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Os quadros das crianças chorando. Maldição ou lenda urbana?

Conheça a história real dos quadros que aterrorizam o Brasil desde os anos 80

Todo mundo gosta de histórias inexplicáveis, e o chamado “quadro do menino chorando”, pintado pelo italiano Giovanni Bragolin, acabou se transformando em lenda urbana durante a década de 80, justamente por estar envolto em uma aura de mistério. O artista, na verdade, se chamava Bruno Amadio, e ficou famoso por retratar uma série de meninos e meninas chorosos.

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Como toda lenda que se preze, a do quadro de Amadio está recheada de contradições, eventos inexplicáveis, controvérsias e uma pitada de ocultismo. O artista chegou a frequentar uma academia de artes de Veneza — sua cidade natal — e uma das versões da lenda, que começou a circular na Inglaterra, conta que o quadro que acabou ganhando fama de “amaldiçoado” foi um retrato que Amadio fez do próprio filho.

A série de 27 telas pintadas pelo italiano Giovanni Bragolin, denominada Quadros das Crianças Chorando, foi um enorme sucesso na Europa dos anos 50. Vendendo inúmeras cópias, o pintor ficou famoso entre as décadas de 1970 e 1980, com seus quadros se espalhando ao redor do mundo. Entretanto, algo macabro envolvia essas obras.

As pinturas mostravam crianças pobres, com belas feições e lágrimas nos olhos. Geralmente olhando para frente, elas pareciam demonstrar uma espécie de terror mudo e constante através das pinceladas feitas a óleo.

Uma versão inglesa dessa lenda conta, que um garotinho morria de medo do fogo e, para fazê-lo chorar para a pintura, Amadio segurava fósforos queimando diante de seu rostinho. Ainda de acordo com essa versão da lenda, o menino teria falecido algumas semanas após a obra ser finalizada, e o artista durante um incêndio terrível em sua casa — só para constar, segundo os registros, o italiano nasceu em 1911, e veio a falecer apenas em 1981.

A lenda acabou se consolidando depois que o retrato do menino passou a ser produzido em série na Inglaterra, e diversos incêndios registrados no país foram atribuídos à maldição do quadro, que era um dos poucos itens encontrados intactos após os incidentes.

Entretanto, em julho de 1985, o jornal britânico The Sun citou o quadro em uma matéria sobre um incêndio residencial no norte da Inglaterra, afirmando que o único objeto da casa a sobreviver era uma tela de criança chorona.

Após isso, um bombeiro local declarou a público ter presenciado vários incêndios nos quais apenas os referidos quadros restavam. E segundo a polícia, cerca de 50 incêndios relacionados às figuras ocorreram desde 1973.

Com o passar dos meses, leitores desesperados começaram a enviar suas cópias dos quadros para o The Sun, que organizou uma grande fogueira para queimá-los. E uma explicação foi dada: o sucesso das obras seria fruto de um pacto entre Bragolin e o demônio.

Além da história que circulou — e foi consolidada pelo tabloide — na Inglaterra, também existem versões não menos interessantes, incluindo as demais crianças retratadas por Bragolin. Uma delas conta que o pintor, passando por dificuldades de não conseguir vender seus quadros, decidiu fazer um pacto com o diabo. No entanto, em vez de oferecer a própria alma no “negócio”, o artista teria vendido as dos compradores de suas pinturas.

Uma outra teoria, que se espalhou fortemente no Brasil, foi a da existência de imagens ocultas nas pinturas, com várias mensagens subliminares. Segundo os conspiradores, o que parecia o pescoço de uma garota na verdade era uma mão que a enforcava; e o suposto cachecol de um garoto retratado era na verdade a boca de um monstro que o estava engolindo, e algumas das crianças retratadas apareceriam com as pupilas dilatadas. O pintor inclusive teria confessado que a causa disso era que os pequenos estariam mortos, e que eram crianças reais que haviam sido abduzidas para serem entregues ao demônio. Como qualquer lenda urbana, essa tomou proporções que duram até hoje.

Existe ainda a história de que Bragolin, depois de fugir da Itália para a Espanha durante a guerra, teria usado como “modelos” as crianças que viviam em um orfanato local que foi — adivinhe! — destruído algum tempo depois em um terrível incêndio. Um fato que liga o pintor italiano fortemente com o Brasil, é de ele ter, supostamente, ido ao Fantástico (programa exibido aos domingos pela Rede Globo) ceder uma entrevista nos anos 80, onde teria implorado para que as pessoas que tivessem seus “Crying Boys” em suas casas, os queimassem. Mas, no entanto, nunca houve uma prova de que a entrevista realmente existiu. Por mais que se procurem vídeos no youtube ou registros escritos, nunca nada foi encontrado que comprovasse a entrevista.

Em 2000, um livro retomou a história. O “pesquisador” George Mallory afirmava que Bragolin era espanhol e seu nome real era Franchot Seville. Um dos retratados seria um garoto de rua que Seville achou em Madri em 1969. Após pintá-lo, Seville teria descoberto que seu nome era Don Bonillo e que tinha ficado órfão quando os pais morreram num incêndio. Don Bonillo nunca falava. Ele era conhecido como “Diablo”, porque, por onde passava, incêndios inexplicáveis começavam. Seville teria adotado o garoto. Certo dia, o estúdio do pintor pegou fogo e o artista acusou o órfão, que fugiu em lágrimas. Só se ouviria falar dele de novo em 1976, quando Bonillo, aos 19 anos, teria morrido num acidente de carro.

Entretanto, são apenas lendas. Acredita-se que, lá na Inglaterra dos anos 80, os quadros não teriam se incendiado pela alta densidade do compensado no qual eram impressos, o qual demorava muito para pegar fogo.

E mais suspeita ainda era a grande rivalidade que o jornal The Sun enfrentava com o Daily Mirror em meados dos anos 80, que fazia com que notícias sensacionalistas fossem uma ótima arma de publicidade. E a lenda dos quadros malditos teria servido como luva para atrair a atenção de um público incauto. A maioria dos incêndios ligados aos quadros tinha explicação lógica.

Os quadros eram produzidos em larga escala e tinham mais de um autor. Obras da escocesa Anna Zinkeisen, que tinha uma série de retratos de criança chorando intitulada Childhood, também estavam no meio da polêmica começada pelo The Sun. Bruno Amadio, o tal pintor maldito por trás de “Giovanni Bragolin”, era italiano, e não espanhol, e nunca usou o pseudônimo Franchot Seville. Ele criou a série para ganhar dinheiro, mas também pintava paisagens e natureza-morta. Os modelos para os 27 ou 28 quadros produzidos por Amadio foram crianças de Veneza achadas em escolas e parques.

A vida de Bragolin foi com certeza uma polêmica. Não há sites que indiquem clara e convictamente onde ele nasceu, de quem era filho, onde passou sua infância. Tudo que se sabe é sobre sua misteriosa lenda urbana.

Obrigada pela leitura, e não deixe de me contar se já conhecia esta lenda urbana ou se ouviu alguma versão que não inclui aqui, me siga nas minhas redes sociais:
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