A curiosa história dos túmulos enjaulados
Na cidade de Catawissa, Pensilvânia (EUA), um grande mistério atormenta os moradores da região. O antigo cemitério do Monte Zion, apresenta um fenômeno curioso – um par de túmulos equipados com gaiolas de ferro. Ambas sepulturas pertencem a mulheres que morreram em junho de 1852. Esses túmulos enjaulados eram usados principalmente na era vitoriana. Há uma lenda interessante que diz que o cemitério na verdade se chamava “A velha montanha Zion” e foi usada pela “Igreja Metodista do Monte Zion (ou montanha Zion)” até sua nova igreja e cemitério serem construídos em 1874.
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Uma jovem chamada Sarah Ann, esposa de Ransloe Boone, morreu aos 17 anos, após dar à luz a sua filha em 18 de junho de 1852. Alguns dias antes, sua cunhada Asenath, esposa de John F. Thomas, também tinha morrido. Algumas semanas antes de Sarah e Asenath também morreu Rebecca, prima de Sarah. As três foram enterradas juntas. Porém, uma das sepulturas, pertencente a Rebecca Clayton, foi removida em 1930 por risco de desabamento. A estranha coincidência, é que todas as três mulheres eram parentes próximas, jovens e recém-casadas.
A razão para a jaula estar lá, é porque os pais de Sarah acreditavam que a causa de sua morte seria a mordida de um vampiro, então eles enjaularam o seu túmulo, para que ela não pudesse se juntar aos “mortos vivos”. No túmulo deveria ter duas árvores atrás da jaula, uma verde e viva do lado direito, e uma morta do lado esquerdo.
Esses fatos levaram a população local a acreditar que elas eram vampiras – tudo isso na Pensilvânia, vale lembrar – e que as celas foram colocadas dessa maneira para impedir que elas saíssem de suas covas e corressem sedentas de sangue em direção ao próximo pescoço humano.
Durante a era vitoriana tinha muita literatura sobre vampiros e os mortos-vivos. Foi nessa época que começaram a surgir as primeiras histórias de zumbis que falavam de uma enorme revolta dos mortos-vivos que acabaria com a humanidade. Em um momento em que a superstição ainda estava bem estabelecida na sociedade, a popularização desse tipo de história fez as pessoas começam a ter medo de uma revolta desse tipo.
O fato de que três mulheres jovens, intimamente relacionadas, morressem em um curto período de tempo parece assustador à primeira vista, até que você considere que elas provavelmente foram expostas uma à outra com frequência e provavelmente compartilharam a mesma fonte de água. No século XIX as condições sanitárias eram péssimas e o surgimento de doenças devido à água contaminada era super comum, os contágios muitas vezes atingiam regiões concentradas. Esse período de tempo em particular também se alinha com os surtos de cólera que devastava a América.
Mas existem mais teorias a respeito desses túmulos enjaulados, que incluem proibir as pessoas de andar sobre os túmulos, manter animais longe, e proteger os túmulos de ladrões de covas (um grande problema no século XVIII e XIX – Um cadáver “fresco” poderia ter mais dinheiro do que uma pessoa comum ganharia em meses)
Esta é outra teoria interessante: no século XIX era comum que sepulturas fossem roubadas já que muitas pessoas eram enterradas com joias e itens valiosos. Além disso, durante a era vitoriana, era do desenvolvimento e conhecimento científico, jovens promissores ingressam em universidades de medicina moderna. Para estes jovens médicos, os corpos humanos eram necessários para estudos, pois aprendiam e praticavam as técnicas mais recentes em medicina; muitos cadáveres roubados eram vendidos a escolas de Medicina para serem dissecados. Por mais mórbido que pareça, era assim que muita gente ganhava a vida nessa época. Então há suspeitas de que as celas serviam também para impedir esse tipo de roubo. A origem da invenção não é clara, embora seja datada em torno de 1816, sabe-se que uma vez inventado, essas gaiolas eram um serviço oferecido pelo cemitério para os parentes do falecido.
Eram as famílias de classe média ou média alta que contratavam este serviço. A ideia era que a família pagasse uma certa quantia em dinheiro e o cemitério disponibilizasse a pesada gaiola, que era necessário, muitas vezes, várias pessoas para transportar. A gaiola era então parcialmente enterrada junto com o corpo e permanecia no local por algumas semanas, até que o corpo estivesse podre suficiente para que nenhuma universidade subtraísse o corpo. As famílias pobres não podiam pagar o serviço, então, eles colocavam flores no túmulo para detectar se alguém tinha removido a tampa da sepultura. Bizarro, não é mesmo?
Mas calma falta a história da bruxa de Mersea, na Inglaterra, onde existe um túmulo no lado norte do pátio da igreja de Mersea do leste, Mersea é uma ilha em Essex – O túmulo de Sarah Wrench. Ela morreu em 6 de maio de 1848, com 15 anos e 5 meses. A sepultura é protegida por uma gaiola de ferro ou mortsafe, que normalmente é usada para parar os ladrões de túmulos. O túmulo fica no lado norte da igreja – que em séculos anteriores era considerado o ‘lado do Diabo’, usado para sepultamentos de malfeitores, suicidas e não batizados.
Uma história se desenvolveu que a pobre menina era uma bruxa e que a gaiola estava lá para impedi-la de deixar seu túmulo após a morte. Embora a última pessoa a ser encarcerada por bruxaria na Grã-Bretanha tenha sido em 1944, a acusação de bruxaria parece ser um mito urbano fantasioso. Alguns dizem que essa jaula de ferro foi colocada pra deter os ladrões, mas nenhum outro túmulo do mesmo cemitério foi protegido desta forma. O que levou ao surgimento de uma lenda local em que Sarah seria uma bruxa e a jaula a impedia de sair de seu “sono eterno”. Uma explicação mais provável é que quando ela morreu (causa desconhecida), seu corpo foi colocado ao lado de muitos parentes da família Croyden que viviam em East Mersea Hall e estão enterrados na mesma parte do cemitério da igreja. A descrição da gaiola como um cofre-forte também é suspeita.
O Ato de Anatomia de 1832 eliminou a necessidade de roubo de túmulos – permitindo que escolas médicas obtivessem suprimentos legais de cadáveres dos asilos. Como um material resistente e durável, o ferro estava na moda na época vitoriana e era frequentemente visto nos cemitérios das igrejas locais como marca de lápides. É possível que esta construção incomum de ferro fosse simplesmente uma forma “moderna” de monumento na forma de uma pedra corporal tradicional.
Mas uma bruxa seria enterrada em solo sagrado? Talvez fosse um acordo oferecido a sua família. Seu corpo poderia ser sepultado lá, com a condição de que permanece enjaulado. Seria esse o caso do Cemitério de Catawissa?
Um tanto quanto curioso essa história, não é mesmo? Ou digamos mórbidas? Obrigada pela leitura, me siga nas minhas redes sociais, e vem me contar o que achou dessa e das outras histórias que venho contanto por aqui:
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