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Setor calçadista ensaia recuperação para níveis pré-pandemia

Para Abicalçados, crescimento da produção do setor deve ser de 3,2% em 2024, puxada por mercado doméstico

Depois de cinco anos, a produção do setor calçadista brasileiro finalmente está se aproximando do patamar pré-pandemia. Estimativas da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) mostram que a produção deve crescer 3,2% no cenário otimista da entidade, para 893 milhões de pares. 

A Abicalçados destaca que o consumo aquecido das famílias brasileiras é o principal fator para a recuperação do segmento, dada a elevação média dos salários e baixas taxas de desemprego. Para o economista-chefe da Federação das Indústrias de SC (Fiesc), Pablo Bittencourt, um novo ciclo de alta na taxa de juros brasileiras pode ter impactos negativos sobre o endividamento das famílias, contribuindo para arrefecer um movimento mais acelerado de recuperação do setor, já que a demanda interna vem impulsionando a atividade. 

Embora o consumo interno de calçados esteja alavancando a produção, as exportações não seguem o mesmo caminho. De acordo com a associação do setor, o volume de pares exportados acumula queda de 21% no ano, até setembro, em comparação com igual período de 2023. A entidade afirma que o calçado brasileiro vem perdendo mercados para países asiáticos como Vietnã, China e Indonésia e a expectativa é de que ao fim de 2024 o recuo nas vendas externas atinja 19,2% no cenário mais pessimista. No acumulado dos nove meses do ano, as importações somaram 27 milhões de pares e US$ 351,25 milhões, incrementos de 17,3% e 1%, respectivamente, ante o mesmo ínterim do ano passado.

Varejo

A recuperação do setor pós-pandemia, no entanto, é considerada lenta. Para o presidente da Câmara da Indústria Têxtil, de Confecções, Couro e Calçados da Fiesc, Giuliano Donini, o crescimento ocorre em um ritmo mais moroso do que o ideal, pois, embora haja sinais positivos como a expansão do emprego e da renda, o aumento do custo de vida e o surgimento constante de novas demandas continuam a pressionar o poder de compra dos consumidores brasileiros. “Neste ano, por exemplo, o destaque no noticiário tem sido o setor de apostas esportivas, que se consolidou como mais um competidor pela atenção e recursos dos brasileiros”, afirmou.

Estudo da plataforma Abit.IEMI, que analisou o varejo de calçados em 2023, apontou que foram comercializados 761 milhões de pares de calçados no Brasil, queda de 14% sobre o volume registrado em 2019. O segmento contabilizou vendas correspondentes a cerca de R$ 74 bilhões no ano passado, um crescimento de 25% em valores nominais em relação a 2019.

O estudo da Abit.IEMI reporta ainda que o número de pontos de venda físicos cresceu quase 0,6% frente a 2019 em todo o país, para cerca de 38 mil lojas especializadas, das quais 82,3% são lojas de rua. O varejo online destaca-se como o canal de vendas que mais cresceu desde a pandemia. O número de pares vendidos pelo e-commerce aumentou 144,1% em 2023 em comparação com 2019, e o volume financeiro das vendas cresceu 15,8%. 

O setor corresponde a 2% do PIB da indústria de transformação e emprega cerca de 280 mil pessoas no Brasil. Em SC, são 7,7 mil empregos, em cerca de 380 estabelecimentos, na sua maioria (80%) microempresas.

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