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Restaurante dá comida de graça a crianças em quimioterapia

Depois de ver várias crianças carecas passando todo dia pela rua, o dono de um restaurante teve uma ideia incrível e altruísta: oferecer comida de graça para elas. Manoel Almeida sabia que elas eram pacientes do Itaci, Instituto de Tratamento do Câncer Infantil, um hospital público ligado ao Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP.

Para chamar a atenção das crianças, o dono do restaurante – que fica na rua Oscar Freire, Zona Oeste da cidade – colocou uma placa oferecendo de graça o bufê da Sophia Osteria aos pequenos pacientes e com um desconto para os pais deles. Mas a placa colocada em junho atraiu poucas pessoas, menos de 20 e Manoel decidiu então ir ao hospital perguntar como poderia ajudar aos pacientes.

Nasceu ali um sistema de divulgação e encaminhamento, feito em parceria com o superintendente da Fundação Criança, Vagner Carvalho. Este mês, mais crianças começaram a receber a alimentação gratuita.

Na semana passada, a mãe de Ana Clara, de oito anos, comemorou o apetite da filha, que não vinha se alimentando bem por causa dos enjoos provocados pela quimioterapia. Mas no restaurante, a menina se deliciou com lombo de porco, arroz, tomate, batata frita e rondelli —massas e molhos feitos na própria casa.

A mãe, Ana Lucia Gomes da Silva, 35, está desempregada e a ajuda de Manoel foi especialmente bem-vinda naquele dia: “Estava sem dinheiro para a comida”, disse ela à Folha.

Restaurante Sophia Osteria – Foto: reprodução / Facebook

 

As crianças

O hospital Itaci dá alimentação para as 70 crianças por dia, 97% de baixo poder aquisitivo, e para um acompanhante. No restaurante, além da comida saborosa, elas podem se sentar ao lado dos médicos, que também se alimentam lá. “Sentar-se aqui, ao lado de médicos e executivos, mostra a eles que são iguais a qualquer pessoa. Que têm desejos e o direito de tê-lo”, disse Vagner Carvalho, superintendente da Fundação Criança. Dos pacientes do Itaci, 30% vêm de outros estados, e as famílias encontram dificuldades para se instalar em São Paulo.

História

O dono do restaurante, Manoel Almeida, é formado em engenharia de produção e começou a se interessar por ações sociais quando trabalhava na Whirlpool, multinacional dona da marca Brastemp. Lá, arrecadou roupas e brinquedos para um abrigo de crianças em situação de risco, em Barueri, na Grande São Paulo. “Eram só histórias duras, de pequenos que apanhavam dos pais ou tinham Aids. Cheguei me achando cheio de verdades para ensinar e saí me sentindo com um palmo de altura”, contou.

Para o empresário de 38 anos, sua atitude é um grão de areia, “principalmente neste momento em que o país parece tão sem perspectiva”. Ele não se importa se haverá preconceito por parte dos outros clientes do restaurante e não acredita que terá prejuízo oferecendo comida de graça para as crianças doentes. “A gente não vive uma situação confortável nesta crise, mas não vai ser esse custo que vai fazer diferença”, concluiu.

 

Com informações da Folha e SNB

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