Primeira cirurgia menos invasiva para câncer de pele é realizada em Criciúma
Técnica de Mohs, que foi aplicada nesta terça-feira, dia 04, traz mais segurança e alto índice de cura das áreas afetadas pela doença
Santa Catarina representa 3,78% da população brasileira, percentual que se agiganta quando o assunto é o câncer de pele. Dados da última estimativa do Instituto Nacional do Câncer, o Inca, apontam que para 2023, os catarinenses serão responsáveis por 11,58% (1.040) de novos casos da doença de todo o país (8.980).
Entre os motivos para os números alarmantes está a descendência europeia de parte da população e o grande número de trabalhadores na agricultura, o que os deixa mais sujeitos a queimaduras e ao aparecimento dos tumores. A boa notícia é que, aliada ao diagnóstico precoce, a cirurgia micrográfica de Mohs, técnica mais refinada, precisa e efetiva para o tratamento dos tipos mais frequentes de câncer da pele, foi realizada em Criciúma, pela primeira vez, nesta terça-feira, dia 04, trazendo mais segurança e alto índice de cura das áreas afetadas.
Cirurgia de Mohs
A cirurgia de Mohs, que foi executada em Criciúma, em exclusividade, pelo dermatologista Paulo Henrique Martins, foi a indicada e feita pela jornalista e apresentadora Marília Gabriela, após ser diagnosticada no final do ano passado com carcinoma basocelular, tipo de câncer de pele mais comum na população. O primeiro sinal que a doença deu na jornalista foi uma espinha no nariz que não ia embora.
Morador de Morro Grande, José Possamai Magagnin, 66 anos, descobriu, por acaso, que tinha câncer de pele ao acompanhar a esposa em uma consulta ao dermatologista. Ele passou por duas cirurgias, uma de biopsia e outra para remoção total da lesão. Após um ano de tratamento descobriu, desta vez, um tumor de pele maligno. Ele foi um dos quatro pacientes pioneiros em Criciúma a passarem pelo procedimento de Mohs. “Acredito ser um método mais eficaz, não precisar voltar para realizar outra cirurgia e pela recuperação ser apenas uma vez. Também pela confiança que tenho no trabalho do Dr. Paulo, que propôs esse método”, justifica o paciente.
Moderna e de alta precisão, a técnica é adotada para o tratamento dos tipos mais frequentes de câncer de pele. A área afetada é retirada por camadas, que são examinadas por microscópio, no momento da cirurgia. O procedimento possibilita a remoção total do tumor, garantindo altas chances de cura e preservando a pele saudável localizada no entorno da lesão.
Benefícios
Diferente da a cirurgia convencional, que de acordo com o dermatologista, o fragmento de pele removido é enviado a um laboratório de patologia, ou a um patologista presente no centro cirúrgico, que fatia a amostra de pele tentando detectar o tumor e avaliar as margens cirúrgicas. “Essa técnica é muito falha, porque o patologista só consegue visualizar uma pequena amostragem de todas as margens (cerca de 0,01% a 5% de todas as margens), enquanto na de Mohs, o processamento permite visualizar todas as margens cirúrgicas (cerca de 100% das margens), assegurando maiores taxas de cura com menores índices de recidiva”, explica.
Na cirurgia de Mohs, o próprio cirurgião faz a análise microscópica e o mapeamento das margens cirúrgicas, removendo tecido adicional quando necessário, no mesmo momento da cirurgia. “Além de assegurar maiores taxas de cura, a cirurgia de Mohs permite poupar o tecido sadio ao redor, favorecendo um fechamento cirúrgico mais estético. Após a completa remoção do tumor, o cirurgião reconstrói a unidade anatômica envolvida, visando preservar ao máximo a funcionalidade e estética local”, acrescenta.
Taxa de cura
A principal indicação dessa técnica cirúrgica é para câncer nas áreas mais delicadas do corpo, como face, pescoço, mãos e pés. “Na cirurgia de Mohs a chance de cura em uma lesão de câncer de pele, que não tenha sido tratado previamente, é de 97% a 98%. Enquanto, esta mesma lesão, com uma cirurgia convencional, a chance de cura é em torno de 85% a 90%. No caso de um câncer de pele que já foi operado e que retornou, a chance de cura pela cirurgia micrográfica cai um pouco, ficando em torno de 90%, porque se a doença voltou isto já indica que ela é mais agressiva. Já no tratamento de recidiva com uma cirurgia convencional, a chance de cura é de 75% a 80%”, sublinha. O procedimento é disponibilizado pela rede privada e pelo SUS, entretanto via rede pública, no estado, somente em Florianópolis ela é feita.