Homofobia: mulher trans brutalmente esfaqueada identifica um dos agressores e diz ser seu cliente há anos
Um ataque brutal quase tirou a vida da jovem Rebeka Curtts Rodrigues Domiciano, de 28 anos. Moradora do bairro Santa Bárbara, em Criciúma, Rebeka – que é garota de programa e natural de Minas Gerais – foi esfaqueada 30 vezes por dois homens no último fim de semana. Um deles foi identificado pela vítima e é morador de Içara.
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O agressor era cliente de Rebeka há anos e, por causa de R$ 1.400,00 de dívida em programas sexuais, o homem se uniu a um comparsa para dar fim na vida da trans. Segundo a vítima, que mora em Criciúma há sete anos, o rapaz ligou para ela alegando que iria pagar a conta. Então combinaram um local de encontro, numa região próxima a Imbralit, na Próspera, no último sábado, dia 17.
Ao chegar na rua combinada, ela notou que tinha mais um homem com o cliente. Ambos entraram em seu carro e foram em direção a um motel em Içara. Foi quando começou a negociação do acerto e, ao passar o cartão do agressor, começou a confusão. “Eu avisei que o cartão não estava sendo aprovado, e foi quando de repente eu levei uma facada na cabeça do colega dele que estava no banco de trás”, relembra Rebeka.
Neste momento tudo ficou confuso e ela levou mais golpes do cliente. “Eles começaram a me esfaquear e eu avisei que teriam problemas, pois eu tinha avisado as minhas amigas sobre a transação. Mesmo assim, eles não pararam. Senti muito medo. Muita dor. Eu sabia que iriam me matar”, conta emocionada.
Então o cliente tentou passar para o lugar da motorista exigindo que ela fosse para o banco de trás do veículo. “Neste momento eu vi que iriam acabar comigo no banco de trás. Então pedi pra tirar o cinto de segurança e foi nesse instante que consegui abrir a porta do carro e jogar meu corpo pra fora. Corri e pedi ajuda em um sítio na região. E foi, então, que fui socorrida”. Os bombeiros levaram Rebeka para o Hospital São Donato.
Investigação
O caso da transexual Rebeka está sendo investigado pela Delegacia de Polícia de Içara, a cargo do delegado Marcelo Viana. Questionado sobre a possibilidade de ser um crime de homofobia ele explica que por enquanto a ocorrência está sendo encaminhada como um latrocínio tentado. “Inicialmente, está sendo tratado como latrocínio tentado, roubo seguido de morte, no caso tentado, porque felizmente a vítima sobreviveu”, completa o delegado.
O carro da mulher trans, um Honda Cit Cinza (2011), foi encontrado abandonado nesta segunda-feira, 19, em Içara. “Me contaram que o veículo agora vai para a perícia e que ele estava todo ensanguentado por dentro. Estou com medo. Ele está foragido e sabe onde eu moro”, revela a trans.
Mobilização contra violência
Natural de Minas Gerais, Rebeka é GP há 10 anos. Ela conta que não é a primeira vez que sofre violência na cidade. “No começo do ano também sofri uma agressão em Criciúma, o caso já foi resolvido. E eu não sou a única vítima de agressões na cidade”, conta.
Para buscar justiça e segurança para a comunidade de LGTB+ do município, um grupo se mobiliza para uma manifestação na próxima quarta-feira, 21. O encontro está marcado para às 11h na frente do Fórum de Criciúma. Um grupo foi criado no Whatsapp para quem tiver interesse em participar da mobilização: (48) 99603 5214.