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Secretário parlamentar registra boletim de ocorrência contra deputado estadual de SC por injúria racial

Um secretário parlamentar afirma que sofreu injúria racial por parte do deputado Ivan Naatz (PV) dentro do gabinete e procurou a Polícia Civil e o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) para investigar o caso. O deputado nega a acusação e deve prestar depoimento nesta quarta-feira (29), segundo a polícia. O parlamentar nega e disse em nota que “se tivesse tendência racista, não o teria contratado”.

Fábio Aristides Lima dos Passos contou em entrevista ao G1, que conheceu Naatz em janeiro, quando começou a fazer parte da equipe de trabalho do político. Segundo o relato no boletim de ocorrência, no dia 8 de maio, a injúria racial ocorreu no momento em que o deputado Naatz o apresentou para o deputado Sargento Lima (PSL).

“O sargento cumprimenta um por um, me cumprimentou, agiu normalmente com todos. E logo após ele me cumprimentar, o deputado Ivan se dirigiu a ele e disse: você sabe por que tem um preto trabalhando no meu gabinete? Porque se der merda, a culpa é dele”, relata Passos.

Segundo o secretário parlamentar, dez minutos após o comentário, que foi recebido com risos pelos colegas de gabinete, ele se retirou e não voltou mais. Ele está afastado do trabalho por uma doença crônica que desencadeia por fundo emocional, segundo explicou Passos.

O secretário parlamentar diz que a situação foi presenciada por outras oito pessoas. Ele ainda alega que o chefe de gabinete afirmou que Naatz “não era racista” e para esquecer a situação passada.

“Podem ter negros passando por situações piores que a minha, de racismo. E não denunciam com medo de represália ou de perder o salário. Quero que a minha história seja exemplo para a gente não ser submetido mais a esse tipo de coisa”, explica o secretário parlamentar.

No dia 20 de maio, foi feito o boletim de ocorrência por injúria racial na 1ª Delegacia da Polícia Civil de Florianópolis. A Polícia Civil tem 30 dias para terminar o inquérito. A delegada responsável, Juliana Renda Gomes, já começou a ouvir os envolvidos.

O funcionário também procurou o MPSC. Um procedimento de investigação criminal foi aberto na subprocuradoria jurídica. Ele também pretende ingressar com uma ação judicial por danos contra o Estado de Santa Catarina.

O outro lado

Ivan Naatz é advogado, foi vereador em Blumenau, no Vale do Itajaí, e está no primeiro mandato como deputado. Em nota, ele disse que a vítima está sendo manipulada, que repudia atos de racismo e só vai se manifestar após o fim do inquérito. O chefe de gabinete de Naatz não quis se manifestar. O deputado Sargento Lima, que visitava o gabinete do colega no dia do fato, também preferiu não comentar sobre o caso.

Veja íntegra da nota do deputado

“Estou entre perplexo, triste e decepcionado com o episódio lamentável proporcionado pelo nosso colaborador, a quem considerava também amigo, assim como considero todos da nossa equipe. Se tivesse tendência racista, não o teria contratado. Nem meu coordenador geral de gabinete e presidente do PV de Blumenau, Jadison Fernandes seria negro, como o é. Acima de tudo é, meu amigo e irmão, conselheiro de todas as horas. Sou um homem liberal, democrático e defensor de todas as liberdades individuais, credos e raças. Quem me conhece sabe disso. Cada pessoa tem o direito de ir numa delegacia e fazer uma declaração. Infelizmente, certas pessoas tem um sentimento de segregação pré-estabelecido”.

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