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Qual a história por de trás da expressão ‘voto de Minerva’?

Essa expressão está presente em nosso dia a dia, pode ser em uma brincadeira de criança ou em decisões necessárias para resolver impasses sérios. Quem nunca ficou com a responsabilidade de desempatar uma situação dando seu “Voto de Minerva”? Mas, você sabe como surgiu essa expressão? Assista ao vídeo abaixo e descubra a origem do termo:  

O nome Minerva vem do latim mens, mente: remente a pensamento. Era o nome da deusa romana da sabedoria, das artes e da guerra. Na mitologia grega, corresponde à deusa Palas Atena, que protegeu os gregos na Guerra de Tróia. 

Como deusa da paz e da razão, presidia as artes, a literatura, a filosofia, a música e a atividade inteligente. Minerva era representada com um capacete na cabeça, a égide no braço e uma lança na mão, símbolos de guerra tendo ainda, junto a si um mocho e diversos instrumentos de matemática, símbolos das ciências e artes. Filha de Júpiter identificado com o deus grego Zeus, o supremo mandatário dos deuses que habitavam o Monte Olímpo. Atena já nasceu armada! Segundo a mitologia grega, para evitar o cumprimento da profecia que dizia que seu filho poderia nascer mais forte que ele, Zeus então engoliu sua amante grávida, Métis. 

Depois de certo tempo, Zeus sentiu uma forte dor de cabeça e pediu para seu filho Hefesto, que lhe abrisse a cabeça com um golpe de machado e dela nasceu “Atena”, já revestida de armadura. 

Para se obter as boas graças dessa criatura poderosa, os gregos a homenageavam com ritos, festas e oferendas que eram realizadas pelo próprio indivíduo que solicitava as graças, em um santuário adequado. No principal templo de Atenas, o “Partenon”, construído no século V a. C. pelo imperador Péricles, era realizada uma festividade anual, as “Panatenéias” em honra a Atena. 

Atena ficou conhecida como Minerva pelo voto de desempate que deu quando julgou Orestes juntamente com o povo de Atenas conforme contei no vídeo acima. Para entender melhor, vou contar alguns detalhes desse julgamento que não contei no vídeo. 

Ésquilo escreveu a Oresteia que é uma trilogia composta por três tragédias: Agamêmnon, Coéforas e Eumênides. 

O dramaturgo da tragédia retoma o mito dos átridas (descendentes de Atreu) e conta a história de Orestes (que era um simples mortal), que teria ocorrido por volta do século XII a.C., após a conhecida guerra de Troia. 

Para vender a Guerra de Troia, Agamenmon sacrificou sua filha aos deuses para vencer os troianos. Sua esposa, Clitemnestra, incentivada pelo seu amante Egisto, e tomada de fúria pela morte da filha, matou o marido. 

Orestes, um simples mortal, para vingar a morte de seu pai, matou sua mãe e o amante. 

Segundo a tradição, aquele que cometesse um crime contra um progenitor, era condenado à morte pelas Erínias, seres demoníacos para as quais o matricídio era o mais grave e imperdoável de todos os crimes.  

Sabendo do castigo que o esperava, Orestes apelou para o Deus Apolo, que decidiu advogar em favor dele, levando o julgamento para o Areópago. Três Erínias (Tisífone (Castigo), Megera (Rancor) e Alecto (Infindável)) foram as acusadoras e Atena presidiu o julgamento. 

A votação, num júri formado por 12 (doze) cidadãos atenienses, terminou empatada. Atena, então, proferiu sua sentença decisiva, declarando inocente e poupando a vida de Orestes, naquele que foi o 1º julgamento da história.

Como na mitologia romana Minerva era a deusa da sabedoria, o voto de Minerva corresponde à escolha sábia ou certa de alguma coisa. E este episódio pode ter representado, na mitologia, a transição histórica do matriarcado primitivo para o patriarcado. 

No Brasil, às vezes, o uso do voto de minerva se faz necessário nos julgamentos do Supremo Tribunal Federal (STF) e Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Todos os casos do STF são julgados da mesma forma: os 11 ministros votam, e vence o voto da maioria. Abstenções só são permitidas quando algum dos ministros tem relação pessoal com o réu. Nesses casos, a votação pode terminar empatada. Quem faz o desempate – ou dá o voto de minerva – é o presidente da corte. Geralmente, nesses casos, decide-se em favor do réu (como fez a deusa romana). 

Foi por causa dessa história grega, que o voto de desempate ficou conhecido como voto de Minerva, uma expressão popular muito conhecida e usada até os dias de hoje. Então, já conhecia a origem dessa expressão? Se você gostou dessa coluna, também pode gostar de outras histórias curiosas que eu já contei, é só clicar aqui e conferir. Obrigada pela leitura, me siga nas minhas redes sociais:
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