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Por que 666 é o número da besta? Desvendando o verdadeiro significado do ‘número da besta’ e outros mitos do Apocalipse

Você já deve ter ouvido falar e com um pouco de sorte até chegou a ler o Livro do Apocalipse. Com sua autoria relacionada a João, um dos discípulos de Jesus, o último livro do Novo Testamento relata uma série de acontecimentos que tomarão conta da Terra no fim dos tempos.

Entre os relatos das visões devastadoras que teve do fim do mundo, o profeta relata a chegada de duas bestas no capítulo 13. Nesse momento, o discípulo conta que as criaturas obrigam as pessoas a fazerem marcas em suas mãos ou testas – a famosa “marca da besta” –, sem a qual não conseguiriam comprar ou vender nada.

“Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Seu número é seiscentos e sessenta e seis”, é o que diz uma das traduções do versículo 18, que encerra o capítulo. E a partir de então, crentes e descrentes passaram a associar o número “666” ao diabo e tudo o que está relacionado ao inferno e ao maligno.

O número da besta é 666, por William Blake

Dragões, cavalos com cabeça de leão e cordeiros com sete olhos. Essas são algumas das visões do Apocalipse – uma palavra que vem do grego antigo “revelação” e é descrita no último, mais estranho e mais controverso livro da Bíblia cristã.

O “livro da revelação” consiste em uma série de visões que seriam uma profecia do fim dos tempos. Foi usado ao longo da história para explicar desastres que vão da peste ao aquecimento global, passando pelo acidente nuclear de Chernobyl.

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Algumas figuras e palavras conhecidas, como por exemplo Armagedom, também vêm do Apocalipse, embora nem todos saibam disso. E o livro tem diversas influências em livros, cinema e música até hoje.

Mas, quando João escreveu o livro, no século I, ele não estava apenas querendo explicar acontecimentos futuros.

Alguns estudiosos acreditam que ele usava códigos e símbolos para alertar os cristãos da época sobre a adoração ao imperador de Roma e lançar um ataque ao poderoso regime.

Juízo Final em quadro de John Martin; Deus aparece no trono e, à esquerda, as forças de Satã são derrotadas

O “número da besta” – 666 – é, talvez, a referência mais famosa do Apocalipse. O trecho que o cita diz: “Quem tiver discernimento, calcule o número da besta, pois é número de homem, e seu número é 666”. Até hoje, 666 é usado para falar sobre a imagem do mal. Mas qual seria o significado por trás dele? Eu explico tudinho neste vídeo abaixo:

https://www.instagram.com/tv/B-qEsnLH0P2/

Outros Mitos

Diversos outros mitos conhecidos vêm do Apocalipse – e têm relação com a situação de Roma na época.

Nem todo mundo sabe, por exemplo, que Armagedon vem da Batalha do Armagedon, descrita no livro. O nome Armagedon é baseado no nome do Megido, um monte que hoje fica em Israel.

Segundo estudiosos, “ar” (ou “har”) significa monte em hebraico, e “magedom” (ou “magedo”) equivale a Megido. Na época de João, o Megido era um sangrento campo de batalha e abrigava uma das legiões mais cruéis de Roma.

Assim seria Nero, o cruel imperador

A batalha do Armagedom é uma luta entre o bem o mal – Deus e Satã – durante os últimos dias do mundo.

Já os cavaleiros do Apocalipse são quatro homens, em cavalos nas cores branca, vermelha, preta e verde. Eles soltariam no mundo a morte, guerra, fome e conquista, representando a violência resultante de escolher não seguir a palavra de Deus – a Roma imperial.

Outra imagem famosa do livro é a da besta do apocalipse e suas sete cabeças, que emerge do oceano e exige ser adorada. O nome de uma blasfêmia está escrito em cada uma das suas cabeças.

Cavaleiros do Apocalipse retratados em Bíblia de 1522

A besta seria Roma, e suas cabeças representariam os sete imperadores que a Roma antiga havia tido naquele tempo. Os nomes de blasfêmias representam a tendência dos imperadores romanos de se chamarem de deuses.

Influências

Até hoje, o Apocalipse tem influência na cultura a aparece em várias referências modernas.

Entre os filmes que fazem referência a ele estão O Sétimo Selo (1957), Fim dos Dias (1999), Filhos da Esperança (2006) e É o Fim (2013) – todos usam a imagem do fim do mundo.

Na literatura, estão entre os exemplos best sellers como a série Deixados para Trás (1995), O Nome da Rosa, de Umberto Eco (1980) e Revelação, de CJ Sansom.

Muitos músicos, de compositores clássicos a bandas de heavy metal, foram influenciados por temas da revelação.

O Iron Maiden batizou seu disco de 1982 de The Number of the Beast (O número da besta), enquanto o álbum do Muse de 2006, Black Holes and Revelations, traz os Cavaleiros do Apocalipse na capa.

Os religiosos acreditam que o número, serve apenas como uma representação para o que há de maligno; para os estudiosos do assunto, uma crítica política do Império Romano que foi feita através de números e símbolos escondidos para evitar uma resposta do imperador, e de acordo com essa teoria, as profecias contidas neste livro na verdade apontam apenas para as perseguições dos Cristãos da Antiguidade e para a destruição de Jerusalém, junto com outros eventos que ocorreram naquele período da história romana.

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