ViolĂȘncia domĂ©stica: mulheres recebem acolhimento na Unesc
Encontros são realizados semanalmente na Instituição
VocĂȘ jĂĄ sofreu algum tipo de violĂȘncia domĂ©stica? EstĂĄ insegura? NĂŁo sabe o que fazer e tem medo de expor o parceiro ou nĂŁo consegue sair dessa situação? A Unesc, em parceria com o NĂșcleo de Prevenção Ă s ViolĂȘncias e Promoção da SaĂșde (Nuprevips) e o NĂșcleo de PrĂĄticas Integrativas e Complementares em SaĂșde (Nupcis) da Prefeitura Municipal de CriciĂșma, estĂĄ colocando Ă disposição um centro especializado que fornece atendimentos totalmente gratuitos. Por meio de profissionais tambĂ©m mulheres, as instituiçÔes promovem assistĂȘncia social e psicolĂłgica, garantindo o respeito e a privacidade. Promover momentos de reflexĂŁo, autoconhecimento e interação social sĂŁo alguns dos objetivos dos encontros realizados todas as semanas, no perĂodo da tarde, na Universidade.
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A Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, que estabelece como crime a violĂȘncia domĂ©stica, foi vista como um marco e reconhecida pela Organização das NaçÔes Unidas (ONU) como uma das trĂȘs melhores legislaçÔes do mundo no enfrentamento Ă violĂȘncia contra a mulher. No entanto, a cada ano, milhares de mulheres ainda vivem em situação de violĂȘncia domĂ©stica. O RelatĂłrio Global da Organização Mundial de SaĂșde (OMS), com base em dados de 2000 a 2018, indica que uma em cada trĂȘs mulheres em todo o mundo – cerca de 736 milhĂ”es de pessoas – sofre violĂȘncia fĂsica ou sexual, principalmente por um âparceiroâ Ăntimo.
Segundo a psicĂłloga do Nuprevips Paola Rodegheri Galeli, em 2020 a cidade de CriciĂșma apontou 555 casos de situaçÔes de violĂȘncia interpessoal em diferentes situaçÔes. JĂĄ em 2021 foram 735 casos na cidade, conforme dados apurados na Secretaria de SaĂșde do MunicĂpio. âDesses 555 casos registrados, 374 deles sĂŁo de violĂȘncia contra mulheres e, dos 735 registrados no ano passado, 491 tambĂ©m de violĂȘncia contra mulheresâ, ressalta a psicĂłloga.
Os dados sĂŁo apurados, apĂłs registros nas Unidades de SaĂșde, hospitais, Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e nas ClĂnicas da Unesc. âGeralmente, a pessoa em situação de violĂȘncia domĂ©stica tem vĂnculo com o autor ou com o prĂłprio cuidadorâ, menciona.
Conforme a assistente social do Nuprevips AndrĂ©a Vieira da Silva, dentre as violĂȘncias, a mais comum Ă© a fĂsica seguida da psicolĂłgica. âA violĂȘncia psicolĂłgica deixa sequelas emocionais graves que mudam a autoestima da vĂtima e Ă© mais difĂcil de ser identificada. JĂĄ a violĂȘncia fĂsica, geralmente, Ă© mais aparente, sendo esta identificada. NĂłs monitoramos e atendemos muitas situaçÔes de violĂȘncia contra mulher. Nem todas conseguem se perceber na situação ou nĂŁo conseguem sair dela, seja por medo ou fragilidade emocionalâ, alerta Andrea.
Encontros semanais
O espaço, localizado nas ClĂnicas Integradas da Unesc, Ă© destinado ao acolhimento e atendimento Ă pessoa em situação de violĂȘncia domĂ©stica. O grupo Ă© composto por dez mulheres e se reunirĂĄ pela quarta vez na tarde desta quarta-feira, dia 20.
Durante os encontros elas participam de roda de conversa, fazem dinĂąmicas, alĂ©m de prĂĄticas integrativas e complementares que sĂŁo tratamentos que utilizam recursos terapĂȘuticos, como reiki, yoga, e relaxamento, por exemplo.
A enfermeira integrativa da Prefeitura, Sirli Resin explica que o intuito das prĂĄticas integrativas Ă© resgatar a essĂȘncia da mulher, a autoestima e o auto perdĂŁo. âO que queremos eliminar da nossa vida e o que queremos levar? Queremos alimentar coisas boas entre elas. E as prĂĄticas vem para trazer esse equilĂbrio, tanto fĂsico, quanto mental e espiritualâ, relata Sirli, que acrescenta que atendimentos individualizados tambĂ©m podem ser realizados, caso haja necessidade.
Conforme AndrĂ©a, apesar de existirem leis de proteção Ă mulher Ă© preciso oferecer serviços de cuidado em saĂșde na reparação psĂquica destas situaçÔes de violĂȘncia. âTemos situaçÔes de tentativas de suicĂdio por mulheres que entram em depressĂŁo decorrente de vivĂȘncias de violĂȘncia psicĂłloga e fĂsica. Estimulamos muito esta questĂŁo do ouvir, do acolher e do estabelecer uma conexĂŁo com o outro, de cuidado, de o paciente saber que ele tem no profissional alguĂ©m que pode contarâ, enfatiza a assistente social. âEsse serviço se torna fundamental para tirar dĂșvidas, discutir, e realizar uma assistĂȘncia adequada, alĂ©m de ser uma corrente de mobilizaçãoâ, completa Paola.
O Programa de ResidĂȘncia Multiprofissional em SaĂșde Coletiva, Atenção BĂĄsica e SaĂșde Mental da Universidade tambĂ©m Ă© parceiro da atividade.
Fique atenta
A psicĂłloga do Nuprevips explica que quando os profissionais de saĂșde do MunicĂpio verificam que um paciente estĂĄ em situação de violĂȘncia provocada por outra pessoa ou por ele prĂłprio devem preencher a notificação do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). A partir disso, o profissional deve fazer a notificação. âEla traz todo o processo de acompanhamento e garantia de acesso aos serviços dentro da redeâ, relata.
Portas abertas
O Nuprevips Ă© composto por assistente social, psicĂłlogo, enfermeiro e residentes em saĂșde mental. Ă um serviço de acolhimento e assistĂȘncia Ă s crianças, adolescentes, mulheres, adultos e idosos vĂtimas de qualquer tipo de violĂȘncia: sexual, psicolĂłgica ou moral, financeira ou econĂŽmica, institucional, negligĂȘncia, fĂsica, trabalho infantil, tortura, trĂĄfico de seres humanos, suicĂdio e bullying.
Para acessar o nĂșcleo hĂĄ duas maneiras: encaminhamento por serviço de saĂșde do MunicĂpio ou contato direto do paciente. Para entrar em contato, basta ligar para o telefone (48) 3431-2764, de segunda a sexta-feira, das 8h Ă s 12h e das 13h Ă s 18h. O serviço funciona nas ClĂnicas Integradas da Unesc.
(Fotos e texto: Daniela Savi/Agecom/Unesc)