumas línguas mostram um pouco do significado deste tom. Em algumas línguas, como espanhol, vermelho é o próprio significado de cor, como colorado. Coloratus, em latim, é vermelho e colorido. Krasnoï, vermelho em russo, também quer dizer belo.

A maioria das línguas europeias vem do idioma protoindo-europeu, falado por uma etnia de cavaleiros que dominou boa parte da Rússia e se espalhou pela Eurásia há mais de três mil anos. Neste idioma, vermelho se dizia “reudh”. Essa palavra deu origem a rouge, red, rojo e – inclusive – a roxo e rubro, na língua portuguesa. 

Fonte: Wikimedia Commons

A questão é que, no português, popularizou-se a versão em latim do nome dado à cor vermelha, que também existe em outros idiomas, mas é pouco usada. Em latim, vermelho se dizia vermiculus, diminutivo de vermis, ou seja, “verme”.

Mas qual poderia ser a relação da cor com o parasita? Na Antiguidade, a única maneira de se obter pigmento vermelho era esmagando um minúsculo inseto chamado cochonilha, comumente encontrado em árvores da região Mediterrânea – cujo nome científico atual é Kermes Vermilio. Está cor era chamada de carmesim, mais conhecidas como carmim, que tem uma tonalidade muito intensa, e foram necessárias doze vezes a quantidade de kermes para atingir a intensidade da cor do cochonilha.

Embora verme e inseto sejam claramente coisas diferentes, não havia tamanho conhecimento na época. Assim, qualquer bicho pequeno acabava definido como verme. Um pequeno deslize científico? Talvez. Mas que, com certeza, caiu como uma luva para dar nome – e vida – a essa cor.

Com o passar do tempo, o pigmento passou a ser empregado em objetos de decoração, estátuas, louças e vestuário. Com isso, desenvolveram-se também os diferentes tons de vermelho, como o cereja, o bordô, o ocre, o carmim, o escarlate, entre outros.

Fonte: Wikimedia Commons

O ser humano conseguiu extrair os pigmentos vermelhos desde o Período Paleonlítico, há 35 mil anos. Assim, o vermelho é uma cor abundante e muito usada há milhares de anos. Por isso, foi uma das primeiras a ser batizada.

A importância da cor ocre vermelho vem do início da história, uma vez que o vermelho tem acompanhado os humanos no processo criativo desde a pré-história. A cor vermelha pode ser encontrada já em 15.000 a.C. em pinturas rupestres como as das cavernas de Altamira, e uma das primeiras formas desta cor vem do barro. Na época, o pigmento era obtido a partir de argilas e terras avermelhadas. O vermelho foi empregado pela primeira vez nas paredes das cavernas na Era Paleolítica, segundo estudos arqueológicos em regiões da África e da Ásia. Foram encontradas provas de que as pessoas da Idade da Pedra moíam ocre vermelho para utilização como tinta corporal a fins estéticos ou religiosos.

A cor cinábria, era utilizada principalmente para decoração e ainda pode ser vista em murais romanos, como os da cidade de Pompeia. Utilizada desde o tempo dos egípcios, o cinábrio tem o nome do mineral de onde provém, um sulfureto de mercúrio altamente tóxico.

A descoberta da cor vermelhão é atribuída aos chineses, pelo que é também conhecida como “vermelho chinês”. No seu país, o vermelho é um símbolo de vida e fortuna, e por esta razão, os seus templos são pintados com esta cor. Na Europa, aparece no IV A.C. com a chegada dos alquimistas árabes e a sua utilização destaca-se nos artistas da Renascimento.

A obra “O café de noite” de Vicent Van Gogh

A cor Vermelho Chumbo, foi fabricada pela primeira vez na China, provém de um material tóxico. Como é mais barato do que outros tons, foi utilizado para a realização de manuscritos medievais. Além disso, podemos encontrar esta cor nas obras do artista Vincent Van Gogh que a utilizou amplamente.

O vermelho cádmio é uma cor que ainda pode ser encontrada nas paletas dos artistas de hoje. Embora seja feito com sulfureto de cádmio, não é um material muito tóxico. Por esta razão, tornou-se muito popular no século XX. Começou a ser comercializado em 1910 e o primeiro pintor reconhecido a utilizá-lo foi o Henri Matisse.

A obra “Interior com feto preto” de Henri Matisse

Esse tom vivo e intenso está presente em todo lugar: desde logotipos de marcas até alimentos, roupas e maquiagens. É inevitável cruzar com essa cor no dia a dia!

Alternativamente, o vermelho está muito associado à sensação de fome, tanto é que o segmento que mais usa o vermelho é o setor de alimentação. Não é à toa que grandes marcas do setor alimentício, como McDonald’s, Coca-Cola, Pizza Hut e Burger King usem a cor nas suas identidades visuais. Mas basta uma voltinha pelo supermercado ou em uma praça de alimentação para identificar o vermelho em vários produtos. 

A psicologia e história das cores indica que a tonalidade traz uma sensação de urgência e provoca a ação, o que faz com que muitos profissionais de marketing utilizem esse recurso em campanhas de promoção. É cor marca que estimula a ação e remete à rapidez. Essa ideia também funciona nas sinalizações de emergência, já que a cor é capaz de se destacar no ambiente.

Uma cor que, especificamente, é usada intensamente na publicidade e comunicação visual, o que pode fazer com que as pessoas fiquem enjoadas do tom. Netflix, Coca-Cola, CNN, ESPN são algumas empresas que optaram pelo vermelho em suas identidades visuais.

Fonte: Wikimedia Commons

Ao longo da história da cor vermelha, a tonalidade foi ganhando diversos significados novos, a depender do contexto em que estava inserida.

O significado da cor vermelha esteve muito relacionado à religião, já que era a cor que representava o sangue de Cristo no Cristianismo, por exemplo. A cor vermelha era muito usada por cardeais da igreja católica. 

E este tom ganhou significado político na Revolução Francesa. É curiosa esta história, pois inicialmente, as bandeiras vermelhas nos cruzamentos de Paris eram para sinalizar que o povo estava proibido de manifestar. O prefeito da cidade içou uma bandeira vermelha na praça, onde os manifestantes se reuniam. A polícia matou cerca de 50 manifestantes, mas os revolucionários invadiram o Campo de Marte e conseguiram vencer, destituíram Luís XVI. Depois disso, a cor vermelha começou a ser usado por muitos partidos populares, especialmente de esquerda.

No Egito Antigo, por exemplo, a cor representava vida, saúde e vitória. Entre povos europeus, bem como em civilizações americanas e asiáticas, a cor era utilizada nos trajes oficiais para representar a autoridade dos impérios.

Jan Kopřiva / Pexels

Outra curiosidade interessante sobre a história da cor vermelha é que, ao longo do tempo, os sonhos com essa tonalidade vêm ganhando significados específicos no imaginário popular.

Segundo a cromoterapia, as cores têm relação direta com as nossas emoções e humor. Por isso, sonhar com vermelho pode ser um sinal de que você precisa dar atenção especial a certos aspectos emocionais que podem estar escondidos no seu inconsciente.

Como o tom é ligado a sentimentos fortes, como paixão ou ira, sonhar com a cor vermelha pode ser um sinal de que você está nutrindo emoções desse tipo. No mesmo caminho, se a cor apareceu em um sonho seu, também pode ser um indicativo de que você passará por momentos intensos, seja no âmbito pessoal ou profissional. Há quem diga também que sonhar com vermelho pode ser um sinal de alerta, perigo ou ameaça. Essa interpretação sugere que a cor rubra em sonho pode indicar a necessidade de tomar cuidado com alguma situação da sua vida.

Espero que tenha gostado de saber dessa história, e agradeço imensamente pela leitura até aqui, e semana que vem tem mais! Siga-me nas redes sociais:

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Leia também a coluna: A história das cores rosa e azul: será que cor tem gênero? 

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