Risco de faltar combustível no Brasil é alto, alerta presidente da Fetrancesc
“A preocupação é muito grande, o momento é crítico e pode sim haver desabastecimento de combustível”. O alerta foi feito pelo presidente da Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de Santa Catarina (Fetrancesc), Ari Rabaiolli, em entrevista exclusiva ao Portal Litoral Sul.
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Foram dois meses sem reajuste no preço da gasolina e do diesel, um tempo considerável frente ao padrão de aumentos nos últimos anos no Brasil. Quando os novos preços foram repassados às refinarias na quinta-feira, dia 10, e por consequência ao consumidor, chegaram pesados: 18,77% na gasolina e 24,9% no diesel em cima de um valor já superior a R$ 6, resultado de onze aumentos em 2021.
“Você imagina o que representa isso não é? Estamos em um país que soma isso à inflação superior a 10% ao ano. Aí o profissional ou a empresa coloca um caminhão na estrada fazendo em média 3 quilómetros por litro. É um impacto realmente considerável”, enfatizou Rabaiolli.
Com o fato do aumento, duas crises se desenharam. A iminência de uma paralisação de caminhoneiros logo tomou as redes sociais, mas perdeu força no final de semana. Porém, conforme o presidente, existe sim um movimento prol as manifestações. Porém, desta vez não se fala de bloqueio das rodovias, e sim parar o caminhão em casa ou na beira das estradas.
Já nesta segunda-feira, dia 14, o que pauta as discussões sobre o combustível é a possibilidade do desabastecimento nacional. Na sexta-feira, dia 11, Rabaiolli já antecipava o risco. “Se fala no barril custar US$200 em um futuro não muito distante. O risco da falta de combustível é eminente”, destacou.
Com a sequência da guerra na Ucrânia, o preço do barril de petróleo segue alto. Como agravante, veio a proibição dos Estados Unidos para seu mercado interno não importar o produto da Rússia, e a indicação de que seus parceiros não o façam. Na terça-feira, dia 8, o barril custava US$140 – valor mais alto registrado até aqui.
Problema para as empresas de transporte
Assim como para o consumidor, o problema para as empresas de transporte, que dependem diretamente do diesel ou gasolina, é grande. De acordo com estudo da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (ANTC), para ter uma paridade com os aumentos é necessário reajustar o preço praticado pelo mercado em 25%. Mas existe uma impossibilidade cultural e pontual neste momento.
“Há grande dificuldade de realizar o repasse ao embarcador. Muitos não entendem. É preciso de um diálogo franco sobre isso. O cenário também apresenta uma concorrência interna. Quando a transportadora não faz o preço que o contratante quer, outra faz. Por isso é preciso uma unificação na área. Também damos a orientação de que cada
transportadora faça este reajuste em seus preços, e também adicione uma cláusula de gatilho para poder realizar o repasse quando houver novos encarecimentos do combustível”, explicou Rabaiolli.
O resultado do cenário atual é uma bola de neve. O mercado não pratica os preços que a ANTC indica, e quando há aumentos o valor fica ainda mais longe do ideal. Para o presidente, uma correção poderia iniciar com a padronização do ICMS por parte dos estados, em iniciativa liderada pelo Governo Federal, para adequação das alíquotas.