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Saiba os fatores por trás do grande número de pedidos de demissão registrados no Brasil

Um alto número de pedidos de demissão foi registrado no Brasil no mês de março, especialista dá dicas para empresas e aponta fatores por trás desses números

A busca por qualidade de vida e as novas rotinas de trabalho, que se intensificaram durante a pandemia da Covid-19, tem mudado a relação entre empresas e funcionários. Com os modelos presencial, hibrido ou home office no ‘prato’, muitos profissionais tem saído das empresas e buscado novos caminhos.

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É o que aponta uma pesquisa da LCA Consultores. Em meio a um cenário de 12 milhões de desempregados, o número de pedidos de demissão chama a atenção. De acordo com o levantamento feito através do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de março, do total de 1.816.882 desligamentos, 603.136 foram feitos a pedido dos próprios funcionários. Sendo esse, o maior número de pedidos de demissão registrados em um único mês, desde janeiro deste ano no Brasil.

“Acredito no escutar o colaborador, seja com uma pesquisa de clima, seja com feedbacks. Escutar porque daí tu vai saber porque ele está saindo da tua empresa ou porque ele não quer ficar, ou porque ele nao está bem. Se ele não está bem, todas as grandes empresas já estão investindo muito em autoconhecimento, psicologia positiva, porque as vezes o profissional não sabe o que ele quer. Acho que com a pandemia, também, veio a parte nossa psicológica que deu uma conturbada nisso tudo”, destaca a especialista em Gestão de Pessoas e consultora de Desenvolvimento Organizacional, Luci Briguente.

Luci Briguente aponta que qualidade de vida é um dos itens mais importantes analisados pelos trabalhadores – Foto: Divulgação

Segundo ela, além de ouvir os funcionários é necessário que a empresa tenha ações, baseadas nesses feedbacks. “A empresa de um lado e o funcionário do outro tem que ter essa sintonia de escutar. Escutar e saber, daí sim ter uma ação. Não adianta tu escutar, ouvir o funcionário dizer que está insatisfeito, precisando de um novo desafio e tu não fazer nada. Então tem que ter projetos”, ressalta Luci.

De acordo com o levantamento, os setores com mais pedidos de demissão são os três em que é possível fazer home office como atividades administrativas, comunicação, atividades profissionais, científicas e técnicas. Neste sentido, um levantamento da Revelo no final do ano passado, mostrava que no setor de tecnologia a preferência maior é por trabalhar de casa. Sendo que oito em cada dez profissionais de tecnologia estavam considerando trocar de tabalho se a empresa impusesse o presencial.

“O mercado está mudando. Estamos vendo a juventude entrar e vem com outra cabeça. O projeto é ficar dois anos e ir para outro projeto. Enquanto não se encontrar vão sair, para ser empresários, investir em alguma coisa. Tive pessoas que recrutei lá no início que perdemos para ser empresário e hoje estão bem, com app, e meninos novos que nem estão formados ainda. Com todos esses dados o que vai acontecer? Cada vez mais o mercado vai estar dinâmico, as empresas que não tiveram antenadas para isso sairão atrás”, destaca a especilista.

Não caia na armadilha do endomarketing forçado

Outro ponto para as empresas é não cair na armadilha da criação de um endomarketing ‘forçado’. “Não adianta eu dar vasinho de flor se daqui a pouco os funcionários não estão nem aí para vasinho de flor. Olhar o que eles gostam, a empresa vai ganhar muito. Não adianta eu ver o que outras empresas estão fazendo e querer copiar. Tem que ter um olhar para dentro, também. Olhar o que o mercado está fazendo, mas olhar para dentro, ver minha realidade o que meu funcionário está sentindo”, explica Luci.

Criar um ambiente de trabalho saudável dentro da empresa é essencial. Um ambiente sem ninguém querer ‘puxar o tapete’ um do outro, entre outros. “Sempre trabalhei muito isso. A confiança de tu estar em um lugar e falarem: ‘isso não vai dar certo, mas isso vai dar certo’. Eu sempre acreditei muito na comunicação. Qual projeto vou fazer para o colaborador se tornar feliz. Como focar na família, focar muito na família, como trazer a família do colaborador para conhecer a realidade de empresa, a cultura. Tudo isso torna a empresa agradável? É obvio”, destaca Luci.

Desta forma, as empresas devem entender que atualmente o trabalhador possui maiores informações sobre outras vagas e sobre o mercado. Salientando, assim, a importância de se criar um ambiente bom de trabalho dentro da empresa.

“Eles podem pensar: ‘estava seguro, mas aqui vou ser mais feliz’, as vezes até ganhar menos. Acho importante isso, também, as pessoas estão focando no trabalho, mas olhando o mercado. Com o linkedin, estão vendo o que as empresas estão fazendo de concreto, não o endomarketing forçado, mas veêm se a empresa está faturando, comprando outras empresas, entre outros. Isso, também está dando essa oportunidade de mudança”, comenta.

Dentro das empresas de tecnologia essa preocupação se torna maior, tendo em vista a concorrência acirrada por profissionais devido a falta de mão de obra especializada na área. Inclusive de empresas do exterior que, também, estão em busca de profissionais, o que possibilita ao trabalhador no Brasil autar em uma empresa dos Estados Unidos, por exemplo.

“Esse número de pedidos de demissão tem diversas relações com o pós pandemia, novas oportunidades, relação com os novos profissionais entrando e a qualidade de vida. A qualidade de vida acho que está muito intrísseca, o fato de levantar e ir feliz trabalhar em casa ou presencialmente”, finaliza a especialista.

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