Peste emocional
O colunista Luiz Gustavo Pereira irá tratar sobre Saúde Emocional com o tema - “Praga emocional”
Minha tarefa aqui é falar sobre psicologia e filosofia; não é trazer uma pauta moral, mas talvez debater a moral. Hoje trago o tema “Praga emocional”, originalmente descrito pelo psiquiatra Wilhelm Reich. Aqui, busco aplicar o tema ao nosso cotidiano.
O termo “Peste emocional” foi introduzido para descrever um fenômeno perturbador: a presença da irracionalidade coletiva e da destrutividade em grupo. Nós guardamos em nosso inconsciente muitos materiais destrutivos, tanto para nós mesmos tanto para os que estão ao nosso redor. Esse material, se não tratado corretamente, pode se desenrolar de diversas formas, como por exemplo o uso da pornografia, práticas violentas generalizadas ou até mesmo o suicídio. A questão fica mais perigosa quando essas neuroses são compartilhadas, pois podem gerar grupos políticos radicais, grupos que defendem uma raça ou grupos religiosos, como foi feito com as bruxas de Salem: toda uma comunidade de pessoas tramou e perseguiu mulheres, e aqueles que iam contra este movimento, também podiam ser perseguidos.
Organismos insatisfeitos e amorosamente frustrados, quando acometidos de peste emocional, tendem a desejar, temer, invejar e, por fim, odiar e querer destruir tudo aquilo que ameaça sua paralisia. Achar que os outros são acometidos pela “Praga emocional” e não voltar os olhos para si é um erro, é uma forma de autoengano que abre espaço para o caráter narcisista e, é claro, para a própria praga. Esse narcisismo pode nos levar a pensar que somos melhores, mais puros e que temos, por isso, o direito de intervir no comportamento dos outros.
Eu não poderia falar sobre esse tema voltado à contemporaneidade sem citar o cancelamento virtual, que nada mais é que um movimento de massas, que na sua maioria é um compilado de pessoas querendo agradar umas às outras, mostrando que são posicionadas de alguma forma. Claro, temos que nos impor, porém estou falando desse movimento de quem teme não ser querido pelo outro. O cancelamento, em alguns casos se transforma em lixamento virtual, neste caso não é feito para que a pessoa reflita ou que se retrate, e sim para que ela deixe de existir, para que ela nunca mais tenha uma vida normal, para que o sujeito sofra eternamente e que não possa mais trabalhar de nem uma forma, buscando criar um inferno na terra para o “cancelado”. O cancelamento também é uma espécie de praga.
Para enfrentar essa “peste”, uma alternativa poderosa é buscar suporte multiprofissional: médico e psicólogo. Isso nos ajuda a reconhecer que certas práticas, embora coletivamente validadas, podem não ser saudáveis. Em alguns casos, confiar exclusivamente em autoanálise, meditação ou yoga pode ser insuficiente – especialmente se a psique do indivíduo já estiver fragilizada. Nessas condições, essas práticas podem até agravar os sintomas.
É crucial preparar o “terreno psíquico” do paciente, e essa preparação demanda a orientação de especialistas. Só então o processo de autoconhecimento e crescimento pessoal pode se iniciar com segurança e eficácia.
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