Você já ouviu falar na mística e legendária flor edelweiss?
A Edelweiss é a mais encantadora e misteriosa flor das montanhas. Poucas pessoas já viram uma de verdade, mas quase todos já ouviram falar em seu nome.
Estamos na estação mais florida do ano, a Primavera. Pois bem, nesta coluna quero trazer a beleza da primavera, contando uma lenda de uma bela flor. Então, mais uma vez senta que lá vem história, e porque não uma dica de série junto. Os mitos e lendas próprios de um país podem dizer muitas coisas sobre o seu povo: como pensam, vivem, explicam certos fenômenos da natureza e manifestam sua relação com o mundo, firmando valores por meio dessas narrativas populares.
Para mim a mágica da leitura de um livro jamais será comparada a qualquer outra forma de contação de história. É bom que tenhamos sempre em mente que nada substitui a experiência da leitura. Porém, há séries que conseguem fazer com quem está vendo sinta-se dentro do mundo fictício com o mesmo efeito transcendente de um livro. Mas porque estou dizendo tudo isso para falar de uma lenda, muito, muito antiga?
Em meio a um dos meus hobby’s preferidos, que é assistir filme e séries, assim como muitos espectadores, me tornei uma dorameira incurável, e foi assistindo a série “Pousando no amor”, que lembrei de contar uma história sobre uma linda flor que o personagem Ri Junghyuk presenteia empresária Yon Seri. A flor é a edelweiss, uma delicada flor das montanhas e, de aveludadas pétalas brancas, essa flor está tão fortemente ligada aos Alpes, que é difícil acreditar que, na verdade, ela é nativa do Himalaia e da Sibéria.
Você já ouviu falar na flor de edelweiss? Trata-se de uma pequena planta cercada de pétalas brancas, com o centro amarelado e brácteas que lembram uma estrela. Apesar de parecer difícil, a pronúncia é bem simples: fala-se “edelvais” — e você pode escrever assim também!
Além de ser encantadora, a flor de edelweiss possui algumas particularidades interessantes, incluindo uma lenda digna de estampar um bom livro de romance, o supremo talismã do amor, como a flor é conhecida.
A flor de edelweiss é nativa da Europa, também chamada de pé-de-leão, seu nome científico e Leontopodium alpinum, que é da mesma família das margaridas. Os cientistas acreditam que esta flor migrou da Ásia para os Alpes durante a Era do Gelo. Nativa dos Alpes e montanhas europeias, florescendo entre julho e setembro em alguns locais da Suíça, Áustria, França e Itália, nesses lugares, as altitudes vão de 1.800 a 3.000 metros. Seu tamanho variar de 3 a 20 cm, mas pode chegar até 40 cm se for criada em forma de cultivo. A coloração da flor de edelweiss é o que dá origem ao seu nome, uma junção de duas palavras alemãs. “Edel” que pode ser traduzido como “nobre”, enquanto “weiss” significa “branco” — ou seja, “branco nobre” ou “branco precioso”.
O formato em estrela e as pétalas brancas fizeram da flor de edelweiss um dos maiores símbolos suíços e austríacos. Tanto que é considerada a flor nacional desses dois países. Na Áustria, ela também está cunhada na moeda de dois centavos de Euro austríaco (0,02 €) e até dá nome a uma cervejaria do país. Já na Suíça, ao invés de estrelas, é a própria flor que representa o estatuto da patente dos generais suíços.
Uma das histórias mais famosas sobre a edelweiss é a de um jovem que arriscou sua vida escalando um paredão rochoso e empinado de uma montanha. Seu propósito era colher flores de edelweiss para a mulher amada como demonstração de seu amor e coragem. Mas me deixa contar melhor essa história. Entre tantas lendas sobre a edelweiss, uma delas diz que a flor nasceu nos Alpes por causa das lágrimas de uma virgem desconsolada pela perda de seu amor.
Sua origem lendária é de uma beleza tão singular quanto suas pétalas em forma de estrelas. Numa determinada montanha nas estepes da Ásia vivia aprisionada uma Dama Branca, vítima de um sortilégio, que só seria libertada se algum homem corajoso lhe beijasse a mão. O Príncipe Dourado decidiu empreender a jornada em direção à Dama Branca ignorando todos os riscos do perigoso desafio e, começou a subir a montanha sob os olhares aflitos da prisioneira que o aguardava. Entretanto um deslocamento de neve arrastou o Príncipe Dourado para o abismo! Tão grande foi a tristeza da Dama Branca que ela começou a chorar. E o milagre se fez: o contato de suas lágrimas com a neve criou as mais lindas flores, que se espalharam por todas as montanhas da Ásia e depois da Europa, dando aos Alpes o mais belo brilho de pequenas estrelas de pura e delicada cor branca.
Essa história fez com que a planta se tornasse símbolo de amor eterno, abrindo espaço para outras narrativas que a tornaram sinônimo de pureza, romantismo e demonstração amorosa. Como surge somente no alto dos Alpes, conseguir um exemplar da edelweiss se transformou em uma épica prova de amor. Por isso, dizem que rapazes apaixonados subiam as perigosas montanhas de neve para trazê-la intacta, como forma de presentear a mulher amada e conquistar seu coração. Os que retornaram com um buquê de Edelweiss provavam que eram valentes e merecedores do amor de sua amada. Diziam-se também que muitos não voltaram desta arriscada aventura.
Acreditava-se, também, que o “talismã do amor” possuía poderes mágicos. Dizem que quando era usada como incenso, a fumaça desprendida pela flor espantava os espíritos que atacavam o rebanho, causando infecções na úbere. Também se acreditava que a flor ajudava na digestão e no tratamento de doenças respiratórias, como a tuberculose. Mais tarde, seus benefícios medicinais foram imortalizados em poemas e contos: por exemplo, no clássico de 1970 Asterix entre os Helvéticos, Asterix e Obelix são enviados para buscar um antídoto contra um veneno, a edelweiss, ou a ‘estrela de prata’, como também é conhecida.
Além disso, a edelweiss foi utilizada como emblema de manifestações políticas em diferentes momentos da história. No século XIX, a flor de algodão representava o paraíso em uma época onde o ceticismo reinava diante do crescimento das cidades europeias. Foi também um símbolo controverso do nacionalismo na Alemanha e na Áustria, como a flor favorita de Adolf Hitler. Mas, ao mesmo tempo, foi o emblema utilizado pelos “Piratas de Edelweiss”, um movimento de resistência de jovens alemães contra o regime nazista.
Embora a flor não tenha sido utilizada para promover o nacionalismo na Suíça, a flor ajudou a formar a identidade nacional do país. O crescimento do turismo na Suíça e a obsessão pela edelweiss terminaram colocando esta flor em perigo de extinção. Turistas e alpinistas arrancavam a flor para levar de lembrança de suas viagens. Em 1878, o cantão de Obwalden proibiu as pessoas de desenterrarem as raízes da planta. Hoje, esta proibição é considerada como uma das primeiras leis de proteção ambiental da Europa. Atualmente, em nível federal, a edelweiss já não aparece na lista das espécies em perigo de extinção, mas em vários cantões suíços a planta está protegida. Embora a edelweiss já não seja considerada uma flor rara, sua mística e valor para a vida cultural suíça continuam vigentes.
A imagem da flor de edelweiss enfeita tudo: de propagandas de consultórios de dentistas, passando por uma moeda de 5 francos, até as insígnias das Forças Armadas Suíças. Sua importância ultrapassa as fronteiras dos Alpes, já que muitas empresas, atualmente, adotaram o nome e a imagem da edelweiss. A bela flor também é utilizada para fins cosméticos (bloqueadores solares e cremes antienvelhecimento) e na indústria alimentícia (ingrediente de licores, cervejas, chás, queijos e chocolates).
Com toda sua exuberância, a edelweiss é praticamente uma obra-prima. Devido ao seu habitat natural extremo — altitudes elevadas e neve — seu cultivo delicado a torna ainda mais rara. Mas ainda bem que a internet existe, não é mesmo? Assim podemos apreciar essa maravilha, mesmo estando a quilômetros de distância.
Gostou de saber um pouco mais sobre a história da flor de edelweiss? Viu só como até mesmo assistindo a uma série você consegue aprender muitas coisas. E fica aqui minha dica de série: assista “Pousando no amor”, você encontra na plataforma Netflix.
Agradeço imensamente pela leitura até aqui, e semana que vem tem mais! Siga-me nas redes sociais: