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“Sou um otimista com o Brasil. Vou continuar investindo”

Os catarinenses já se acostumaram a ver a imagem de Luciano Hang, de tempos em tempos, anunciando a abertura de mais uma loja Havan. O entusiasmo que ele imprime nos comerciais é o mesmo que mantém em seu dia a dia. Nascido em Brusque, cidade em que vive até hoje mesmo já tendo se tornado um cidadão do mundo, começou a empreender ainda nos tempos de escola ao abrir, com apenas nove anos, uma revenda de doces. A energia que move o empresário, um colecionador de prêmios, homenagens e títulos, é transmitida às equipes da Havan e fica clara durante a entrevista que concedeu, com exclusividade, à Coluna Pelo Estado. Aqui ele falou um pouco de sua história, dos planos e metas para a rede de lojas, e sobre a situação do país. Nega qualquer pretensão política. Entretanto, defende que está na hora de todos se posicionarem mais enfaticamente. “Como cidadão, não vou me acovardar, deixar de dizer o que penso. Sou contra o politicamente correto. O que for para falar, eu vou falar.”

 

[PeloEstado] – A rede de Lojas Havan já conta 102 lojas. Há planos para mais inaugurações ainda em 2017?

Luciano Hang – Até o final do ano vamos entregar mais cinco lojas, em Taubaté (SP), Porto Belo (SC), Cascavel (PR), Joaçaba e Navegantes (SC). Vamos fechar o ano de 2017 com 107 lojas.

[PE] – Como se explica essa expansão em plena crise?

Hang – Nós vínhamos crescendo na faixa dos 40% ao ano, entre 2009 e 2014, em faturamento. Em 2015 crescemos 16% e em 2016, aí sim, seguramos nossos investimentos totais e abrimos apenas uma loja. Fizemos um grande trabalho de redução de despesas, com demissões, infelizmente, mudança de processos da empresa e solidificamos a gestão. Isso nos deu condições para retomar os investimentos agora, em 2017. Ao longo do ano, no total, serão 13 novas lojas. Em 2018 vamos chegar a 120 unidades no país e a partir daí a meta é abrir 20 lojas por ano nos próximos cinco anos. Queremos chegar a 200 lojas até 2022. Nosso investimento médio anual é de R$ 300 milhões a R$ 400 milhões. O tempo de retorno varia de acordo com a loja, de dois a cinco anos.

[PE] – O país comporta tantas unidades?

Hang – Comporta muito mais. Vamos cumprir o planejamento de expansão de 100 em 100 lojas a cada cinco anos. Cumprida uma etapa, avaliamos a situação do país e partimos para mais 100. Esse país é muito grande, de tamanho continental.

[PE] – Especificamente para Santa Catarina, quais os planos?

Hang – Devemos inaugurar 20 novas lojas no estado nos próximos dois anos. Vamos ampliar o nosso Centro de Distribuição de Barra Velha, que atende todas as nossas lojas, e abrir pelo menos uma Havan nas principais cidades catarinenses. Nós acreditamos em Santa Catarina. É um estado de excelência, com baixa inadimplência, grande empregabilidade e diferenciado do restante do país. Vamos dar prioridade a Santa Catarina em nossos investimentos, e também ao vizinho Paraná, onde voltaremos a investir.

[PE] – São muitas as diferenças regionais no que diz respeito à mão de obra?

Hang – Noto diferenças não só entre estados, mas mesmo entre cidades de um mesmo estado. Existem lugares em que as pessoas são focadas no trabalho. Santa Catarina se diferencia nessa área. Tem um povo trabalhador, dedicado, que se envolve. E quanto mais para o interior, maior a qualidade do trabalhador.

[PE] – Há planos de abrir lojas em outros países, do Mercosul, por exemplo?

Hang – Não. Momentaneamente, não. Ainda temos que trabalhar por muitos e muitos anos no Brasil, que tem um grande mercado. Não há necessidade de irmos para outros países. Vamos gerar emprego e renda no nosso país.

[PE] – O senhor adquiriu duas grandes e históricas indústrias de Brusque que estão com as atividades encerradas. O que planeja?

Hang – Nos últimos dois, três meses, compramos a fábrica da Schlösser. Na semana passada adquirimos também a da Carlos Renaux, onde, aliás, tive meu primeiro emprego e fui operário durante sete anos. Meu pai trabalhou lá por 40 anos e minha mãe, por 30 anos. Vamos fazer lá o Centro Industrial Renaux, que vai abrigar empresas de tinturaria, tecelagem, fiação, confecção, facção, depósitos para indústria e logística, espaços que serão locados. A Havan consome muita produção de Santa Catarina e as empresas fornecedoras cresceram junto conosco, precisam de espaço dedicado. As duas fábricas têm áreas grandes que foram abandonadas e agora vamos revitalizar para receber, inclusive, esses fornecedores. Juntas elas têm 80 mil metros quadrados de área construída. Já a Vila Schlösser vai abrigar uma faculdade da Uniasselvi, escritórios de tecnologia, restaurantes, bares. Investimos perto de R$ 70 milhões nas duas aquisições e vamos aplicar mais uns R$ 20 milhões para deixar tudo pronto.

[PE] – A comunicação é uma marca forte da Havan. É uma política na qual investe desde o início?

Hang – Sou fã da comunicação, dos meios de comunicação. As empresas, principalmente de comércio e de serviços, precisam acreditar e apostar na comunicação. O ditado de que a propaganda é a alma do negócio continua valendo. Estamos com campanhas fortes em programas como Ratinho, Celso Portiolli, Luciana Gimenez, Teodoro & Sampaio… mas eu voltei a me comunicar diretamente com a população há pouco tempo, quando começaram a surgir boatos dizendo que a Havan pertencia a políticos. Se a Havan pertencesse mesmo a um político ou a uma política, já teria quebrado! Lamentavelmente, político não sabe dizer não, quer agradar todo mundo e faz o que não deve fazer. Se as empresas fossem tocadas da mesma forma como administram o país, todas já teriam quebrado. Todas.

[PE] – A imprensa do interior, é importante na sua estratégia de comunicação?

Hang – Muito! A imprensa regional é que fala com a cidade. É através dos jornais e das emissoras de rádio locais que as pessoas ficam sabendo o que está acontecendo em seus municípios, assuntos que interessam diretamente a elas. É por meio dessa mídia regional que eu falo com o meu consumidor, com o meu cliente.

[PE] – O senhor acredita no Brasil?

Hang – Sou otimista com o Brasil. Vou continuar investindo no país porque acredito! Mas a população tem que cuidar muito com o seu voto e votar em pessoas que de fato fizeram alguma coisa na vida, que são gestores. Lamentavelmente, muitos políticos prometem de tudo, gastam mais do que o necessário e quem paga essa conta é a população brasileira. É preciso saber discernir. Apesar de todas as dificuldades, sou esperançoso quanto ao futuro do Brasil. Só não vamos manter os planos de investimentos se notarmos que nas próximas eleições votaram errado de novo e elegeram alguém que leve o país para trás. É preciso fazer mudanças estruturais e isso exige um governo com força e com a cabeça no lugar.

[PE] – O que atrapalha?

Hang – O nosso país tem grandes potencialidades. Se o Brasil não tivesse tanta burocracia, cresceria de 5% a 10% ao ano com facilidade. Mas o governo, com seus órgãos públicos, com a máquina engessada como é, pede licença para tudo. É inexplicável! Travam a produção e até mesmo o ímpeto empreendedor. E falo de todos os níveis: União, estados e municípios. Um ímpeto doentio por burocracia. Viajo o mundo todo e é inexplicável o que fazem com o empreendedor no Brasil. Aqui travam o próprio desenvolvimento que poderia gerar investimento, tributos, empregos, renda, avanços econômicos e sociais.

[PE] – Tem pretensões políticas?

Hang – Não. Apenas estou me manifestando e tenho notado que nos últimos meses muitas pessoas, muitas lideranças, têm feito o mesmo. Com o acesso tão fácil às mídias digitais, as pessoas começaram a expor a indignação com as mazelas que atingem o Brasil. Não só eu! Sou apenas mais um a reclamar, a expor o que acha que está errado.

 

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