Cada vez que assistimos a um filme já sabemos que a última cena virá seguida da palavra fim. Refletindo sobre os ciclos da vida, me deparo com um paradoxo que norteia o tema, sabemos que encerrar etapas são certezas irrefutáveis e, ao mesmo tempo, pelo fato de evitarmos pensar sobre, desprezamos a relevância dos começos que sucedem os finais. Quanto mais vivemos, mais nos damos conta da finitude das coisas e, mesmo assim, apresentamos resistência a alguns términos, mas por que resistimos? Será medo, angústia por falta de controle, amar tanto o que se vive que só de pensar que há limite, naturalmente, vem a fuga nos fazer companhia.
Quantos fins você já viveu até aqui? Se estiver lendo essa frase, sobreviveu a todos eles, ou melhor, viveu após todos eles. O começo e o fim se casam em vários momentos de nossas vidas e carreiras, na infância começa o desequilíbrio e termina em caminhada, na adolescência começam os amores e termina em frustrações ou namoros, na vida adulta carreiras começam e terminam, casamentos, amizades, ideias começam e possivelmente terminam em empresas, graduações começam e terminam em profissionais formados. O antagonismo se faz presente em nossa rotina e exerce grande impacto, porém, valorizamos fortemente os começos e desprezamos a possibilidade do fim, será essa uma das hipóteses para que alguns fins sejam antecipados?
Indiscutivelmente, o começo nos encanta, é a novidade, o desafio, o olho que brilha, e exatamente pela abundância de determinados momentos, desprezamos a magnitude das coisas, esquecemos com facilidade o primeiro dia no tão sonhado emprego, o dia do sim para o amor da sua vida, as pequenas e doces rotinas se tornaram robotizadas e então, encerrar algumas delas pode parecer o remédio para o tédio que se apresenta. Mas e quando não controlamos o fim? Como lidamos com isso? A morte é um exemplo clássico, o luto e suas fases. Mesmo diante do fim, que acreditamos não suportar, emerge o convite da vida para o (re)começo. Que não tenhamos medo do fim, mas que possamos apreciar a vida e todas as suas áreas como se fosse um eterno e provocante começo. Pense nisso!