O confiante pode ser um bobo motivado – entenda o que dois psicólogos norte-americanos descobriram
Quando a confiança excede o conhecimento – Efeito Dunning-Kruger; saiba mais sobre o assunto na coluna - Além do Eu, com Luiz Gustavo Pereira
Todos conhecemos alguém que acredita que sabe cantar, certo? Porém, na hora de pôr em prática, por algum motivo, prova-se o contrário: o canto não sai como planejado. Esse efeito foi explicado por dois psicólogos, David Dunning e Justin Kruger.
O estudo aconteceu nos Estados Unidos e constatou que os participantes mais confiantes e motivados eram os que tiravam as piores notas em testes e provas. Já os mais cuidadosos e “humildes” em relação ao seu potencial, tendiam a tirar as melhores notas.
Ainda, os pesquisadores também observaram que existe uma barreira no conhecimento: uma vez superada, o indivíduo passa a reconhecer sua própria falta de domínio. Por outro lado, aqueles que ainda não ultrapassaram essa barreira permanecem convictos de sua competência, mesmo quando ela é claramente insuficiente.
Voltando ao primeiro exemplo, aquele nosso conhecido que insiste em cantar acaba não percebendo o quão ruim é sua técnica vocal. Por não ter o mínimo conhecimento sobre o canto, técnica vocal e talvez sobre música, acaba estressando nossos ouvidos sem sequer se dar conta. Nesse ponto, voltamos para o passado da filosofia, quando nosso avô Sócrates diz a famosa frase “Só sei que nada sei.” Volto nessa frase pois, segundo o estudo citado acima, o conhecimento de um sujeito é como uma esfera: quanto mais conhecimento se acumula, mais a esfera aumenta. Porém, é importante destacar que o aumento do conhecimento é proporcional ao aumento do nosso (des)conhecimento. Logo, ao mesmo tempo em que a esfera se alarga, sua dimensão também toca mais superfícies de dúvida e descobre, assim, novos desconhecidos.
Então, na medida em que o conhecimento aumenta, as dúvidas também aumentam. Essa é a definição do primeiro erro dos voluntários do estudo aqui descrito, eles “não sabiam que não sabiam” porque não tinham o conhecimento necessário do que não sabiam. Logo, se mostraram motivados, confiantes e bobos.
Agora, reflita: quantas vezes já não bancamos o “conhecido que sabe cantar” em outros lugares de nossas vidas?
A analogia também se aplica a outros universos, como o literário, pois um assíduo leitor de best-seller não pode se considerar um crítico de literatura. O importante é voltarmos o olhar para nós e não fazermos o papel do bobo aqui apontado.
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