Como uma frutinha tão gostosa, com gosto de infância, pode ser atribuída ao drama? Pois “chorar as pitangas” nada mais é do que chorar em excesso.
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No início do processo de colonização, apesar das várias situações de conflito, portugueses e indígenas estabeleceram um contato empreendedor de diversas trocas culturais. Com esse respeito, alguns historiadores chegam a levantar a hipótese de que as dificuldades enfrentadas pelos colonos lusitanos seriam bem maiores caso não buscassem os saberes acumulados pelas sociedades indígenas que há séculos desbravaram o território.
De fato, o desafio de se adaptar a um espaço desconhecido deve ter feito muitos colonos “chorar lágrimas de sangue”. No entanto, se um português fosse se queixar a um indígena por meio dessa expressão gastaria certo tempo para que essa metáfora fizesse algum sentido para o nativo. É justamente aí que o contato entre esses dois mundos distintos, no caso, indígena e português, possibilitou a criação de novas expressões que perpetuaram em nosso cotidiano.
A expressão ‘chorar as pitangas’, usada no Brasil para designar o ato de chorar, lamentar ou reclamar se originou a partir de uma adaptação do antigo vocábulo português ‘chorar lágrimas de sangue’.
O termo “chorar as pitangas” foi cunhado por meio desse contato entre culturas diferentes. No caso, o “sangue” que compunha a expressão lusitana foi substituído por “pitanga”.
Como ‘pitanga’ é uma palavra de origem indígena que significa vermelho, os índios fizeram uma espécie de analogia entre a fruta e o sangue, concebendo assim a ideia por trás da expressão que conhecemos hoje em dia, isto é, de alguém que chora tanto até seus olhos ficarem avermelhados.
No entanto, embora tal tese seja a mais provável para explicar a origem do termo, não é a única. Alguns alegam que o vocábulo ‘pitang’ na língua guarani significaria menino, criança, e que a expressão ‘chorar as pitangas’ teria surgido por meio de outra analogia: a de alguém chorando como criança, ou seja, demasiadamente.
Foi assim que uma nova expressão foi desenhada para reclamar das várias intempéries ocorridas durante o longo e difícil processo de dominação do território brasileiro. Não se limitando ao passado colonial, ainda temos muitas pessoas que admitem “chorar suas pitangas” quando algum tipo de contratempo sobrevém.
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