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Saúde mental; saiba porque você precisa ficar alerta

Janeiro é o mês dedicado para alertar sobre a importância dos cuidados com a saúde mental

Janeiro é o mês das campanhas que alertam sobre a importância dos cuidados com a saúde mental. Um assunto importante, já que de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), nos últimos 10 anos a procura por antidepressivos teve um aumento de quase 20% no mundo. E no Brasil, quase 10% da população sofre de algum transtorno de ansiedade.

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De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), em países de baixa e média renda, entre 76% e 85% das pessoas com transtornos mentais não recebem tratamento. Em países de alta renda, entre 35% e 50% das pessoas que sofrem com o mesmo problema, estão na mesma situação. A falta de cuidado e atenção com a saúde mental pode desencadear problemas ainda maiores, já que depressão, transtorno afetivo bipolar, esquizofrenia, distúrbios de desenvolvimento e até demência tem suas raízes fundamentadas na ausência de atenção à saúde da mente.

O psicólogo Maurício Lopes, que é especialista em saúde mental, explica que é necessário fazer uma reflexão sobre como estão as nossas relações sociais, afetivas, com a própria imagem, com o próprio corpo e a auto percepção de si. Dessa forma conseguiremos identificar se algo não está bem. “Quando percebemos que não temos condições de resolver um problema, a ponto precisarmos conviver com um sofrimento por um longo período, já é um indício que precisamos de ajuda”, afirmou.

Maurício explica ainda que nem todo mundo que tem a saúde mental afetada, possui ou desenvolverá distúrbios mentais, apesar disso afirma a importância de estarmos sempre atentos. “Sempre haverá adversidade, problemas, perdas e situações que podem nos desestabilizar. Apesar disso, precisamos buscar formas de estar bem, mesmo diante dessas circunstâncias. E isso pode acontecer no apoio de amigos, familiares e até nos dispositivos de saúde”, declarou.

UMA AJUDA NA HORA CERTA

Carla dos Santos foi pega de surpresa pela depressão. De uma hora para a outra, foi perdendo a paciência com as pessoas, passou a não gostar mais de estar em grupos, e ter vontade apenas de dormir. Começou a acreditar que era um problema para os seus familiares e perdeu a vontade de trabalhar. Tudo isso aconteceu gradativamente. Sem perceber, Carla estava caminhando para um transtorno que poderia lhe custar a própria vida. “As pessoas começaram a dizer que eu estava diferente, que eu não sorria mais como antes, que eu tinha mudado. E eu pensei que fosse coisa da idade, que eu simplesmente tinha mudado, eu não podia imaginar que na verdade eu estava em depressão”, afirmou. Uma doença que ela mesmo confessa que não acreditava.

O Psicólogo Maurício Lopes explica que às vezes as situações e mudanças são tão sutis que passamos a conviver com o sofrimento como se ele fizesse parte da nossa vida, por isso a importância das relações sociais. “Por verem a situação de fora, são essas pessoas que geralmente chegam e nos alertam que as coisas não estão bem”, afirmou.

O ponto de mudança da vida de Carla começou quando um alerta acendeu para as suas colegas de trabalho. “Eu simplesmente não fui trabalhar e fiquei sentada na varanda de casa pensando como eu poderia acabar com aquele sofrimento, eu queria acabar com tudo. Foi quando as meninas que trabalham comigo chegaram e tudo mudou”, revela. O apoio daquelas pessoas foi tão importante que Carla procurou ajuda de profissionais para tratamento. Hoje ela tira importantes lições do que passou e está sempre atenta a todos que estão ao seu redor. “Eu sei o que eu vivi, e sei como foi difícil acreditar que eu estava com a doença, hoje quando eu percebo que alguém está caminhando para a depressão eu tento ser o mesmo apoio que eu tive quando precisei”, declarou. Hoje Carla se considera curada, mas está sempre alerta para os sinais da sua saúde mental.

 

A PRESSÃO QUE VIRA OBSESSÃO

Conforme explicado por Lopes, um dos pontos de atenção é perceber como está a relação com o nosso corpo e as pressões estéticas que sofremos. Que agem diretamente na nossa autoestima e no nosso posicionamento diante das pessoas. De acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), o Brasil é o país com o maior número de realizações de cirurgias plásticas no mundo. Com aproximadamente um milhão e meio de cirurgias ao ano, o país ultrapassa os Estados Unidos e o México, em segunda e terceira posição, respectivamente. Ainda segundo a pesquisa, entre os jovens de 13 a 18 anos houve um aumento de 140% na busca por uma cirurgia estética.

Daniela Dal Pont é influenciadora digital e atualmente tem a rede social como sua principal fonte de renda. Por anos, sonhou com o corpo ideal que para ela só seria possível com uma intervenção cirúrgica. “Eu trabalho com moda, e por muito tempo o corpo padrão foi priorizado para os trabalhos, e eu me sentia fora desse padrão”, afirmou. Para ter o tão sonhado corpo, Daniela precisaria passar por uma cirurgia chamada abdominoplastia. Um procedimento que retira o excesso de gordura e de pele do abdômen. “Eu sempre sonhei em fazer essa cirurgia, para mim a minha barriga me atrapalhava e meu sonho era tirar ela”, declarou.

Apesar de ser um sonho, os custos de uma cirurgia desse tipo são grandes, por isso, Daniela sempre trabalhou com planejamento, até que um dia recebeu um presente. Uma quantia em dinheiro suficiente para realizar o procedimento.

Quando se deparou com o valor, ao invés de entrar no padrão imposto do mercado da moda, decidiu agir diferente. “Eu abri mão do meu sonho para empreender no ramo da moda. Decidi investir em uma loja com roupas para todos os biotipos. Roupas que façam as pessoas, que tem com corpo real assim como o meu, se sentirem lindas e maravilhosas”, declarou.

Daniela decidiu se aceitar, ressignificar seus sentimentos e transformar eles em oportunidade. Isso não significa que deixou de sonhar, mas que entendeu que a pressão não poderia virar obsessão.

Cuidar da saúde mental é estar bem, emocionalmente pronto para enfrentar as situações e conflitos. Portanto se você estiver precisando de apoio, procure os profissionais adequados para que você tenha o suporte necessário. Cuide da sua saúde mental e esteja atento!

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