Sul de Santa Catarina, o maior produtor de Maracujá do Estado
Sombrio tem a maior área plantada do Estado, com mais de 500 hectares
Foi durante o doutorado que Marina Martinello teve contato com o Maracujá e decidiu investir em uma plantação da fruta em Criciúma. Em um hectare de terra, juntamente, com a família ela possui 3,5 mil pés de maracujazeiro.
“Minha família é de agricultores e sempre tive vontade de continuar na agricultura. Então eu e meu irmão decidimos de investir em algo. Como tive o contato com a fruta em meu trabalho de doutorado, decidimos tentar o maracujá”, relata Marina.
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Ela representa uma das 800 famílias que cultivam a, também, chamada ‘fruta da paixão’ no Sul de Santa Catarina. É da região que vem 80% da produção de maracujá de toda Santa Catarina. Desta forma, sendo responsável pelo abastecimento de grande parte do Brasil.
Neste ano, a expectativa é que a colheita no Sul catarinense ultrapasse as 21 mil toneladas de Maracujá durante toda a safra que iniciou em dezembro do ano passado e segue até junho de 2022. Sombrio tem a maior área plantada do Estado, com mais de 500 hectares.
“A cultura se instalou aqui no Estado na década de 1990 e permaneceu. As características da agricultura explorada aqui deram certo com a cultura local”, relata Sandoval Miguel Ferreira, extensionista da Epagri em Sombrio.
Maracujá toma espaço das plantações de fumo
Em 2010, com a crise na fumicultura, o Maracujá tomou o espaço das plantações de fumo. Os produtores investiram nos parreirais e a fruta acabou ganhando força na região.
Sandoval explica que a cultura do maracujá tem 15 meses de cultivo, desde a preparação da muda até a colheita. Em fevereiro inicia a etapa de preparar a muda para a safra.
“Alguns produtores de maracujá tem a estufa e eles mesmo produzem a muda. Outros compram de produtores”, explica Sandoval.
Após, inicia o plantio. A muda vai para o campo em agosto e começa a colheita em dezembro, seguindo até junho.
Do Sul de SC para todo o Brasil
A fruta produzida na região é uma das preferidas em todo o Brasil. Os maracujás colhidos em Santa Catarina, representam boa parte das vendas no país. A maior comercialização da fruta produzida no Estado é para os atacadistas de São Paulo.
“Quando nosso produto chega lá em São Paulo, quem determina o preço e o primeiro a ser comercializado, é o maracujá catarinense. Ele é a baliza da fruta na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp)”, explica Ferreira.
Produção das mudas
A produção de mudas de maracujazeiro-azedo em Santa Catarina iniciou no final de fevereiro e se estende até 31 de julho. Ela deve ser feita em ambiente protegido, pois essa é uma das estratégias preconizadas para o convívio com a doença do endurecimento dos frutos que é disseminada pelo pulgão e faz com que pomar produza frutas mais duras e com menos polpa.
Pelo Estado ser reconhecido por produzir o melhor maracujá do Brasil, a adoção dessas medidas é fundamental para manter a sanidade dos pomares com garantia de alta produtividade.
Período do vazio sanitário
O período do vazio sanitário foi estabelecido por uma portaria da Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural como uma das medidas para preservar os pomares da doença.
Desta forma, do dia 1º ao dia 31 de julho de cada ano não pode existir nenhum pomar comercial de maracujá em Santa Catarina. Sendo assim, todas as lavouras devem ser derrubadas. Por isso a importância da produção de mudas.
Já no dia 1º de agosto termina o vazio sanitário e o plantio é liberado. “Em Santa Catarina não é mais permitido cultivo de dois ciclos, deixar pé de um ano para o outro. A cultura do maracujá hoje tem esse sucesso devido ao vazio, que conseguimos continuar produzindo devido a essa medida. Isso garante a qualidade do maracujá. Anteriormente o pé era usado até dois anos, agora a gente faz plantio anual com mudas avançadas”, relata o extensionista da Epagri.
Do doutorado o amor pela fruta
Foi no doutorado que Marina Martinello teve o primeiro contato com o Maracujá e decidiu iniciar o plantio da fruta. Através do trabalho acadêmico que realizava com a fruta na Epagri, ela se apaixonou pela cultura. Como faz parte de uma família de agricultores, decidiu seguir no ramo.
“É uma cultura bem trabalhosa, pois dura o ano todo”, conta Marina.
Com um hectare de plantação e com 3,5 mil pés de maracujazeiro, ela e a família realizam todo o trabalho. Desde o plantio até a colheita. Inclusive, a polinização da fruta é feita de forma manual.
Todos os dias, Marina, o irmão, a mãe e uma tia fazem o processo, que dura cerca de cinco horas. “Pegamos o pólen da flor do maracujazeiro e sujamos a parte feminina, para formar o fruto. A flor abre somente uma vez, se eu não polinizar, não vai formar o fruto”, explica.
A planta precisa de cuidados diários como irrigação e a prevenção para não pegar pragas ou insetos que danifiquem a plantação. Após a colheita, o maracujá passa por um processo de classificação, separando os frutos maiores que vão para a venda aos atacadistas.
Em 2020, a produtora colheu 30 toneladas da fruta. Neste ano, a pretensão é colher um pouco mais. “Nós produzimos um pouco abaixo da média no ano passado, comparado com os demais produtores”, explica Marina.