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“Papai Smurf” da vida real: o curioso caso do homem que ficou azul

Nosso corpo é uma “máquina” perfeita. Ele se adapta ao máximo às adversidades para nossa sobrevivência. Mas, os humanos são capazes de mudar a cor da própria pele? Um caso nos Estados Unidos se tornou popular anos atrás e chamou a atenção do mundo científico exatamente por isso. O norte-americano Paul Karason ficou mundialmente famoso por causa de sua pele azul escura.

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Tudo começou em 1994, quando Paul com seus 45 anos, viu um anúncio numa revista de que a prata coloidal – substância utilizada para separar prata dos metais – serviria para curar envenenamento por petróleo. Solidário, ele tentou ajudar um amigo, que trabalhava em uma oficina mecânica, e decidiu experimentar junto. Os dois prepararam um copo de 300 ml com a prata coloidal e tomaram o líquido por alguns dias seguidos.

Após o terceiro dia do “experimento”, o refluxo gastroesofágico que seu amigo tinha, havia desaparecido. Com o aparente bom resultado, o norte-americano resolveu ir além. Sozinho, sem quaisquer orientações médicas, tratou seus problemas de saúde, se automedicando com cloreto de prata caseiro com altíssima concentração de prata iônica, que ele mesmo fazia, e para deixar a solução ainda mais perigosa, ele adicionava sal. Ele achava realmente que estava fazendo prata coloidal, e começou a usar o composto para tudo, em ferimentos na pele, até arranhões de gato. As coisas até que estavam indo bem: diz ele que parou de sentir problemas de artrite e muitas outras coisas que sentia após ingerir a prata.

Eis que Paul desenvolveu uma dermatite, que causava coceira e vermelhidão. E que ideia maravilhosa passou pela sua cabeça? Isso mesmo: preparar sua própria mistura de “colloidal silver”, um remédio ilegal a base de prata vendido nos Estados Unidos, e começou seu tratamento, que dessa vez consistia em passar a solução na pele, além de beber no intento de amenizar a dermatite.

Para piorar as coisas, Paul Karason deitava ao sol para “fixar” o cloreto de prata ao seu corpo. Nos dias sem sol, ele ia se “bronzear” com o perigoso composto em câmaras de bronzeamento artificial. Sua pele então começou gradualmente a ficar azul. Durante dois, três meses, as pessoas nem perceberam a diferença. A mudança de cor só foi notada quando um amigo foi visitá-lo e surpreendeu-se com seu rosto: Karason havia passado de um homem de pele clara, sardento e cabelo loiro avermelhado que era até cerca de 1993, para uma pessoa de pele azul. Karason fez uso da prata por dez anos seguidos.

Segundo especialistas quando o ser humano tem contato com altas doses de prata, ele adquire uma condição permanente chamada Argíria, onde a pele do indivíduo pode se tornar azul, ou azul acinzentado devido ao acumulo de sais de prata no organismo. Além disso, a pessoa pode desenvolver também problemas pulmonares, entre outras coisas, apesar de que não há um consenso médico sobre o assunto.

Ele vivia recluso até se tornar famoso, já que segundo ele, não havia aceitação da comunidade em relação sua aparência, contudo, ainda assim pode se dizer que Paul viveu uma vida moderadamente tranquila. Ele não gostava de sair em público. Quando ele precisava fazê-lo, era apenas para ir ao banco ou comprar cigarros.  
 
O caso de Paul Karason veio a público em 2008, quando ele aceitou sair de sua vida reclusa e participar de um programa de televisão norte-americano para falar sobre a argíria. Por causa da doença, ele chegou a ser apelidado de “Papai Smurf”, uma referência ao personagem da série de televisão infantil “Os Smurfs”, que tinha pele azul e barba branca. 
 
Houveram momentos desesperadores, como o de 2012, quando Karason perdeu sua casa, sua noiva e ficou desempregado enquanto lutava contra um problema cardíaco e câncer de próstata. Mais tarde, ele foi morar em abrigos de sem-teto, onde eventualmente encontrou o amor de sua vida: uma ex-colega de escola chamada Joanne Elkins. 

Mas, o que aconteceu com a pele de Karason? 

Explicações científicas disseram, que a cor azul da pele de Paul se deveu a um fenômeno, a prata em contato com a água impede que as bactérias produzam energia, o mesmo acontece com o corpo humano. 

O que aconteceu com Paul Karason foi exatamente a mesma coisa que ocorre quando a prata é colocada em uma chapa fotográfica. Exposta ao sol ela mudará de cor, assim explicou o cirurgião cardiotorácico e professor da Universidade de Columbia na época do talk show da apresentadora Oprah em que Paul concedeu entrevista. 

Essa condição é chamada de argíria, uma doença rara na qual a pessoa fica com a pele azul ou cinza devido ao acúmulo de sais de prata no organismo. Geralmente é observada em áreas do corpo expostas ao sol, mas pode estar presente nos olhos e nos órgãos internos também. 

Seu tratamento consiste na suspensão de medicamentos que contenham prata em sua composição, além de terapia a laser e cremes com hidroquinona (substância comum usada no clareamento de manchas). Entretanto, não há uma cura para a argíria e as ações descritas são apenas preventivas ou para evitar sua progressão.

 

Paul Karason, morreu em 2013, aos 62 anos em um hospital de Washington (EUA), depois de sofrer um ataque cardíaco. Ele contraiu pneumonia no hospital e não resistiu a um acidente vascular cerebral. O relatório médico não mostrou nenhuma relação entre a morte e a prata coloidal. Mas os médicos aproveitaram seu caso para enfatizar os perigos de ter contato com o componente químico em quantidades absurdas.

Na época de seu falecimento, a esposa Elkins chegou a comentar que o apelido de “Papai Smurf” nem sempre foi bem aceito pelo marido. “Papai Smurf, era um apelido que ele não gostava, dependendo de quem chamasse. Se fosse uma criança que corresse para ele dizendo ‘Papai Smurf ’, ele iria sorrir. Mas se fosse um adulto, bem…”. 

Embora Karason sofresse de argíria, ele sempre teve um longo histórico de problemas de saúde, principalmente, relacionadas ao coração. Ele era um fumante inveterado, e continuou a usar prata coloidal até sua morte, Paul tinha esperanças de que sua pele voltasse à cor de antigamente. 

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