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Obsessão doentia: conheça Carl von Cosel, o homem que dormiu ao lado do cadáver de sua paixão por sete anos

 

Há uma linha divisória bem tênue que separa o amor puro da obsessão doentia. Vou falar de um homem que sempre sonhou com um amor impossível, antes mesmo de o conhecer, e que fez tudo para conseguir ficar próximo a sua amada. Esteja preparado (a) para esse caso bem mais do que bizarro e sinistro.

 

A vida de Carl Tanzler von Cosel, um radiologista alemão, foi cheia de incessantes viagens e idas e vindas. Nascido na histórica cidade de Dresden, na Alemanha, em 8 de fevereiro de 1877, e lá teve uma vida analisada por muitos como distinta e promissora: era considerado um homem maduro, bem instruído e dono de títulos. Em meados de 1910 viveu na Austrália.

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Quando a Primeira Guerra Mundial estourou, em 1914, Carl tornou-se prisioneiro de guerra e voltou para Alemanha. De lá, apesar de ter se casado e tido duas filhas, foi para Cuba e, em 1927, aos 50 anos de idade, decidido a começar nova vida, Cosel emigrou aos Estados Unidos da América, indo residir na cidade de Key West, na Flórida, onde sua irmã vivia e onde exerceu suas profissões.

 

Carl Tanzler von Cosel na frente de sua casa, em 1940 / Crédito: Wikimedia

 

Rapidamente começou a trabalhar como radiologista em um hospital da Marinha, onde se apaixonaria pela jovem Maria Elena de Hoyos. Carl acreditava que ela estaria “destinada” a casar consigo — em sonhos, ele teria visto o semblante de sua “prometida”.

Elena, de fato, tratava-se de uma bela e adorável jovem de origem cubana, que por sua estonteante beleza trabalhava como modelo. Em meados de 1930, Elena contraiu tuberculose e seu pai, desesperado, teria subornado um amigo que era médico do hospital da Marinha. Assim, ela teria sido internada no melhor hospital da região, valendo-se de vasto leque de exames médicos.

 

 

 

Registro de Cosel sobre a primeira vez em que viu Elena:

“Elena vestia um vestido colorido de primavera cuidadosamente passado. Ao redor de seu pescoço um colar de pérolas artificiais. Tinha pernas esbeltas, um cabelo negro liso e longo que balançava sobre seus suaves e bronzeados ombros. Ele [cabelo] evitou seus olhos, mas não seus seios que insistiam em pular nervosamente no decote por culpa da maldita tosse. ” (Metamorfose Digital, s/p, 2015, acréscimo nosso)

 

 

E foi nesta época, que ele conheceu a jovem Maria “Elena” Helen Milagro de Hoyos, a americana de ascendência cubana, que tinha apenas 22 anos de idade. Apesar de ter mais que o dobro da idade da moça, Carl ficou obcecado por ela.

Segundo ele, durante toda sua infância ele teve visões da Condessa Anna Constantia von Cosel, uma ancestral distante, e ela sempre lhe mostrava a imagem do amor de sua vida: uma mulher de cabelos negros que muito se parecia com Elena.

A jovem era casada, mas o marido a deixou depois de um aborto espontâneo. O pior aconteceu: ela foi diagnosticada com o mal dos séculos, a tuberculose. Carl usou todo seu conhecimento e inventividade para tentar salvá-la, visitando-a todos os dias e, inclusive, levando presentes caros e exuberantes.

A relação dos dois era meramente médico-paciente, contudo, Carl alimentava esperanças amorosas quanto à paciente. Procurou cuidar dela a todo custo, sendo seu ombro amigo enquanto sua vida se esvaia. Dizia-se que Carl Von Cosel “era um homem afável e de trato fácil que surpreendia por sua inteligência e habilidades”.

Seus esforços foram em vão. Elena morreu, mas a obsessão do radiologista não. Inicialmente, ele ofereceu aos pais da moça para pagar o funeral e construir um mausoléu para ela. Eles aceitaram e ele visitava o túmulo todos os dias ao cair da tarde.

 

O infame mausoléu

 

A rotina se deu por dois anos, mas não era o suficiente para Carl. Atormentado pela paixão e pela saudade a níveis doentios, ele removeu o corpo de Elena de seu descanso final e o levou para sua casa, passando a viver com ela como se fosse, de fato, a sua esposa.

Durante esse tempo, o cadáver seguiu seu caminho natural de decomposição. Foi aí que Carl passou a fazer adaptações no corpo para contornar esse problema. Inicialmente, ele prendeu os ossos com fios e cabides e preencheu o torso e abdome com trapos para manter a mesma forma.

 

Elena enquanto viva e seu corpo embalsamado, respectivamente / Crédito: Wikimedia

 

Conforme a pele ia apodrecendo, ele trocava os pedaços por seda embebida em cera e gesso. Carl substituiu os cabelos da moça por uma peruca feita com os fios de Elena e a vestiu com um vestido, luvas e joias por cima de tudo.

Para evitar o cheiro de carne podre, encheu o corpo de perfume. Pensando em atrasar a decomposição, também embebeu o corpo em desinfetantes e conservantes. Depois de todos os processos, o homem passou a imaginar que o amor de sua vida estava de volta.

Assim, ele viveu por sete longos anos, até que, em 1940, espalharam-se rumores de que Carl estava fazendo sexo com um cadáver. A irmã de Elena foi até a casa dele e descobriu o mórbido espetáculo.

Ele foi prontamente detido e, como se tudo isso não fosse suficiente, os fisiologistas e patologistas que analisaram o cadáver encontraram um tubo de papel instalado onde costumava ser a vagina da moça, permitindo que, de fato, Carl tivesse relações sexuais com o que restou do corpo de Elena.

 

Cadáver de Helen exposto / Crédito: Wikimedia

 

Em sua defesa, alegou que todos os dias em que a visitava no túmulo, o espírito de Elena aparecia, pedia que ele cantasse para ela e implorava para que tirasse o corpo dela de lá. A sanidade do radiologista foi, obviamente, contestada, mas os exames mostraram que ele não estava maluco, ou pelo menos não num sentido patológico.

Apesar da situação ser extremamente bizarra e perturbadora, o alemão foi solto. O cadáver pôde retornar ao seu descanso final, mas não sem antes ser exposto numa funerária onde mais de 6 mil pessoas o viram.

Separado de sua grande paixão e obsessão, Carl viveu sozinho até 1952, apenas com uma efígie de Elena esculpida por ele mesmo. Em sua última entrada no diário, ele escreve: “O ciúme humano roubou meu corpo de Elena, mas a felicidade divina está fluindo através de mim, pois ela sobreviveu à morte. Para todo o sempre, ela está comigo”. Em 3 de julho daquele ano, seu corpo foi encontrado em casa, três semanas após sua morte.

Conta a lenda que ele estava nos braços da efígie, e alguns até extrapolam a dizer que ele recuperou o corpo da moça, mas a versão oficial do obituário diz que ele estava no chão. De uma forma ou de outra, a obsessão de Carl Tanzler havia, finalmente, chegado ao fim.

 

Carl segurando a máscara mortuária de Elena como se não fosse algo extremamente estranho de se ter

 

Assista ao vídeo abaixo, onde eu conto com mais detalhes dessa história macabra da noiva cadáver dos EUA.

Com vontade de mais histórias curiosas, bizarras, assustadoras como esta? Todas as terças-feiras eu lhe convido a sentar, por que lá vem mais uma história…

 

 

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