História da homossexualidade: o preconceito e a luta por igualdade de direitos
A sexualidade é uma questão que sempre foi um tabu, principalmente quando se trata de grupos que não aceitam os padrões de comportamento impostos pela sociedade. Por conta disso, esses grupos sempre foram vítimas de repressão e preconceito em uma sociedade que tentava os colocar à margem.
É nesse contexto que surgem os movimentos GLS e, posteriormente, LGBT, como uma forma de organização para combater o preconceito e a homofobia, e pelo direito de existir, viver, pensar e ser o que realmente é.
Você já imaginou ser agredido apenas por existir? E por abraçar, beijar ou andar de mãos dadas com alguém que você ama? A população LGBT já. Na verdade, não apenas imagina, como sente na pele todos os dias a violência física, verbal e a discriminação. Some a isso o despreparo policial e a falta de uma lei que trate desses tipos de agressões, e você terá um mar de casos não resolvidos, subnotificados e uma sociedade que, em boa parte, acredita que homofobia, lesbofobia, bifobia e transfobia não existem e, consequentemente, não precisam ser combatidas.
Os dados vêm de diferentes frentes, e a fragmentação das informações é um dos principais problemas enfrentados por uma sociedade que precisa urgentemente de políticas públicas que eduquem os cidadãos sobre a diversidade.
A violência não está apenas nas ruas e não vem exclusivamente de desconhecidos. Ela está presente em todos os âmbitos da sociedade e pode surgir de quem menos se espera. Pais, mães e irmãos são citados em grande parte dos relatos como os primeiros agressores.
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A união civil entre pessoas do mesmo sexo pode parecer coisa de gente moderna. Apenas em 1989 a Dinamarca abraçou a causa, e foi o primeiro país a fazer isso. Hoje, o casamento gay está amparado em várias nações. Essa marcha, porém, de nova não tem nada. Sua história retoma um tempo em que não havia necessidade de distinguir o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo para os povos antigos, o conceito de homossexualidade simplesmente não existia.
As tribos das ilhas de Nova Guiné, Fiji e Salomão, no oceano Pacífico, cerca de dez mil anos atrás já exercitavam algumas formas de homossexualidade ritual. Os melanésios acreditavam que o conhecimento sagrado só poderia ser transmitido por meio do coito entre duplas do mesmo sexo. No rito, um homem travestido representava um espírito dotado de grande alegria e seus trejeitos não eram muito diferentes dos de um show de Drag Queens atual.
Homossexualidade na antiguidade
Nos tempos de Alexandre, César e até na Idade Média, não existia nome para a homossexualidade – porque ninguém achava nada de mais.
Um dos mais antigos e importantes conjuntos de leis do mundo, elaborado pelo imperador Hammurabi na antiga Mesopotâmia (cerca de 1750 a.C.), contém alguns privilégios que deveriam ser dados aos prostitutos e às prostitutas que participavam dos cultos religiosos. Eles eram sagrados e tinham relações com os homens devotos dentro dos templos da Mesopotâmia, Fenícia, Egito, Sicília e Índia, entre outros lugares. Herdeiras do Código de Hammurabi, as leis hititas chegam a reconhecer uniões entre pessoas do mesmo sexo. E olha que isso foi há mais de três mil anos.
Na Grécia e na Roma da Antiguidade, era absolutamente normal um homem mais velho ter relações sexuais com um mais jovem. O filósofo grego Sócrates (469-399), adepto do amor homossexual, pregava que o amor entre iguais era a melhor forma de inspiração e o sexo heterossexual, por sua vez, servia apenas para procriar.
Para a educação dos jovens atenienses, esperava-se que os adolescentes aceitassem a amizade e os laços de amor com homens mais velhos, para absorver suas virtudes e seus conhecimentos de filosofia. Após os 12 anos, desde que o garoto concordasse, transformava-se em um parceiro passivo até por volta dos 18 anos, com a aprovação de sua família. Normalmente, aos 25 tornava-se um homem e aí esperava-se que assumisse o papel ativo.
Entre os romanos, os ideais amorosos eram semelhantes aos dos gregos, mas com um componente hierárquico mais forte. A pederastia (relação entre um homem adulto e um rapaz mais jovem) era encarada como um sentimento puro. No entanto, se a ordem fosse subvertida e um homem mais velho mantivesse relações sexuais com outro, estava estabelecida sua desgraça. Os adultos passivos eram encarados com desprezo por toda a sociedade, a ponto de o sujeito ser impedido de exercer cargos públicos.
Boa parte do modo como os povos da Antiguidade encaravam o amor entre pessoas do mesmo sexo pode ser explicada ou, ao menos, entendida se levarmos em conta suas crenças.
Na mitologia grega, romana ou entre os deuses hindus e babilônios, por exemplo, a homossexualidade existia. Muitos deuses antigos não têm sexo definido. Alguns, como o popularíssimo hindu Ganesh, da fortuna, teriam até mesmo nascido de uma relação entre duas divindades femininas. Não é nada difícil perceber que, na Antiguidade, o sexo não tinha como objetivo exclusivo a procriação. Isso começou a mudar, porém, com o advento do cristianismo.
Só para procriar
O judaísmo já pregava que as relações sexuais tinham como único fim a máxima exigida por Deus: “Crescei e multiplicai-vos”. Até o início do século IV, essa ideia, porém, ficou restrita à comunidade judaica e aos poucos cristãos que existiam. Nessa época, o imperador romano Constantino converteu-se à fé cristã e, na sequência, o cristianismo tornou-se obrigatório no maior império do mundo. Como o sexo passou a ser encarado apenas como forma de gerar filhos, a homossexualidade virou algo antinatural. Data de 390, do reinado de Teodósio, o Grande, o primeiro registro de um castigo corporal aplicado em gays.
O primeiro texto de lei proibindo sem reservas a homossexualidade foi promulgado mais tarde, em 533, pelo imperador cristão Justiniano. Ele vinculou todas as relações homossexuais ao adultério para o qual se previa a pena de morte. Mais tarde, em 538 e 544, outras leis obrigavam os homossexuais a arrepender-se de seus pecados e fazer penitência. O nascimento e a expansão do islamismo, a partir do século VII, junto com a força cristã, reforçaram a teoria do sexo para procriação.
Interior de uma casa de banho em São Petersburgo
Durante muito tempo, até meados do século XIV, no entanto, embora a fé condenasse os prazeres da carne, na prática os costumes permaneciam os mesmos. A Igreja viu-se, a partir daí, diante de uma série de crises. Os católicos assistiram horrorizados à conversão ao protestantismo de diversas pessoas após a Reforma de Lutero. E, com o humanismo renascentista, os valores clássicos, assim, o gosto dos antigos pela forma masculina voltaram à tona. Pintores, escritores, dramaturgos e poetas celebravam o amor entre homens. Além disso, entre a nobreza, que costumava ditar moda, a homossexualidade sempre correu solta. E, o mais importante, sem censura alguma, ficaram notórios os casos homossexuais de monarcas como o inglês Ricardo Coração de Leão (1157-1199).
No curto intervalo entre 1347 e 1351, a peste negra assolou a Europa e matou 25 milhões de pessoas. Como ninguém sabia a causa da doença, a especulação ultrapassava os limites da saúde pública e alcançava os costumes. O pecado em que viviam os homens passou a ser apontado como a causa dela e de diversas outras catástrofes, como fomes e guerras. Judeus, hereges e sodomitas tornaram-se a causa dos males da sociedade. Não havia outra solução a não ser a erradicação desses grupos. Medidas enérgicas foram tomadas.
Em Florença, por exemplo, a sodomia foi proibida em 1432, com a criação dos Ufficiali di Notte (agentes da noite). O resultado? Setenta anos de perseguição aos homens que mantinham relações com outros. Entre 1432 e 1502, mais de 17 mil foram incriminados e três mil condenados por sodomia, numa população de 40 mil habitantes.
Passagem Nevski, local de encontro de homens homossexuais
Leis duras foram estabelecidas em vários outros países europeus. Na Inglaterra, no século 19 começou com o enforcamento de vários cidadãos acusados de sodomia. E, entre 1800 e 1834, 80 homens foram mortos. Apenas em 1861 o país aboliu a pena de morte para os atos de sodomia, substituindo-a por uma pena de dez anos de trabalhos forçados.
Os primeiros registros históricos de indivíduos homossexuais são datados de cerca de 1.200 a.C., de modo que boa parte dos pesquisadores, estudiosos e historiadores afirmam que a orientação homossexual era aceita em diversas civilizações. Entretanto, em vários momentos e partes do mundo, a comunidade LGBT foi e ainda é violentada, torturada, morta e tem seus direitos usurpados.
Historicamente, códigos penais combatendo a homossexualidade são muito presentes, sendo que o primeiro registro nesse sentido data do século XIII, no império de Gengis Kahn. Lá, a sodomia levava à condenação por pena de morte.
Até os anos 1960, ser homossexual era crime em todos os estados dos Estados Unidos da América, exceto Illinois, até então símbolo de progressismo no mundo ocidental. Uma das maiores mentes de todos os tempos, o pai da computação, Alan Turing, por exemplo, sofreu castração química como pena do governo inglês em 1952, mesmo após trazer avanços que ajudaram no fim da Segunda Guerra Mundial.
Ao redor do mundo, várias clínicas particulares, sob forte influência religiosa, oferecem serviços que prometem uma “cura gay” para algo que não é uma doença. Ainda nos anos 2010, ter relações homossexuais é considerado crime em mais de 73 países, sendo que 13 punem com a pena de morte.
No hospício brasileiro de Colônia, homossexuais internados sofreram choques e estupros e viveram em condições subumanas, comendo ratos e fezes e bebendo água de esgoto
Ciência cruel
Outro tratamento nada usual foi destinado tanto à homossexualidade quanto à ninfomania feminina: a lobotomia. Desenvolvida pelo neurocirurgião português António Egas Moniz, que chegou a ganhar o prêmio Nobel de Medicina de 1949 por isso, ela consistia em uma técnica cirúrgica que cortava um pedaço do cérebro dos doentes psiquiátricos, mais precisamente nervos do córtex pré-frontal. Na Suécia, 3 mil gays foram lobotomizados. Na Dinamarca, a última cirurgia foi realizada em 1981. Nos Estados Unidos, cidadãos portadores de disfunções sexuais lobotomizados chegaram às dezenas de milhares. O tratamento médico era empregado porque a homossexualidade passou a ser vista como uma doença, uma espécie de defeito genético.
Durante o avanço do nazismo alemão, a população LGBT era levada aos campos de concentração e extermínio. Inclusive, dois símbolos do movimento tiveram suas raízes nesse momento histórico: o triângulo invertido de cor rosa, que designava homens gays, e o triângulo preto invertido, para as mulheres “antissociais”, grupo no qual se incluíam as lésbicas.
Os LGBT foram submetidos a métodos de tortura, castração, terapias de choque, lobotomia e até mesmo estupros corretivos, tudo isso sob a alegação de que, segundo teorias de médicos e psicólogos nazistas, a homossexualidade seria uma doença de ordem mental.
A preocupação científica com os gays começou no século XIX. A expressão homossexual foi criada em 1848, pelo psicólogo alemão Karoly Maria Benkert. Sua definição para o termo: “Além do impulso sexual normal dos homens e das mulheres, a natureza, do seu modo soberano, dotou à nascença certos indivíduos masculinos e femininos do impulso homossexual. Esse impulso cria de antemão uma aversão direta ao sexo oposto”.
Em 1897, o inglês Havelock Ellis publicou o primeiro livro médico sobre homossexualidade em inglês, Sexual Inversion (Inversão sexual). Como muitos da época, ele defendia a ideia de que a homossexualidade era congênita e hereditária. A opinião científica, médica e psiquiátrica vigente era de que a homossexualidade era uma doença resultante de anormalidade genética associada a problemas mentais na família. A teoria, junto das ideias emergentes sobre pureza racial e eugenismo nos anos 1930, torna fácil entender por que a lobotomia foi indicada para os homossexuais.
A situação só começou a mudar no fim do século passado, quando a discussão passou a se libertar de estigmas. Em 1979, a Associação Americana de Psiquiatria finalmente tirou a homossexualidade de sua lista oficial de doenças mentais. Na mesma época, o advento da aids teve um resultado ambíguo para os homossexuais. Embora tenha ressuscitado o preconceito, já que a doença foi associada aos gays a princípio, também fez com que muitos deles viessem à tona, sem medo de mostrar a cara, para reivindicar seus direitos. Durante os anos 80 e 90, a maioria dos países desenvolvidos descriminalizou a homossexualidade e proibiu a discriminação contra gays e lésbicas.
Em toda a história e em todo o mundo a homossexualidade tem sido um componente da vida humana. Nesse sentido, não pode ser considerada antinatural ou anormal. Não há dúvida de que a homossexualidade é e sempre foi menos comum do que a heterossexualidade. No entanto, a homossexualidade é claramente uma característica muito real da espécie humana. Para muitos, ainda hoje “sair do armário” continua sendo uma questão de tempo. As portas, no entanto, vêm sendo abertas desde a Antiguidade.
Hoje em dia, somos acostumados a estabelecer culturalmente um conjunto de ideias sobre os homossexuais que, muitas vezes, tendem para o campo dos preconceitos. Controvérsias à parte será que esse tipo de comportamento sexual sempre foi motivo de tanta polêmica? Muitas vezes, nosso imaginário nos impede de tentar admitir outros tipos de perspectiva em relação a esse tema.
Recuando para os tempos antigos poderíamos nos deparar com uma visão bastante peculiar ao notarmos que afeto e prática sexual não se distinguiam naquele período. As relações sexuais não eram hierarquizadas por meio de uma distinção daqueles que praticam optavam pelos hábitos homo ou heterossexuais.
Mesmo que ainda o tema cause muito preconceito e levante tabu entre as pessoas, devemos perceber que a identidade sexual não pode ser vista como um dado a ser controlado por alguém ou por alguma instituição. Antes de qualquer justificativa, seja contra ou a favor dos homossexuais, devemos colocar o respeito ao outro como princípio máximo dessa questão.
A Rebelião de Stonewall
Em 28 de junho de 1969, uma das mais importantes rebeliões civis da história se inicia no Stonewall Inn, em Greenwich Village, nos Estados Unidos. Gays, lésbicas, travestis e drag queens enfrentam a força policial em um episódio que serviu de base para o Movimento LGBT em todo o mundo.
Conhecido como a Rebelião de Stonewall (ou Stonewall Riot, em inglês), o episódio durou seis dias seguidos como uma resposta contra a ação arbitrária e preconceituosa do efetivo policial, que tinha como rotina a promoção de batidas e revistas de cunho humilhante nos bares e boates gays da cidade de Nova York.
Uma das principais consequências da rebelião foi a criação de dois importantes grupos para a história do Movimento LGBT: o Gay Liberation Front (GLF) e o Gay Activists Alliance (GAA).
Já para a vertente transexual, apesar de não haver consenso sobre um episódio específico, a criação da publicação Transvestia: The Journal of the American Society for Equality in Dress, do ano de 1952, foi um marco importante para a luta trans nos Estados Unidos. Isso sem contar que a própria Rebelião de Stonewall contou com a participação importantíssima de duas travestis: Sylvia Rae Rivera e Marsha P. Johnson.
Por fim, a articulação do movimento lésbico ganhou muita força durante a segunda onda feminista, que abrangeu as décadas entre os anos 1960 e 1980. Dentro do próprio movimento feminista, a crescente tensão entre as mulheres heterossexuais e as mulheres lésbicas fez com que, aos poucos, elas se auto organizassem em sua própria luta.
Hoje, o Movimento LGBT abrange diversas orientações sexuais e identidades de gênero de modo que, mesmo sem uma organização central, promove diversas frentes de luta pelos direitos civis da comunidade.
Protesto contra “Operação Limpeza” promovida pelo delegado José Wilson Richetti no centro de São Paulo, 13 de junho de 1980. Desde abril daquele ano, as polícias civil e militar vinham prendendo e espancando prostitutas, travestis e homossexuais no centro da cidade e em outras regiões da capital paulista. Grupos homossexuais, feministas e negros passaram a se mobilizar contra a ação da polícia.
Movimento LGBT no Brasil
O Movimento LGBT brasileiro nasceu em um contexto de grande repressão e injustiça social: a Ditadura Militar, que foi de 1964 a 1985. Assim, o surgimento de algumas publicações LGBT como os jornais Lampião da Esquina e ChanacomChana foram essenciais para o crescimento e o amadurecimento do movimento no Brasil.
O jornal Lampião da Esquina surgiu no ano de 1978 e tinha um cunho abertamente homossexual, apesar de abordar também outras importantes questões sociais. Uma de suas principais ações era denunciar a violência contra a população LGBT.
Três anos depois, em 1981, um grupo de lésbicas fundou o jornal ChanacomChana, vendido e distribuído no Ferro’s Bar, conhecido bar de público lésbico. Não aprovada pelos donos do bar, as mulheres foram expulsas em 1983, resultando em um ato político que deu origem ao que ficou conhecido como o Stonewall brasileiro. Por conta desse levante, que resultou no fim da proibição da comercialização do ChanacomChana, o dia 19 de agosto é o marco no qual se comemora o Dia do Orgulho Lésbico em São Paulo.
Bandeira do movimento LGBT
O Movimento LGBT é representado pela bandeira com as cores do arco-íris, sendo um dos símbolos mais conhecidos em todo o mundo. Surgiu em 25 de junho de 1978, criada pelo artista norte-americano Gilbert Baker, popularizada como símbolo do orgulho gay. Ele era militar, mas após ser dispensado com honras do exército, foi morar em São Francisco, na Califórnia, onde começou a se envolver mais com o movimento LGBTQ+, que, no início dos anos 70, estava começando a ser mais discutido. Por lá, ele aprendeu sozinho a costurar e criou o design dessa bandeira toda coloridona, com as cores do arco-íris.
Sabendo dos seus talentos e envolvimento com a causa, o supervisor da cidade de São Francisco na época, Harvey Milk, pediu para que Baker criasse um ícone para a comunidade LGBTQ+, que até então não tinha uma simbologia oficial (vale lembrar que Milk foi o primeiro político assumidamente gay nos Estados Unidos a lutar pelos direitos do grupo).
Segundo alguns estudiosos, o artista teve como inspiração a cultura dos hippies, que enxergavam no arco-íris um simbolismo para paz, além da canção “Over the Rainbow”, que diz que “além do arco-íris existe um lugar muito bom”, presente no filme clássico “O Mágico de Oz”.
Originalmente, a bandeira consistia em 8 faixas horizontais de diferentes cores, cada uma com um significado atribuído pelo próprio Gilbert Baker. Eram elas:
– Rosa: representando a sexualidade;
– Vermelho: representando a vida;
– Laranja: cura;
– Amarelo: a luz do sol;
– Verde: simbolizando a natureza;
– Turquesa: como símbolo de arte;
– Azul: representante da harmonia;
– Violenta: como representatividade do espírito.
As cores, basicamente, passaram a refletir a diversidade da comunidade e do comportamento humano.
Durante um tempo, chegaram a incluir, ainda, o preto, que era em homenagem às vítimas do HIV. Assim, a bandeira trazia também uma mensagem forte sobre toda a comunidade. Contudo, aos pouquinhos, ela foi voltando a ter apenas as cores iniciais.
Apesar de a história ser bastante bonita, no entanto, infelizmente não teve um final muito feliz. Após o desfile do orgulho gay em 1978, Harvey Milk foi assassinado. O legado dele, no entanto, foi muito importante para o movimento LGBTQ+, assim como a bandeira criada por Bark, que faleceu recentemente, no dia 31 de março de 2017.
Após o assassinato de Harvey Milke, a demanda pela flâmula aumentou consideravelmente, assim como algumas remodelagens também ocorreram. O rosa foi removido pela dificuldade – pasmem – de encontrar o tecido e a conveniência de ter um número par de cores casou a remoção do turquesa.
Desde 1979, a bandeira com as seis cores – Vermelho, Laranja, Amarelo, Verde, Azul e Violeta – se tornou símbolo oficial.
Origem do termo
Durante boa parte do século XX, não havia um termo específico para se referir às pessoas que não se consideram heterossexuais. O primeiro termo utilizado era a palavra homossexual, que em si carregava um preconceito. A própria comunidade homossexual passou a adotar o termo gay a partir da década de 70.
Nos anos 80, o termo utilizado passa a ser GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes), porém, devido ao surgimento de diferentes ramificações e identidades, muitos sentiram a necessidade de adotar um termo que melhor se adequasse à diversidade de orientações sexuais naquele momento.
O termo LGBT surge dessa necessidade no início dos anos 90, ganhando cada vez mais força como um símbolo de inclusão, promovendo debates sobre as questões de identidade sexual e de gênero, e ampliando a luta contra o preconceito.
Variantes do termo
Queer
Algumas pessoas têm defendido a inclusão de uma nova letra à sigla: Q de queer. O termo queer vem sendo utilizado desde os anos 90, mas só agora começou a se tornar mais conhecido. As pessoas que se nomeiam como queer se identificam com outras orientações sexuais sem, necessariamente, fazerem parte de uma delas. Os queer são contrários às normas sexuais socialmente aceitas.
Intersexuais
Por sua vez, pessoas que se identificam como intersexuais são pessoas que possuem alguma variação de características sexuais (incluindo cromossomos ou órgãos genitais) que não permitem que a pessoa seja distintamente identificada como masculino ou feminino.
Dessa forma, muitos têm sugerido uma mudança na sigla para LGBTQ+, incluindo o termo queer e o sinal de mais como forma de inclusão de todas as outras variantes de orientação sexual que vêm surgindo nos últimos anos.
Casamento homo afetivo
A luta contra o preconceito à comunidade LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros – diz respeito não apenas à violência, mas também à reivindicação por igualdade de direitos.
Uma das conquistas mais importantes neste sentido é o avanço da legalização da união civil entre pessoas do mesmo sexo pelo mundo. Ainda são poucos os países que permitem o casamento gay. Mas, gradualmente, mais nações começam a reconhecer aos casais gays os mesmos direitos que os casais heterossexuais.
Em junho de 2015, a Suprema Corte dos EUA legalizou o casamento gay em todos os 50 estados do país, considerando a união civil homo afetiva um direito garantido pela Constituição. A decisão foi uma importante conquista para a igualdade de direitos em todo o mundo, pois, como maior potência mundial, os EUA têm grande capacidade de influenciar comportamentos e cultura em outros países.
Casamento homo afetivo no Brasil
Vale ressaltar que o direito ao casamento gay não diz respeito somente ao aspecto afetivo da união, mas, principalmente, às garantias legais conquistadas.
No Brasil, o casamento gay foi reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em maio de 2011. Com isso, as pessoas do mesmo sexo podem desfrutar dos mesmos direitos e garantias que eram exclusivos dos casais heterossexuais, como a comunhão de bens, pensões e aposentadorias e a possibilidade de compartilhar uma adoção.
Apesar de o fato significar uma importante conquista na igualdade de direitos, o preconceito contra os homossexuais ainda é latente na sociedade brasileira.
Dados do Grupo Gay da Bahia (GGB), que há três décadas coleta informações sobre homofobia indicam que, em 2015, foram registrados 318 assassinatos de gays, travestis e lésbicas, vítimas de agressões físicas. São Paulo lidera a lista, com 55 assassinatos, seguido pela Bahia, com 33. Segundo a organização, quase todos os casos tem como componente a homofobia.
O significado da sigla
A sigla “GLS” (Gays, lésbicas e simpatizantes) caiu em desuso. Organizações internacionais como a ONU e a Anistia Internacional adotam a sigla “LGBT” (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais).
Dentro do movimento propriamente dito, as siglas podem variar (algumas organizações usam LGBT, outras LGBTT, outras LGBTQ…). Atualmente, a versão mais completa da sigla é LGBTPQIA+.
Conheça a representação de cada letra:
L: Lésbicas
G: Gays
B: Bissexuais
T: Travestis, Transexuais e transgêneros
P: Pansexuais
Q: Queer
I: Intersex
A: Assexuais
+: Sinal utilizado para incluir pessoas que não se sintam representadas por nenhuma das outras sete letras.
Chega de preconceito!
A gente diz enraizado quando as pessoas reproduzem uma série de atos de forma tão automática que entendem como normal. Quando a gente vê alguém entender que uma pessoa tem menos direitos que a outra, a justificativa é de que sempre foi assim. E retrucam que agora o politicamente correto virou numa vigilância. Existe o uso de palavras associando a raça negra à inferioridade, assim como mulheres e outros grupos sociais vulneráveis.
Todos nós carregamos nossos marcadores de identidade e eles não são iguais. Uma coisa é você ter olhos castanhos, outra azuis, são os marcadores biológicos. Outras coisas são as construções que temos, como me sinto e me apresento e exerço meu direito de ir e vir. Muitos deles são expressos fisicamente, que pode ou não trazer identidade de raça, pois tem gente que não se reconhece como negro apesar da cor.
Essa distinção entre nascer e ser tem um hiato que precisa ser preenchido conforme o desejo de cada um de nós. Essas identidades precisam ser discutidas à luz da saúde, educação e políticas públicas do País. O entendimento que veio sob o apelido de ideologia de gênero é que dará poder de determinado grupo sobre outro. E isso não está em debate, o que está é o direito humano. Isso só se enfrenta com educação e políticas públicas.
E volto a dizer, seja contra ou a favor dos homossexuais, devemos colocar o respeito ao outro como princípio máximo dessa questão. Chega de preconceito!