“Serve de exemplo para o Brasil”, afirma conselheira federal sobre a Farmácia Solidária
Hortência Salett Muller Tierling visitou o local que funciona nas Clínicas Integradas da Unesc
Criada em 2006, a Farmácia Solidária, setor integrado às Clínicas Integradas da Unesc, é mais um serviço da Universidade que impacta positivamente toda a região Sul catarinense. Benefício à comunidade que é comprovado pelos números: somente em 2022 foram R$ 1,6 milhão em medicamentos doados, R$ 2,2 milhões de remédios arrecadados e aproximadamente 20 mil atendimentos realizados.
Tudo isso foi apresentado à conselheira federal de Farmácia, Hortência Salett Muller Tierling, durante visita ao local nesta semana.
“A minha impressão foi ótima porque, além de ter a presença de um farmacêutico durante todo o horário de atendimento, há o apoio técnico e a ligação direta com a Universidade para avaliar os medicamentos, fazendo triagem e análise, sempre que necessário. É um projeto lindo que serve de exemplo para o Brasil. Já vimos outros projetos, mas que não têm este trabalho conjunto com a Universidade e pode servir de referência para projetos de lei estadual ou federal”, enfatiza.
A Farmácia Solidária possui uma profissional responsável, três estagiários fixos e quatro bolsistas de extensão. Conta ainda com professores que supervisionam diretamente cerca de 180 alunos do curso de Farmácia que ao longo de cada ano atuam no setor desenvolvendo atividades como triagem, registro de medicamentos no sistema, controle de qualidade, entre outros.
“É um projeto que nasceu por meio de parcerias, inclusive apresentado ao Conselho de Farmácia para regulação, e hoje temos o privilégio de ter a Hortência, ex-presidente do Conselho Regional nos representando no Conselho Federal, para conhecer de perto. Recebê-la na Unesc significa levar as ideias e as estratégias da Farmácia Solidária para outro âmbito de discussão. Ficamos felizes com a visita e pensamos que, a partir disso, surgem novas ideias para fortalecer a Farmácia em âmbito nacional”, destaca a coordenadora da Farmácia Solidária, professora Indianara Reynaud Toreti.
Desde a sua criação, há quase 20 anos, já passaram pelo setor mais de mil alunos do curso de Farmácia que, formados, atuam na região.
“Percebemos que o impacto social de uma Universidade Comunitária como a nossa é muito grande. Somos uma Instituição que investe na própria operação, por isso temos a Farmácia Solidária, as Clínicas Integradas, estamos todos os dias nas comunidades promovendo atendimentos totalmente gratuitos, entre tantas outras ações”, destaca a pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação, Inovação e Extensão (Propiex), Gisele Coelho Lopes.
Segurança ao paciente
Hortência salienta que a preocupação com a Farmácia Solidária por parte da Universidade é perceptível. “Isso dá uma segurança maior ao paciente, pois sabemos que, às vezes, o medicamento pode não ter sido armazenado de maneira correta na residência, ficando exposto à umidade ou incidência solar, o que pode diminuir a sua qualidade. Mas todo este aparato técnico, esta análise dos professores junto aos acadêmicos de Farmácia e com os farmacêuticos, gera maior segurança ao usuário que tanto necessita e que, às vezes, não encontra no Sistema Único de Saúde, ou não tem condições de adquirir em farmácias. Fiquei surpreendida positivamente com o que foi apresentado”, pontua.
Hortência, que visitou a Farmácia ao lado do conselheiro federal suplente, Otto Quintino Júnior, esteve também esteve na Universidade para proferir palestra para acadêmicos, professores e egressos do curso de Farmácia. Na ocasião, ela abordou o tema “Consultório Farmacêutico: aspectos legais para a sua implantação”.
O nascimento da Farmácia Solidária
A Farmácia Solidária é uma causa nobre desde o seu nascimento. A ideia foi do integrante da Cruz Vermelha de Criciúma, Almir Fernandes, que também atuava no Serviço de Verificação de Óbito (SVO) e no Instituto Médico Legal (IML).
“Durante a verificação dos óbitos eu percebia que em algumas residências haviam as receitas, mas não tinham os medicamentos. Em outras casas, via muitos remédios. Então passei a pensar em como fazer chegar os medicamentos que sobravam para aqueles que não têm condições. Na época, a Cruz Vermelha era vinculada à Unidade Básica de Saúde do bairro Pinheirinho e levava para lá, mas havia aqueles que não eram padronizados na rede de saúde, então procurei a Unesc na busca por regularizar isso”, recorda Fernandes.