Trabalhar de casa ou presencial? Modelo híbrido ganha força

Diversas mudanças na vida e na rotina foram impostas com a pandemia da Covid-19.  O ‘novo normal’ modificou diversas rotinas, principalmente, no mercado de trabalho. Salas das casas tiveram que ser transformadas em escritório e uma nova rotina se impôs devido ao combate ao coronavírus.

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Foi nesse contexto que Victor Possebon Waghetti foi contratado em abril de 2020 pela Eliane Revestimentos. Todo o treinamento para que ele atuasse na àrea de controladoria e reports da empresa foi realizado de forma virtual.

“Foi desafiadora – sempre trabalhei no modelo presencial – mesmo que já tivesse trabalhado em empresas multinacionais onde tínhamos contato virtual com times de outros países. A parte mais complexa foi o treinamento, até então, qualquer treinamento que eu tive sempre foi presencial. O treinamento com o meu gestor foi totalmente virtual, o que foi um desafio e tanto para mim, para ambos, visto que foi uma novidade para os dois”, comenta.

Porém, com o passar do tempo o que era novidade foi virando rotina. “Aos poucos fomos vivenciando o novo, nos sentindo melhor adaptados ao formato virtual e superando as dificuldades iniciais”, ressalta. Morando em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, a rotina foi totalmente alterada devido ao trabalho realizado na empresa.

“Alterou bastante, desde o horário de acordar, até o momento de dormir. Os 30 minutos a mais de sono melhoram o humor ao longo do dia de trabalho”, brinca ele. “Um ponto importante que deve ser destacado é que mesmo estando em casa, você está trabalhando. No início foi uma situação que tivemos que nos adaptar, mas com o comprometimento de todos, o home office mostrou ser um novo modelo de trabalho muito eficiente”, completa Victor.

Assim como ele, devido a pandemia, cerca de 8,2 milhões de brasileiros tiveram que mudar a rotina e realizar o teletrabalho em 2020. Os dados são de um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), feito a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre maio e novembro de 2020.

Ainda segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) entre 2019 e 2020 houve um aumento de negociações trabalhistas para vagas de trabalho remoto, sendo que este número passou de 284 para 2.738.

Formato híbrido é implementado

Com a diminuição de casos de Covid-19 e o avanço da vacinação, diversas empresas retornaram aos trabalhos presenciais. Porém, algumas delas, decidiram permanecer com o trabalho remoto, juntamente, com alguns encontros presenciais.

“Hoje eu trabalho de casa. Tipicamente organizo minhas demandas de trabalho de acordo com a jornada e minhas principais interações profissionais são realizadas por meio da plataforma Teams. Recentemente retomamos encontros presenciais na empresa. São momentos oportunos para o relacionamento com toda a equipe e a frequência disso deve trazer um equilíbrio harmonioso para o trabalho”, explica Victor.

Adaptado, ele acredita que o modelo híbrido de trabalho é uma grande tendência. “No meu ponto de vista o híbrido será o modelo mais adotado e mais eficiente após as flexibilizações. Assim, você terá a liberdade do home office, mas reunindo a equipe em períodos importantes. O virtual aproxima as pessoas, mas toda a equipe reunida em uma sala focada em chegar ao mesmo resultado é algo que o virtual ainda não consegue prover”, afirma.

Modelo aprovado

A decisão da Eliane de manter o trabalho híbrido no setor administrativo da empresa ocorreu após a aprovação do modelo por 90% dos trabalhadores. Além disso, foram observados melhorias na produtividade. Além disso, os trabalhadores apontaram uma melhor qualidade de vida e saúde, maior concentração e otimização do tempo com o modelo. A empresa, também, passou a proporcionar cursos através da plataforma de ensino a distância e-Voluir.

“A ideia de adotarmos o trabalho remoto na Eliane surgiu em 2019 por meio de sugestões dos colaboradores que foram compartilhadas em nossa pesquisa de engajamento anual. Em 2020, a chegada da pandemia acelerou esse processo e alteramos toda a equipe das áreas administrativas para o formato teletrabalho. Em janeiro de 2021 a empresa formalizou a política de teletrabalho”, explica a gerente de Recursos Humanos da Eliane Revestimentos, Aline Ronconi.

Dos 2.721 colaboradores da Eliane nas unidades do Sul e Nordeste, 209 atuam no modelo híbrido. “Na organização, realizamos nossas atividades fora das dependências da empresa. Seja em casa, espaço coworking ou ambiente que permita realizar o trabalho com as condições adequadas. A gestão dispõe de autonomia para definir a frequência com que irá reunir sua equipe presencialmente”, explica Aline.

Segundo ela, a adaptação dos trabalhadores ao modelo foi rápida em 2020, considerando a situação. A empresa realizou investimentos em equipamentos como notebook para que os colaboradores pudessem atuar em casa.

“Fomos realizando os ajustes necessários, trabalhando temas do contexto em nosso programa de liderança, a fim de prepararmos os líderes para os desafios com suas equipes. Assim como realizamos uma série de ações com os colaboradores a fim de orientá-los a respeito do teletrabalho, ginástica laboral online e webinar sobre bem-estar emocional”, conta a gerente.

Além da melhoria na qualidade de vida, foi observada a dimunição de custos com o trabalho híbrido tanto para a empresa, quanto para os trabalhadores.

“Contribui, também, para o bem-estar dos colaboradores, devido à uma maior flexibilidade para a execução de suas responsabilidades, permite maior versatilidade na contratação de novas pessoas e isso é percebido como alto valor no mercado de trabalho. É importante destacar que precisamos proporcionar espaços e ações que visem disseminar a cultura da organização e a qualidade nas relações interpessoais. Pensando nisso, a Eliane criou espaços interativos para a gestão reunir seu time periodicamente para fomentar a cultura e a sinergia das equipes”, finaliza Aline.