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O misterioso garoto que foi o mais jovem campeão olímpico da história

Em 6 de abril de 1896 começava em Atenas, na Grécia, a primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. O renascimento do espírito olímpico, interrompido no ano 392, deveu-se ao francês Barão de Coubertin. Há poucos dados sobre esportistas que participaram em alguns dos primeiros jogos da era moderna das Olimpíadas. Um dos grandes mistérios dos Jogos Olímpicos envolve a idade de um dos participantes da equipe holandesa de remo na Olimpíada de Paris de 1900.

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Os holandeses chegaram aos Jogos Olímpicos como favoritos à medalha de ouro, mas ficaram 8,6s atrás dos franceses nas eliminatórias. A razão era simples. A equipe da França usou como timoneiro um menino, o que fez com que a embarcação dos donos da casa ficasse muito mais leve do que a holandesa, que usou um adulto na função.

Antes da final, o mais curioso foi que os holandeses deixaram de lado seu timoneiro e escolheram um garoto francês que estava no meio da multidão que assistia à competição (tornando os holandeses uma equipe de nacionalidade mista, algo permitido na época), e que nunca tinha disputado antes na vida uma competição oficial. A criança era tão leve que precisou acrescentar um peso ao seu lado para que o barco afundasse o suficiente na água.

A mudança funcionou. A equipe holandesa ganhou a medalha de ouro e, como era tecnicamente um membro da equipe, o garoto também ganhou, sua identidade e data de nascimento jamais foram confirmadas. Alguns dizem que, a julgar pelo peso das crianças recrutadas na época, estima-se que ele tinha entre 7 e 10 anos de idade, especula-se — pode ter sido o mais jovem medalhista olímpico da história.

Apesar disso, sobrou apenas a fotografia, mostrando o menino com os dois holandeses, Françoise Brandt e Roelof Klein. Depois do registro, o garoto desapareceu na multidão e a identidade do mais jovem campeão olímpico da história se mantém desconhecida até hoje.

A história é bizarra e só foi possível de acontecer porque as regras da época eram muito menos rígidas do que as atuais. Essa prática foi banida quando foram adotados limites de idade para se competir no remo.

Baseado somente em dados oficiais dos Jogos Olímpicos, são poucos os competidores que, como Rayssa Leal (que nos últimos 85 anos, desde Berlim 1936, ela é a brasileira mais jovem medalhista olímpica), conquistaram medalhas antes dos 14 anos. Em 125 anos de olimpíadas na era moderna, foram poucos os atletas com menos de 14 anos que conseguiram subir ao pódio.

Agora oficialmente, o mais jovem medalhista olímpico da história (que se tem registro) foi o ginasta grego Dimitrios Loundras que competiu com a equipe das barras paralelas nos Jogos Olímpicos de Verão de 1896 em Atenas, a primeira da era moderna.

O recorde de Dimitrios Loundras dificilmente será batido: ele tinha apenas 10 anos e 218 dias de idade, segundo o site oficial das Olimpíadas, e ele continua sendo o mais jovem medalhista da história olímpica, se você descontar os competidores de idades desconhecidas que competiram como timoneiro nas Olimpíadas de 1900. A equipe de Loundras levou a medalha de bronze naquele evento. Após sua precoce trajetória olímpica, ele seguiu carreira como militar, tornando-se parte da Marinha Helênica como oficial e obteve um elevado posto de Contra-almirante. Em 1936, trabalhou na Prefeitura de Lesbos como prefeito, e morreu em 1970, aos 84 anos.

A segunda medalhista mais jovem da história dos Jogos — e a mais jovem no feminino — é Luigina Giavotti, que aos 11 anos de idade e 302 dias ganhou prata como parte da equipe de ginastas das Itália na Olimpíada de Amsterdã de 1928.

Aquela mesma equipe italiana vice-campeã olímpica tinha outras duas medalhistas com 12 anos de idade: Ines Vercesi (12 anos e 217 dias) e Clara Marangoni (12 anos e 270 dias) — respectivamente a quarta e sexta atletas mais jovens da história dos Jogos.

Os relatórios oficiais sobre a Olimpíada de Amsterdã de 1928 registram detalhes apenas dos homens que disputaram as provas de ginástica — não está discriminado qual equipamento ou modalidade cada uma das ginastas mulheres desempenhou nos Jogos.

A nadadora dinamarquesa Inge Sorensen é a terceira da lista, porém é mais jovem medalhista da história dos Jogos Olímpicos em uma modalidade individual. Sorensen tinha 12 anos e 24 dias de idade quando conquistou a medalha de bronze nos 200 metros peito na Olimpíada de Berlim em 1936. Ela é a terceira mais jovem atleta olímpica a ganhar uma medalha.

Ao contrário dos atletas listados anteriormente, do qual se tem poucos dados, Sorensen foi uma atleta conhecida em seu tempo. Ela começou a competir aos oito anos de idade, foi nove vezes campeã dinamarquesa de nado e estabeleceu três recordes mundiais durante sua carreira (duas no nado peito 500m e outra no peito 400m). Sorensen se aposentou das competições durante a Segunda Guerra Mundial e virou treinadora. Ela morreu em 2011 aos 86 anos de idade.

Em 1936, o francês Noël Vandernotte (centro) conquistou 2 medalhas de bronze no remo aos 12 anos de idade. Naquela época, crianças eram colocadas nas equipes para deixar os barcos mais leves

Também nos Jogos de Berlim em 1936, o francês Noël Vandernotte conquistou duas medalhas de bronze no remo aos 12 anos e 233 dias de idade. Ele é o quinto mais jovem medalhista da história (mais velho que Clara Marangoni, da equipe italiana de ginástica de 1928).

 

Nascido em uma família de remadores, ele competiu ao lado do pai e do tio na Olimpíada de Berlim, e toda a família saiu premiada com bronzes naqueles Jogos: nas modalidades coxed pair e coxed four. Vandernotte morreu no ano passado aos 96 anos de idade — até 2020 ele era o medalhista olímpico mais velho ainda vivo.

Confira a lista dos medalhistas olímpicos mais jovens da história dos Jogos:

  • Dimitrios Loundras (Grécia): Ginástica em equipe – bronze em Atenas 1896 – 10 anos e 218 dias
  • Luigina Giavotti (Itália): Ginástica em equipe – prata em Amsterdã 1928 – 11 anos e 302 dias
  • Inge Sorensen (Dinamarca): Natação – bronze em Berlim 1936 – 12 anos e 24 dias
  • Ines Vercesi (Itália): Ginástica em equipe – prata em Amsterdã 1928 – 12 anos e 217 dias
  • Noël Vandernotte (França): Remo – dois bronzes em Berlim 1936 – 12 anos e 233 dias de idade
  • Clara Marangoni (Itália): Ginástica em equipe – Amsterdã 1928 – 12 anos e 270 dias
  • Rayssa Leal (Brasil): Skate street – prata em Tóquio 2020 – 13 anos e 203 dias
  • Marjorie Gestring – Natação – ouro em Berlim 1936 – 13 anos e 267 dias

Como surgiu os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna

Charles Freddye Pierre era o nome do Barão de Coubertin, pai da Olimpíada Moderna. Motivado pelo ideal da educação através do esporte, Coubertin queria propagar seu uso como um instrumento de aproximação entre os povos, em benefício da paz. A célebre frase “o importante é competir” é atribuída ao barão francês.

Em junho de 1894, apoiado pelo americano William Sloane e pelo inglês Charles Herbert, e na presença de representantes de 15 países, Coubertin fundou em Sorbonne, na França, o órgão precursor do Comitê Olímpico Internacional. Até hoje, esse organismo controla todo o mundo olímpico.

Coubertin planejava a primeira edição dos Jogos para 1900, em Paris, durante a Exposição Mundial, mas o príncipe Constantino da Grécia ficou tão empolgado com a ideia de recomeçar a competição no mesmo país onde ela havia terminado 16 séculos antes, que conseguiu organizá-los em dois anos. Em 6 de abril de 1896, então, foram inaugurados os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna.

Abertura virou marca registrada

A improvisada frase do rei George 1º da Grécia (“Declaro abertos os primeiros Jogos Olímpicos em Atenas”) tornou-se marca registrada para todas as cerimônias de abertura seguintes. Em Atenas, as mulheres ainda estavam proibidas de competir. Participaram 285 atletas de 13 países, nas provas de atletismo, ciclismo, luta, esgrima (era a única que admitia profissionais na época), ginástica, halterofilismo, natação e tênis.

Os atletas dos Estados Unidos venceram 11 provas. A Alemanha ficou em terceiro lugar, com quatro vitórias de Carl Schuhman. O destaque ficou para o grego Spiridon Loues, vencedor da maratona, criada especialmente para os Jogos Olímpicos modernos.

Adotou-se o termo “olimpíadas”, no plural, pois cada modalidade é vista como um jogo em separado, e “olimpíada” como o espaço de quatro anos entre elas. Aliás, o nome vem da cidade de Olímpia, na Grécia antiga. Criados em cerca de 2.500 a.C., os Jogos Olímpicos eram uma festa esportiva em homenagem a Zeus. Tão importantes que até interrompiam guerras em andamento, as competições aconteciam no santuário de Olímpia.

Teodósio proibira festas pagãs

As provas disputadas eram atletismo, luta, boxe, corrida de cavalo e pentatlo (que reunia luta, corrida, salto em distância, arremesso de dardo e de disco). Os campeões recebiam uma coroa de louros. As Olimpíadas perderam prestígio quando os romanos tomaram a Grécia, no século 2º a.C. Em 392, o imperador Teodósio 1º converteu-se ao cristianismo e proibiu todas as festas pagãs, inclusive os Jogos Olímpicos, que homenageavam Zeus.

O sonho do Barão de Coubertin de aproximar os povos através do esporte demorou a se concretizar. Em 1936, na Alemanha, Hitler se negou a reconhecer as quatro vitórias do negro americano Jesse Owens, por exemplo.

Em Munique (1972), um atentado do grupo terrorista palestino Setembro Negro matou 11 atletas israelenses. Em 1980, os Estados Unidos boicotaram os Jogos de Moscou, em protesto à invasão do Afeganistão. A revanche viria quatro anos depois, com os soviéticos ausentes em Los Angeles.

Nos últimos anos, as Olimpíadas estão se tornando sinônimo de superlativo e explosão de gastos. Devido à pandemia de coronavírus em 2020, os Jogos no Japão foram adiados para este ano.

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