Trajetória da Unesc será contada em série de reportagens e materiais audiovisuais
“Unesc: 55 anos de histórias” será protagonizada por pessoas que ajudaram e ajudam a construir a história da Universidade
A Fucri/Unesc é construída por muitas vozes, mãos e lutas. E nada melhor que aqueles que ajudaram e ajudam na estruturação e consolidação de uma das maiores instituições do Sul catarinense contarem esta história. Para isso, a Unesc reúne personalidades em entrevistas que farão parte do projeto “Unesc: 55 Anos de Histórias”. Os materiais serão veiculados no decorrer de 2023. O primeiro capítulo divulgado possui o depoimento do ex-diretor-presidente da Fucri, Laênio Ghisi.
Elaborado pela Agência de Comunicação da Unesc (Agecom), com vídeos produzidos por meio da UnescTV, o projeto envolverá pessoas fundamentais ao longo dos 55 anos de histórias da Instituição, entre eles: ex-diretores da Fucri, ex-reitores da Unesc, colaboradores, autoridades políticas, entre outros.
“A história da Unesc é viva e possui muitos personagens fundamentais em sua construção. Além de contar as histórias, queremos perpetuar e reconhecer estas conquistas e esforços que contribuíram e contribuem para que a nossa Universidade seja esta Instituição forte e perene”, salienta a reitora da Unesc, Luciane Bisognin Ceretta.
Para compor o material, uma ampla pesquisa e entrevistas foram iniciadas neste ano de celebração. Todo o material será publicado no canal Unesc TV, no Youtube, além de ficar disponível no Centro de Memória e Documentação (Cedoc) da Universidade. Ao final do processo de captação, edição e pós-produção, os vídeos individuais serão reunidos em um média-metragem. O documentário será exibido em sessão especial no campus.
O material também irá integrar um fotolivro de resgate da memória institucional, com lançamento previsto para novembro. A obra terá formato multimídia em uma parceria da Agecom, do Cedoc e do curso de História da Unesc.
“A história da nossa Unesc é rica e merece ser registrada para a posteridade. Mais que reunir os depoimentos destas pessoas que ajudaram na construção da Instituição, queremos que as futuras gerações conheçam a semente que gera os frutos que vemos, atualmente, em todos os lugares da região”, enfatiza a gerente de Comunicação Corporativa e Endomarketing, Caroline Bortot.
– Confira a primeira reportagem da série “Unesc: 55 Anos de Histórias” em texto e vídeo:
Unesc 55 anos de histórias: “Para mim a Universidade representa tudo”, enfatiza o ex-diretor da Fucri, Laênio Ghisi
Ele é o responsável pela aprovação da Carta Consulta que visava transformar a Fundação Educacional de Criciúma em Universidade
A voz potente e inconfundível do cerimonialista e mestre de cerimônias da Unesc, Laênio Ghisi, encanta e emociona o público durante as colações de grau da Universidade. Em décadas de trabalhos prestados, ele já presenciou a transição da vida acadêmica para a vida profissional de milhares de pessoas.
Porém, as suas contribuições com a Instituição vão muito além. Ele ingressou na Fundação Educacional de Criciúma (Fucri) como aluno de Administração, passando, posteriormente, à direção da Escola de Ciências Contábeis e Administrativas (Escca), ascendendo após à direção da Fucri, contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento e crescimento da Instituição.
“Na época, a maioria dos jovens que quisesse frequentar um curso superior precisava se ausentar da cidade. Como todos trabalhavam, o sonho era ter uma Instituição em Criciúma. Eu era membro da Câmara Júnior de Criciúma que tinha como presidente o meu colega Irmão Walmir Antonio Orsi, um entusiasta da educação e incentivador daqueles que queriam estudar”, recorda.
O primeiro passo rumo à Universidade
Laênio permaneceu na Fucri, ocupando a função de diretor-presidente de 1989 a 1993, período em que deixou grande parte do seu legado. Entre as mais significativas contribuições está a aprovação da Carta Consulta, um marco importante para elevar a Fucri à categoria de Universidade. Sua visão e liderança foram cruciais para esse avanço significativo da instituição.
“Desde o início, a minha maior aspiração era transformar a Instituição em Universidade. Naquela época, as frases: ‘Universidade já!’, ‘Rumo à Universidade’”, ecoavam na mente das pessoas. Decidi então me dedicar integralmente à Fucri. Abracei todos que podiam ajudar, como por exemplo, o professor Eurico Back, que era o único doutor que tínhamos”, relata.
“Juntos, começamos a escrever o projeto de transformação em Universidade, que ficou conhecido como Carta Consulta. O entusiasmo na comunidade era contagiante, e eu sempre transmitia a convicção de que alcançaríamos o nosso objetivo”, acrescenta o ex-diretor.
Uma ajuda inesperada, mas decisiva
Na década de 1980 a região contava com uma figura de destaque em Brasília: Adhemar Ghisi, cuja trajetória política havia sido construída nas décadas anteriores na capital federal. Em 1984, sua notoriedade foi reconhecida quando o presidente da República João Figueiredo o indicou para ocupar uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU).
Enquanto isso, em viagem a Brasília, o diretor-presidente da Fucri, Laênio Ghisi levava consigo a Carta Consulta, documento crucial para a transformação da Instituição em Universidade, para ser apreciada e votada pelo Conselho Federal de Educação No entanto havia um obstáculo: o tema estava listado como o quinto item da pauta do dia, o que significava que, caso não fosse deliberado, seria adiado para o próximo encontro. E era aqui que surgia outro problema que deixava Laênio apreensivo.
“Eu estava ciente que o nosso projeto já havia entrado na pauta em outras oportunidades, mas não foi votado devido a falta de tempo. Naquele momento estávamos diante da última sessão do Conselho, pois ele seria extinto, passando a ser Conselho Nacional de Educação. Sendo o quinto item da pauta daquele dia, corríamos o risco de não ser apreciada a tempo”, recorda.
Após essa sessão, de acordo com Laênio, seria necessário aguardar a formação do novo Conselho Nacional de Educação, a nomeação dos novos conselheiros e o agendamento de uma nova reunião. “Foi nesse momento que lembrei do meu primo Adhemar Ghisi. Entrei em contato, expliquei a situação e ele prontamente me acompanhou até o Conselho”, acrescenta.
Laênio lembra que, como ministro, Adhemar Ghisi foi recepcionado pelo presidente do Conselho que lhe perguntou se ele gostaria de fazer o uso da palavra. Adhemar, por sua vez, disse que gostaria de fazer apenas um pedido: que o item passasse para primeiro item da lista porque ele gostaria de participar do debate e da votação. Só um dos conselheiros se absteve do voto porque alegou entender somente de Ensino Fundamental. “Dos demais, todos aprovaram a nossa Carta Consulta, que posteriormente foi enviada ao Conselho Estadual de Educação”, conta.
“Estou certo de que sem o Adhemar Ghisi naquele momento a Carta Consulta não teria sido aprovada. Após isso, ele foi paraninfo de uma de nossas turmas e eu, como diretor da Fucri, lhe agradeci e reconheci a importância que ele teve naquele processo”, complementa.
Desdobramentos
Laênio sabia que aquele passo ousado resultaria em desdobramentos nos anos seguintes. E essa visão se concretizou em 1991, quando uma resolução foi promulgada, promovendo a integração das quatro escolas: Faculdade de Ciências e Educação (Faciecri); Escola Superior de Educação Física e Desporto (Esede), Escola Superior de Tecnologia (Estec) e Escola Superior de Ciências Contábeis e Administrativas (Escca), criando assim a União das Faculdades de Criciúma (Unifacri), e o seu Regimento Unificado.
No mesmo ano, o processo de transformação da Unifacri em Unesc foi encaminhado ao Conselho Federal de Educação (CFE), sendo aprovado em agosto de 1992 pelo parecer nº 435/92.
Naquele momento, a competência de criação de universidades passou para o Conselho Estadual de Educação, que recebeu o projeto da Unesc em 1993, quando constituiu uma Comissão de Acompanhamento, com a função de acompanhar o processo.
“A Câmara Júnior tem um lema que no final diz: ‘servir à humanidade é a maior obra de uma vida. Aprovando a Carta Consulta em Brasília, eu sabia que haviam outros encaminhamentos, que não era só transformar em Universidade, mas penso que servimos a humanidade, pois a Unesc está presente hoje em todo Sul Catarinense com 55 anos de trabalhos comunitários”, cita.
Laênio Ghisi ocupou a direção até 1992, tendo como sucessores, o diretor-presidente Edson Carlos Rodrigues e o vice Antônio Milioli Filho, que deram continuidade ao sonho da Universidade.
Cinco grandes realizações
Além da aprovação da Carta Consulta, que mudaria o futuro da Fundação Educacional de Criciúma, Laênio Ghisi diz que cinco realizações marcaram o seu mandato. “Consegui criar o Colégio de Aplicação (CAP), que hoje é o Colégio Unesc; a bandeira; o hino; e o coral da Universidade. São cinco itens indissolúveis, pois vão existir sempre na história da Unesc e do Sul catarinense.
Crescimento contínuo
Até ingressar no curso de Administração da Fucri, Laênio atuava como locutor de rádio. “Para mim a Unesc representa tudo, uma mudança na minha caminhada de vida. Hoje, sigo na Instituição. Não só a minha vida mudou, mas de toda a região. A Instituição está em um desenvolvimento muito grande e vai seguir crescendo sempre, cada dia mais. A Unesc cumpre muito bem a sua missão que é promover o desenvolvimento regional com os seus trabalhos, projetos na Extensão, Ensino, Pesquisa, Inovação e Internacionalização”, salienta.
“O que seria do Sul catarinense sem a Unesc? A Universidade é o motor propulsor do desenvolvimento da região. Desejo que a Universidade continue crescendo”, completa.
Ainda hoje, após centenas de cerimônias de colação de grau, o ex-diretor se emociona com cada um dos eventos e das histórias de superação de quem concluiu o ensino superior. “Sou da Unesc, não sou tercerizado para ler um protocolo. Coloco muita emoção no momento e fico feliz de ver toda aquela comunidade aplaudindo, famílias abraçadas com os seus filhos pela conquista do ensino superior. Sinto-me muito feliz e emocionado em todas as vezes”, finaliza.
Assista ao vídeo produzido pela Unesc TV: