Profas: uma jornada de dedicação e paixão de duas lutadoras pela educação

O ano era 1984, na pacata cidade de Morro da Fumaça, no sul de Santa Catarina, uma mulher visionária deu início a um projeto que mudaria a vida de centenas de crianças e suas famílias. Olga Sampaio Canto Bittencourt, carinhosamente conhecida como Dona Olga, lançou o PROFAS, um projeto que se tornaria um marco na educação da cidade.

E nesta sexta-feira, 24, autoridades políticas e religiosas, amigos, parceiros e convidados estiveram reunidos para celebrar os 40 anos da entidade, e também, homenagear as presidentes Olga e Mary Neuza (Lula).

A trajetória de Dona Olga com a educação começou cedo. Como professora dedicada, ela já havia deixado uma marca significativa na cidade ao atuar como diretora da Escola Grupo Escolar Princesa Isabel. Ali, Dona Olga lutou incansavelmente para garantir o ensino secundário gratuito para seus alunos, enfrentando críticas e barreiras, mas sempre guiada pela determinação de oferecer o melhor para suas crianças.

Motivada por um profundo senso de responsabilidade social, Dona Olga idealizou o PROFAS como um espaço acolhedor para crianças de famílias carentes. Inicialmente atendendo alunos de 7 a 12 anos, o projeto oferecia um ensino de qualidade e um ambiente seguro e propício ao aprendizado. Superando inúmeros desafios e contando com a colaboração da comunidade, Dona Olga transformou seu sonho em realidade, dando vida ao PROFAS.

Com um espírito empreendedor e incansável, Dona Olga liderou o PROFAS por 21 anos, dedicando-se integralmente à instituição. O trabalho voluntário foi a base do projeto, com professores e colaboradores doando seu tempo e talento para garantir o melhor para as crianças. A busca constante por recursos e doações era impulsionada pela paixão pelo projeto e pela crença no poder transformador da educação.

Ao longo dos anos, o PROFAS cresceu e se consolidou como um importante polo educacional e social em Morro da Fumaça. A sede da instituição foi construída com recursos provenientes da venda de brinquedos doados pela Legião Brasileira de Assistência (LBA), fruto da persistência e do trabalho incansável de Dona Olga. O reconhecimento por sua dedicação à comunidade veio também através da política, onde ela atuou como a primeira vereadora mulher da cidade.

A trajetória de Dona Olga e do PROFAS é um convite à reflexão sobre a importância da educação como ferramenta de transformação social. Sua história nos ensina que, com persistência, dedicação e amor ao próximo, é possível construir um mundo mais justo e cheio de oportunidades para todos.

Tia Lula: Uma nova liderança, um novo capítulo

Em 2005, o PROFAS enfrentava um momento de incerteza. Por motivos de saúde, Dona Olga precisou se afastar. Foi então que Mary Neuza, conhecida carinhosamente como “Tia Lula” ou “Lula”, amiga de longa data de Dona Olga, assumiu a presidência da instituição. Sem experiência formal na área de educação, mas com um coração imenso e uma vontade inabalável de fazer a diferença, Tia Lula dedicou-se de corpo e alma ao PROFAS.

Nos primeiros anos, os desafios foram muitos. Lula precisou aprender sobre gestão educacional e lidar com as burocracias da administração pública, mas contou com o apoio de uma equipe dedicada e parceiros da comunidade. Aos poucos, o PROFAS foi se transformando. Recursos foram obtidos para reformas, aquisição de novos materiais e implementação de atividades extracurriculares. A instituição ganhou uma nova estrutura física, com lavanderia, solário para os bebês e ar-condicionado em todas as salas.

Ao longo de 19 anos de dedicação, Lula se tornou um símbolo de força e inspiração para a comunidade de Morro da Fumaça. Sua história é um exemplo de como a paixão, a perseverança e o amor ao próximo podem transformar vidas. Em 2024, ao celebrar os 40 anos do PROFAS, Tia Lula pôde olhar para trás com a certeza de que honrou o legado de Dona Olga e construiu um futuro promissor para as crianças da instituição.

Sua história é um lembrete de que todos nós temos o poder de fazer a diferença no mundo. Basta ter amor no coração e disposição para lutar pelos nossos sonhos.

Por André Luiz Valente/Agora na Cidade