Carlos Moisés se perde pelo caminho e fica fora da disputa
Carlos Moisés, na passagem por Lages na última quinta-feira (29).Foto: Paulo Chagas
Quem poderia imaginar que o governador Carlos Moisés estaria fora do 2º turno deste pleito. Aliás, confesso que cheguei a comentar, não sei se aqui, mas fiz alusão ao risco que ele corria de ficar fora das disputas. Por outro lado, também dei ouvidos ao que Décio Lima (PT) dizia antes mesmo de começar a campanha, de que apostava na dissidência de votos dos candidatos direitistas. Até torceu para que Esperidião Amin não fechasse com Jorginho Mello (PL). Seja como for, este quadro se configurou. No entanto, acho que para por aí. Não vejo e nem imagino o petista virar o pleito a seu favor no 2º turno, diante de um estado com quase 70% dos eleitores afetos a Bolsonaro. Por isso, considero que Jorginho Mello é o franco favorito. Um capítulo novo estará sendo escrito a partir do resultado das urnas deste dois de outubro.
Os perdedores
Penso que seja Carlos Moisés (Republicanos) não tenha sido o maior perdedor deste pleito, e sim o MDB. Dividido desde o início, a partir do forçado afastamento de Antídio Lunelli, que fora o primeiro postulante à candidatura ao Governo, e pela escolha do empresário Udo Döhler, e que diga-se de passagem, não aglutinou, foram os erros. E mais. Coloque-se na conta o fato de que muitos partidários não engoliram a aliança com o governador que se rendeu a um partido nanico. Talvez, como vitória do MDB, o fato de ter a oportunidade de ter no Senado, por quatro anos, Dona Ivete, a viúva do ex-governador Luiz Henrique da Silveira. Aliás, oportunidade propiciada justamente por Jorginho Mello. Isso tudo são fatos, e precisam ser relevados.
Pingo nos IS
Carlos Moisés perdeu para ele mesmo. Primeiro, logo quando foi eleito em 2018, dispensou a aliança com o presidente Jair Bolsonaro. Curiosamente só foi eleito por ter carregado a bandeira dele. Depois, inventou de fazer um governo centralizador, longe dos afagos dos deputados. Isolado, não teve outro jeito a não ser barganhar e dividir o território com parlamentares, antes indesejados. Veio então o escândalo da compra dos respiradores, os dois processos de impeachment, entre outros problemas de gestão bem mais recentes, e que culminaram com o que não se esperava, ou seja, ser preterido pelos eleitores, e perder a chance da reeleição.
No Senado
Bem longe do que previam as pesquisas Jorge Seif (PL) navegou nos ombros do presidente Jair Bolsonaro e do empresário Luciano Hang, e conquistou a única vaga ao Senado. O ex-governador Raimundo Colombo andou na liderança em vários apontamentos desde o começo. Era sabido que a envergadura dos padrinhos de Seif seria o maior dos desafios. O arremate final de estímulo ao eleitor catarinense, em torno do jovem candidato ao Senado, se deu com a vinda de Bolsonaro, em Joinville, no último sábado (1/10). Disso não tenho dúvida.
Lula X Bolsonaro
Pesquisas, que nada. Uma vergonha o que disseram, tanto de um lado para o outro. O segundo turno entre os dois será mais polarizado ainda do que no primeiro. Dá para imaginar o que deverá acontecer em um debate entre os dois, frente a frente. Por outro lado, difícil compreender como praticamente todos os nomes que tiveram apoio de Jair Bolsonaro foram eleitos com sobras de votos, e ele não. Como pode o eleitor dissociar o nome do líder que teve multidões ao seu lado a cada lugar visitado, e não ter dado a ele a mesma quantidade de votos dirigidos aos ministros que concorreram ao Senado, por exemplo? E sem contar que não tem como compreender que metade da população brasileira queira correr o risco de ver o Brasil novamente assaltado, sem falar do que pode acontecer, se levarmos em conta o que anda sendo visto em países vizinhos. Por isso, a compreensão foge à razão.