Notícias de Criciúma e Região

Riscos da automedicação: mascarar doenças e prejudicar tratamento

Mesmo sem prescrição médica, muitas pessoas não pensam duas vezes antes de irem à farmácia e comprar um medicamento na tentativa de aliviar o desconforto

Mesmo sem prescrição médica, muitas pessoas não pensam duas vezes antes de irem à farmácia e comprar um medicamento na tentativa de aliviar o desconforto. Apesar de comum, a automedicação, pode oferecer inúmeros problemas à saúde.

📲 Entre em nosso grupo e receba as notícias no seu celular. Clique aqui.

“Pode principalmente, mascarar sintomas e consequentemente prejudicar o tratamento de uma doença”, alerta a farmacêutica, doutora em farmacologia e coordenadora do curso de farmácia da Unesc, Silvia Dal Bó.

A coordenadora do curso de farmácia considera que a população se tornou dependente de comprimidos, principalmente antidepressivos. “Se faz necessário, repensar a questão de estresse e excesso de trabalho, buscando uma vida saudável, na tentativa de diminuir doenças e controlar a necessidade de uso de medicamentos”.

Quando precisamos prestar atenção?

Existem doenças ou sintomas comuns, como tosse, coriza, resfriado, diarreia, dor de cabeça, que são facilmente manejados pelo paciente em casa, utilizando medicamentos isentos de prescrição e que são relativamente seguros. “Não se torna um grande risco, especialmente se o paciente for bem orientado pelo farmacêutico de como e quando utilizar, como também, caso apareça algum sinal de efeito colateral, parar de usar o medicamento”, explica.

O problema segundo a doutora em farmacologia é quando a doença sai da normalidade do paciente e se faz necessário uma investigação ou um diagnóstico para um tratamento mais específico. E exemplifica. “Quando sinais e sintomas aparecem em decorrência de uma doença mais grave, como uma tosse, que pode ser muito simples pós resfriado, mas também, representar uma pneumonia, infecção e uma série de problemas que são mais graves, se faz necessária uma avaliação médica bem-feita. Mas caso, o paciente siga em casa utilizando esses medicamentos, aí sim, ele vai mascarar um problema mais grave, que muitas vezes precisa de um tratamento mais específico”.

Riscos da automedicação: mascarar doenças e prejudicar tratamento
Riscos da automedicação: mascarar doenças e prejudicar tratamento

Autodiagnóstico se torna um grande problema

Um outro alerta no histórico de automedicação e autodiagnóstico está no aumento expressivo de medicamentos adquiridos via internet ou na TV, para emagrecer, ganho de massa muscular, depressão, artrose… “Muitas vezes não possuem comprovação científica e registro na Anvisa e podem vir “batizados”, por substâncias já conhecidas, como hormônios e anorexígenos, causando problemas mais sérios. Pode ocasionar efeitos colaterais que muitas vezes o paciente nem correlaciona com o medicamento, como taquicardia, tremor, ansiedade, agressividade, alteração de libido, atividade sexual. Em muitos casos, a pessoa acaba nem percebendo que é do medicamento”, diz ela.

Automedicação ganhou ainda mais espaço na pandemia

Conforme Silvia, a pandemia se tornou um verdadeiro caos no ponto de vista de tratamento. “Houve muita divulgação de substâncias que não tinham efeito farmacológico comprovado para tratar a Covid, e as pessoas simplesmente começaram a fazer uso, porque supostamente elas funcionavam para os sintomas da doença. Foram utilizados muitos remédios sem necessidade. Muitas vezes colocando até a própria vida em risco”.

Além disso, a situação ocasionou no crescimento de pessoas com transtorno de ansiedade e depressão, por conta do isolamento social, perda de familiares, emprego e outras situações “Isto fez com que aumentasse o uso de antidepressivo e ansiolíticos sem consultar um médico”, destaca.

Doenças que podem ser controladas sem uso de medicamento

Existem doenças em que o paciente com outras estratégias que não o medicamento, conseguiria o controle, como a hipertensão. “Perdendo peso, reduzindo o consumo de sal, gordura, praticando atividade física, o paciente consegue um certo grau de controle da pressão arterial. Só que muitas vezes, optam pelo método mais “fácil”, que é o medicamento, ao invés de mudar o estilo de vida que traria mais benefícios em um longo prazo”, comenta.

E alerta. “Nenhum medicamento é isento de problema, todos tem efeitos colaterais, muitas vezes não perceptíveis, mas em longo prazo, pode desenvolver alguma posição em decorrência do próprio uso do medicamento”, finaliza.

Você também pode gostar