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“Na alegria e na tristeza”

Vítimas de alagamentos não abandonaram seus pets durante o resgate

Os cães Mery, Nego, Thor e Belinha e o gato Pretinho foram algumas das vítimas não humanas acolhidas no ginásio municipal Irmão Walmir Antônio Orsi, de Criciúma, em função dos alagamentos que afetaram a região na madrugada de quarta-feira. Na manhã dessa quinta-feira, seus tutores aguardavam ansiosos a hora de retornar para casa. A angústia de ver de perto os estragos e contabilizar o prejuízo parecia atenuada pela gratidão de ver preservada a vida e a saúde de todos os integrantes da família, incluídos aí os fiéis companheiros de patas.

“Abri a porta e o rio já estava entrando em casa. Para nos salvar tivemos que subir nos móveis, que fomos erguendo, um em cima do outro; e para sairmos teve que ser pela janela”, conta a diarista Licélia de Moraes, resgatada no bairro Sangão em um bote salva vidas junto com os filhos Lucas Gabriel, de 21 anos, e Yasmin Emanuelly, de 13 anos.

Thor, Belinha e Preto devidamente protegidos pela pequena Yasmin e sua mãe, Licélia

O gato da família, Pretinho, Yasmin carregou todo o percurso envolto em um cobertor. “Só hoje pela manhã foram perceber que havia um gatinho conosco, pois ele permaneceu todo o tempo aninhado nas cobertas”, conta a adolescente, que se surpreendeu com a tranquilidade do gato durante o transporte. “Acho que ele percebeu que a situação era de perigo e se entregou”, comenta. Acompanharam a família também o grandão Thor, um misto de Chow Chow adotado ainda filhote, há três anos, e a peluda Belinha, adotada já adulta, há cerca de um ano, e que vive dentro de casa. “No início do alagamento, o Thor chorou para abrirmos a porta”, conta Licélia, que mostrou-se preocupada com outras três cachorras, a Chow Chow Ursinha, de cinco anos, e suas duas filhas, chamadas, ambas, de  “Pretinhas”, que já tinham desaparecido na hora em que a família se deu conta da gravidade da situação. “Uma das Pretinhas eu já soube que está em segurança na casa de uma vizinha, e tenho esperança de encontrar as outras bem, pois são boas nadadoras e estão acostumadas a explorarem a região, já que fogem para dar seus passeios”, pondera a tutora.

Seu Vitório, Nego e Mery esperando a hora de voltar para casa

Outro que nem cogitou deixar para trás seus mascotes foi o morador do bairro Sangão, Vitório Busiquia, de 78 anos, que passou os dias no alojamento improvisado do Ginásio Municipal em companhia da esposa Zuma, de 73 anos, da pequenina Mery, sempre no colo, e do curioso Nego, que não deixava de dar suas voltinhas pelo ginásio, mas sempre de olho no tutor. Mesmo apreensiva com toda situação, dona Zuma, quando viu que o assunto da entrevista era cachorro, não deixou de mostrar fotos do Nego ainda bebê, com um bico na boca. Já a Mery chegou adulta na família, há cerca de 10 anos. “Apareceu perdida em frente de casa. Acolhemos na esperança de encontrar o tutor e está até hoje conosco”, relembra seu Vitório.

Acolhimento sem discriminação

“Ninguém perguntou se estávamos resgatando os cães e gatos. Apenas trouxeram seus animais, que, lógico, prontamente foram acolhidos pela equipe”, relatou a assistente social Luciana Colombo de Freitas, uma das integrantes da força tarefa formada para os resgates, que mobilizou Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Secretaria de Ação Social de Criciúma. Segundo a servidora, um total de 35 pessoas permaneceram no ginásio de esportes Irmão Walmir Antônio Orsi entre a madrugada de quarta e a manhã de quinta-feira, a maioria das famílias acompanhada por pelo menos um mascote. “Um dos casais que resgatamos já estava com seus seis gatos preparados para a viagem dentro das caixas de transporte quando chegamos na casa”, conta Luciana.

Mascotes abrigados no Ginásio receberam atendimento médico veterinário e ganharam até roupinhas

Nesse caso, a família, que tem um filho pequeno e veio acompanhada de mais três cães, foi alojada em uma peça exclusiva para evitar o estresse dos felinos e também o possível incômodo a outros acolhidos, o que não aconteceu. “Os animais não incomodaram em nada, pelo contrário, até contribuíram para harmonizar o ambiente”, comentou a moradora do bairro Vila Zuleima, Maria do Carmo Farias Martins, que teve sua casa alagada e pernoitou no ginásio junto à filha e aos netinhos Arthur e Natali. “Fomos todos muito bem amparados aqui. Recebemos alimentação, cobertas, banho quente e até os cachorros ganharam roupinhas”, relatou a aposentada, esboçando um sorriso.

Núcleo de Bem-Estar Animal marcou presença

Em uma campanha relâmpago, o Núcleo de Bem-Estar Animal de Criciúma (NBEA) recebeu doação voluntária de várias sacas de ração, que não só serviram para alimentar os mascotes no tempo em que permaneceram no ginásio como serão levados para casa, por tutores interessados.

NBEA continua arrecadando ração e medicamentos

“A campanha continua, pois com todas as perdas materiais que sofreram, as famílias atingidas pelos alagamentos irão precisar de todo tipo de auxílio e doações até reestruturarem suas vidas”, ponderou o coordenador do NBEA, Christophe Lima. Outra ação do NBEA foi a assistência à saúde dos pets acolhidos, que receberam a visita da médica veterinária do Núcleo para uma breve avaliação e dicas de cuidados aos tutores.

Contribua doando ração

A doação de ração e também de medicamentos veterinários pode ser realizada na sede do NBEA, rua Miguel Patrício de Souza, Bosque do Repouso, ou na Secretaria Municipal de Ação Social, no Paço Municipal. Contato com o NBEA no telefone/whatsapp +55 48 3445-8729.

 

 

 

 

 

 

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