Mulheres chegam ao centro da disputa eleitoral e podem definir se haverá segundo turno no país
O melhor desempenho de Simone Tebet no primeiro debate presidencial e os ataques de Jair Bolsonaro à jornalista Vera Magalhães, inesperadamente, colocam as mulheres no centro da disputa eleitoral. Os erros de Lula, acuado sobre corrupção, e de Bolsonaro, com ataques agressivos às mulheres, teriam potencial de mudar o voto dos indecisos, apuraram pesquisas qualitativas. O problema é que estas são as eleições com o menor número de indecisos desde a redemocratização, em 1989.
Com a polarização entre dois candidatos que já foram presidentes, isso nunca houve no Brasil, os eleitores anteciparam sua decisão. Inclusive nos casos em que decidem mais por rejeição do que por escolha: é o voto antilula ou antibolsonaro dando cara de segundo ao primeiro turno das eleições.
Em 2018, por exemplo, há um mês da votação, 31% dos eleitores se declaravam indecisos. Hoje, apenas 12% ainda não sabem em quem votar. Alguns institutos de pesquisa trabalham com percentuais ainda menores.
Ocorre que os favoritos são candidatos muito viáveis: Lula, o presidente mais popular que o Brasil já teve, e Bolsonaro, o atual presidente que trabalha pela sua reeleição desde o terceiro dia de mandato com aparato digital e bolhas na rede social. Essa circunstância deixou pelo caminho nomes como de João Dória e Sérgio Moro. Mas Simone Tebet e Ciro Gomes resistiram no espaço de terceira via. Com seus acertos na campanha ou com os erros dos dois presidentes podem desacelerar o voto útil, aquele decidido em favor de quem pode ganhar já no primeiro turno.
São os indecisos que podem levar esta eleição para o segundo turno. Adivinhe: de novo a chave está com as mulheres. Elas representam 64% do eleitorado indeciso que também é 50% católico, tem renda de até cinco salários mínimos e mora preferencialmente no Sudeste. Perfil típico do eleitorado lulista, aliás, que pode converter seu voto para Tebet ou Ciro no primeiro turno. Mas que, do jeito que Bolsonaro tropeça com o público feminino, voltará ao petista no segundo turno.
Recorde
Essas são as eleições com número recorde de mulheres. A proporção de mulheres eleitas, contudo, não tem sido grande coisa. Embora sejam 53% dos eleitores, as mulheres são 12% nas prefeituras, 15% do Congresso Nacional, 16% nas assembleias legislativas e câmaras de vereadores e apenas uma entre 27 governadores. Quer porque têm menor acesso à cúpula partidária e ao fundo eleitoral e menos tempo livre, as mulheres demoram mais a construir candidaturas competitivas.
Sem privatizar
Esperidião Amin e o candidato ao Senado Kennedy Nunes assinaram compromisso com a Associação de Funcionários da Celesc para manter pública a Celesc Distribuição, afastando qualquer possibilidade de privatização. O candidato a governar SC pela terceira vez, destacou que a conquista do nível dois de governança corporativa foi decisiva para o êxito da Celesc e pediu ajuda para, se eleito, melhorar o atendimento ao consumidor e democratizar o plano de investimentos.
Combate ao racismo
Décio Lima e Bia Vargas, candidaturas da Frente Democrática (PT, PSB, PCdoB, PV e Solidariedade), assumem o compromisso de combater o racismo e ampliar a diversidade se eleitos ao governo de SC. Os representantes da coligação apoiada pelo ex-presidente Lula, incluindo o candidato ao Senado Dário Berger, participaram no Centro da Capital de ato alusivo ao Dia Internacional para Pessoas Afrodescendentes na luta pelo fim do racismo. “Não vamos permitir, em qualquer metro quadrado desse Estado, que o preconceito fique impune. Isso será um combate permanente na cultura, educação e na governança”, garantiu Décio. A candidata a vice Bia Vargas destacou a importância do povo negro para o país e para SC, onde a população negra passa de 1 milhão de pessoas. “O Brasil foi forjado a partir da população negra, que é a base de nossa pirâmide, que é o que move o país”, constatou.
Na estrada
Na Associação Empresarial de Blumenau, os candidatos Carlos Moisés (Republicanos) e Jorginho Mello receberam a cartilha impressa do Projeto Voz Única que reúne mais de 700 pleitos do setor produtivo, com 60 prioridades para cada uma das 12 regionais. O presidente da Facisc, Sérgio Rodrigues Alves, defende que o Estado se torne destaque nacional em gestão e sugere um conselho de notáveis para ajudar o governador eleito. “Cada pleito se refere a uma dor da classe empresarial, que de alguma forma se reflete na população”, atestou o vice-presidente regional Vale do Itajaí, Rinaldo Araújo. Próxima agenda da Facisc será segunda, em Tubarão. Conclusão dos trechos de duplicação da BR-470 com prioridade aos acessos municipais, implantação da pista de cargas do aeroporto de Navegantes, complementação das obras da Bacia de Evolução do Rio Itajaí, extensão do Corredor Ferroviário Catarinense e melhoria na educação pública com combate à evasão são as prioridades do Vale do Itajaí.