Oficinas artísticas: possibilidade de despertar potenciais
Atividades que fogem da rotina podem ajudar no desenvolvimento de potencialidades de crianças e adolescentes
“As oficinas são possibilidades de olhar para as crianças e adolescentes e ver o que eles têm de potencial, de capacidade, de despertar neles essas habilidades. É a oportunidade de mostrar para eles que existem outros universos, outros mundos, outras opções além das que conhecem. Quem sabe, é uma sementinha que plantamos aqui e que pode, lá na frente, virar uma árvore”, destaca a dirigente organizacional da Associação Beneficente Casa da Infância, Mônica Zeferino Amorim, sobre as diferentes oficinas disponibilizadas para os assistidos pela instituição.
Uma dessas atividades foi a oficina de xilogravura realizada pela artista plástica Viviane Rocha. Depois de aulas nas duas últimas semanas, os participantes receberam os certificados – e o desenvolvimento de novas habilidades artísticas. “A xilogravura aguça a criatividade, já que permite que os alunos criem as imagens que serão gravadas. A oficina tem o objetivo de sensibilizar os participantes sobre os possíveis traços, cores e texturas que compõe a técnica, além do conhecimento sobre essa modalidade artística em si”, frisa Viviane.
A técnica consiste em um entalhe em superfície sólida para a produção de uma matriz. Essa peça, então, recebe tinta e é utilizada para impressão em papel ou outro material, formando assim uma obra única. Muito utilizada no cordel, a xilogravura permite a criação de peças variadas em cada impressão, dependendo dos materiais utilizados, o entalhe e a tinta escolhida. Com as crianças, foram utilizadas placas de isopor para a produção das matrizes e palitos de madeira para realizar as gravações nessas superfícies.
O pequeno Pedro Henriques Santos da Silva, de 9 anos, é um dos atendidos da Casa. Para ele, as melhores atividades que participa na instituição são as brincadeiras com os colegas e as atividades artísticas. “Eu gosto bastante de pular corda, de pega-pega e também de pintar. Gosto das aulas de artes”, contou o menino. A oficina uniu as duas coisas que ele gosta, já que a artista provocou as crianças para criarem obras com o tema “brincadeiras” nas xilogravuras. Atividades como futebol, pular corda, tocar violão, entre outras, surgiram das mãos dos pequenos artistas.
Sobre a instituição
A Casa da Infância é uma associação beneficente que atua na prevenção de violências com atividades de fortalecimento de vínculos. “O nosso objetivo é atender as crianças, adolescentes em situação de vulnerabilidade. A ideia é trabalhar o fortalecimento desses laços de comunidade, amigos e família. Isso é uma forma de evitar que essas pessoas tenham seus direitos violados”, destaca Mônica.
A instituição atende aproximadamente 60 crianças e adolescentes diariamente no contraturno escolar. Com isso, 43 famílias também recebem a extensão desse atendimento.
As crianças, ao chegar, já tomam um primeiro café da manhã. Depois, vão para as atividades. No meio da manhã, mais um café, antes de encerrar as atividades do período. “Essas refeições são importantes também para elas. Temos aqui uma nutricionista que estende esse trabalho às famílias, analisa se falta algo para eles. Se necessário, a gente doa alimentos para quem precisa também”, conta ela.
Os adolescentes, à tarde, possuem atividades mais independentes. “Essas são oficinas por interesse. Eles escolhem os dias específicos das atividades que eles gostam e vêm participar”, frisa.
Interessados em conhecer mais o trabalho da Casa e auxiliar na manutenção das atividades podem visitar o site casadainfanciacriciuma.com.br, o Instagram @casadainfanciacriciuma ou entrar em contato pelo WhatsApp (48) 99167-3887.
Sobre as oficinas
As oficinas realizadas pela artista plástica Viviane Rocha fazem parte do projeto “De Bará à Oxalá: Xilogravando os Orixás do Batuque”, selecionado por meio do Edital Cultura Criciúma N° 001/2023 – Lei Completamente Nº 195/2022 (Lei Paulo Gustavo), através do município de Criciúma.
Por meio da xilogravura, a artista irá retratar os orixás cultuados no Batuque, tradição religiosa afro-brasileira do Rio Grande do Sul. Serão realizadas exposições em espaços públicos da cidade de uma série de obras da artista, além dos cadernos, desenhos, esboços, telas e matrizes de xilogravura. As oficinas integram o calendário de atividades do projeto.
Sobre a artista
Viviane Rocha nasceu em Mato Grosso e vive em Santa Catarina desde 2016. Iniciou a vida artística na fotografia e atuou na ONG Instituto Usina, em Cuiabá, realizando exposições e projetos de atuação regional. Em Santa Catarina, atuou no Portal Catarinas e no projeto “Artes de pesca: saberes e fazeres dos pescadores tradicionais da Costeira do Pirajubaé”, da Fundação Catarinense de Cultura. Atua como professora de Literatura e Língua Portuguesa e produz xilogravuras para expressão própria. É filha de Ogum pela Nação Cabinda, uma das vertentes do Batuque do Rio Grande do Sul.