Negligenciar a narrativa de imagem pode custar caro
A narrativa visual (forma de contar quem somos através do vestir) é uma das mais eficientes ferramentas de comunicação de que dispomos. Então, imagine para um político, no auge de uma campanha eleitoral, o poder de comunicação que sua imagem detém.
Estamos num momento decisivo para quem está disputando as eleições, falta pouco para o dia 6 de outubro e, explorar todas as formas de comunicação com o público possíveis torna-se crucial.
Há quem ainda esteja negligenciando, não tratando como prioridade, a própria imagem pessoal. Grave erro. Gravíssimo.
Observo muitas campanhas em que o marketing está afinado, a equipe de campanha de rua também, enfim, tudo devidamente orquestrado, no entanto, a imagem pessoal do candidato está em completo desalinho com aquilo que se busca mostrar.
Ter uma imagem desalinhada prejudica o ritmo e a intenção da campanha.
Uma imagem descompassada atrasa a comunicação, impedindo que o público sinta afinidade, uma vez que fala algo que não se concretiza no campo visual.
Aqui é a história do ver para crer.
Fala em fomentar a tecnologia mas a narrativa visual é ultrapassada, diz preocupar-se com a causa animal mas ignora animais na rua ou usa acessórios em pele, fala em organizar a cidade mas veste-se de qualquer maneira, sem o mínimo de organização visual, estes são alguns exemplos. Somos criaturas visuais e precisamos que os nossos olhos confirmem aquilo que dizem as palavras.
Quando encontramos contradições entre a palavra e o visual acende uma luz e temos um ruído (algo que cria dúvida) na comunicação, este pode ser o motivo de excluir este ou aquele candidato das pretensões de voto.
Está muito perto do dia da votação, mas há tempo (curto) para enxergar e procurar realinhar a narrativa visual. Não é escolher um personagem, mas trazer clareza e mostrar que existe afinidade entre o discurso, o posicionamento político, as bandeiras e a própria imagem pessoal.
Aline Savi é advogada, consultora de imagem, especialista em imagem pública, personal stylist, consultora de etiqueta e pós-graduada em marketing político e comunicação eleitoral. Nesta coluna semanal fala sobre imagem e comunicação política.