Notícias de Criciúma e Região

Páscoa deste ano será marcada pela escassez de ovos de chocolate

Quem deixou a compra dos ovos de chocolate para a última hora irá encontrar dificuldade em encontrar o produto nos estabelecimentos comerciais da região. Alguns supermercados de Criciúma já registram poucas ou quase nenhuma opção deste item em seus estoques. Com uma demanda considerada alta, mesmo com a restrição da circulação, devido ao isolamento social decorrente da pandemia do coronavírus, os estoque já estavam baixos, devido a baixa na produção das fábricas de chocolate em função da crise e dos decretos de paralisação das atividades.

O Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) verificou que os cristãos ultrapassam 87% da população brasileira. Não por acaso, a Páscoa, uma das principais datas da cristandade, também representa um momento importante para o varejo brasileiro. Tão importante que os resultados das vendas de chocolate, peixe e vinhos, produtos intrinsecamente ligados à festividade, são usados por economistas para aferir a saúde da economia no país.

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A Páscoa deste ano não poderá servir como base de comparação para nada. Com as pessoas confinadas em suas casas, muitas delas sem salário, o impacto nas vendas já é sentido, principalmente de chocolate. “O chocolate é um produto caracterizado pelo consumo em momentos de indulgência e sabemos que, por não ser um item de primeira necessidade, acompanha o desempenho da economia”, disse em janeiro o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Chocolate, Amendoim e Balas (Abicab), Ubiracy Fonsêca. “A recomendação de isolamento social freou uma série de iniciativas, eventos e lançamentos programados para o período que provocou um giro de 180 graus no mercado”, comunicou a Abicab em seu site.

As previsões da indústria para o ano eram até favoráveis. Os indicadores prévios de fevereiro, até a primeira semana de março, apresentavam uma tendência de crescimento positiva de 55% na intenção de compra do consumidor se comparada com 2017 e possivelmente igual ou superior ao ano de 2019. Infelizmente, o efeito Covid-19 se impôs a qualquer expectativa, cálculo ou projeção. Para o economista e presidente Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (IBEVAR), Claudio Felisoni de Angelo, o impacto na economia será muito desfavorável. “A pandemia desestabilizou o país e a confiança do consumidor”, avalia.

Saída pela solidariedade e criatividade

Mas nem tudo está perdido. Se por um lado o coronavírus arrefeceu os ânimos de alguns, ascendeu a chama da criatividade e da solidariedade em outros. A Brasil Cacau, por exemplo, se uniu ao Hemocentro da Santa Casa de São Paulo na ação solidária “Adoce a Vida de Alguém”, e presenteou as primeiras duas mil pessoas que doaram sangue no local com ovos de Páscoa.

Já a Nestlé olhou para dentro e decidiu suspender a demissão de seus funcionários, mantendo o pagamento integral dos salários. Além disso, a empresa comunicou que trabalha com parceiros do varejo para evitar que a cadeia de distribuição seja afetada pela contaminação.

Quem está trabalhando diretamente com o consumidor também está se mexendo. O supermercado Extra apostou nas condições de compra para driblar a crise e vai parcelar em dez vezes sem juros as compras de ovos e bolos de Páscoa, chocolates, bacalhau, azeites e vinhos portugueses.

Empresas menores apostam na parceria. A Evino, um dos maiores e-commerces de vinhos do País, se uniu à Dengo Chocolates para oferecer oito kits especiais com vinhos selecionados para harmonizações deliciosas. A Ferrero se juntou ao aplicativo Rappi® para facilitar as entregas de seus produtos na casa dos consumidores.

E, claro, muitos correram para o e-commerce. Foi o caso da Hershey´s, que acelerou seu plano de digitalização e deu entrada em três frentes: e-commerce próprio focado no consumidor final; plataforma voltada aos pequenos varejistas; e presença em marketplaces de grandes plataformas online como Americanas e Magazine Luiza.

Na sua campanha de Natal, o Pão de Açúcar vai convidar seus clientes a descobrir novos jeitos de estarem juntos, como reuniões por chamadas de vídeo, por exemplo. “São as pequenas felicidades que se tornam gigantes”, diz o texto divulgado pela marca. Assim, as peças publicitárias trazem ícones que remetem diretamente ao universo virtual, como botões de vídeo chamadas e telas em mosaico de pessoas que permanecem juntas, mesmo que distantes presencialmente.

O pequeno varejista

Para o pequeno varejista, no entanto, algumas saídas não são possíveis, mas as que restam também devem passar pela criatividade. Falamos com o consultor de varejo Marco Quintarelli para orientar o empresário que já fez as suas encomendas e está apreensivo com o cenário geral. A mensagem é: não fique parado! Confira a entrevista!

Que impacto a crise do coronavírus terá sobre a Páscoa 2020?

A expectativa antes da pandemia era de um crescimento dentre 6 e 10%, porém não tínhamos ainda um quadro de aumento considerável no câmbio, nem as definições de quarentena, que provocou o fechamento de muitas lojas de varejo, além da redução da movimentação de indivíduos e logística de abastecimento. Ainda é uma incógnita como o mercado irá responder a esta situação.

O que os varejistas podem fazer para minimizar esse impacto?

Primeiro, seguir com os protocolos de segurança na higiene pessoal e segurança alimentar contra a propagação do coronavírus. Isso é fundamental! Além disso, garantir o abastecimento de gêneros e evitar o aumento de preços da cadeia de abastecimento. Também é importante manter as suas estratégias originais de ações de marketing.

Com relação aos empresários que já fizeram suas encomendas, quais alternativas para minimizar eventuais prejuízos?

Cada varejista já tem uma noção do seu público. Sugiro que revejam suas estratégias no sentido de seus investimentos x perdas, levando em consideração que os consumidores estão em quarentena e comemorarão a Semana Santa em casa. Esses clientes terão que ser abastecidos de gêneros de primeira necessidade e de diversa categorias. É importante evitar grandes rupturas no abastecimento e ter muito cuidado com os produtos sazonais de alto valor agregado.

Como o varejista pode se preparar para ampliar suas vendas nesse cenário?
Acho que um bom caminho são as promoções de preço e de “leve e ganhe”, onde o consumidor se beneficia comprando um volume maior de unidades. Isso com abordagem e degustação de ovos de chocolate, azeites, bacalhau (bolinho, desfiado). Também vale priorizar a exposição de itens sazonais, trabalhar espaços-chave como ilhas e pontas de caixa. Tudo isso auxilia num interesse maior ao consumidor.

Como inovar em um momento desses?

A Páscoa tem um simbolismo único, mas pode ser “aproveitado” de muitas formas. O momento agora é de união familiar. A partir daí vale a criatividade do varejista. Ele pode focar em produtos para quem vai confraternizar em casa. São diversos canais que podem ser utilizados para aumento do ticket médio com os produtos sazonais ou de oportunidade.