Mulheres fazem história ao conduzirem sessão em Forquilhinha

A sexta sessão ordinária da Câmara de Vereadores entrou para a história ao ser conduzida só por mulheres nesta segunda-feira, dia 7, em Forquilhinha. Com duas vereadoras titulares da vaga e sete suplentes em exercício, a iniciativa inédita foi realizada em homenagem ao Dia Internacional das Mulheres e se tornou um marco no Poder Legislativo Municipal.

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Autoridades e o público em geral lotaram os espaços da Câmara para acompanhar a sessão especial. “Estamos aqui nesta noite histórica para, acima de tudo, reivindicar nossos espaços na política e na sociedade como um todo. E para vibrar com as nossas conquistas, sem esquecer das mulheres que lutaram antes de nós. Muito obrigada a todos que tornaram este momento possível”, afirmou a presidente em exercício, Ivone Minatto (PSD).

A deputada federal Geovania de Sá (PSDB) marcou presença falando sobre a importância das mulheres na política. “A principal motivação para as mulheres entrarem na vida pública não é a influência do partido nem de pessoas próximas, e sim a crença de que podem fazer a diferença”, explanou. A parlamentar apresentou dados sobre as Câmaras de Vereadores no Brasil, em que somente 16% são mulheres, e elogiou o êxito do Legislativo de Forquilhinha em conseguir realizar uma sessão de 100% mulheres.

O Projeto de Lei PE nº 7/2022, que cria e implanta o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher em Forquilhinha, foi aprovado na sessão especial. Também houve aprovação de indicações, entrega de flores às servidoras da Câmara, deputada, vereadoras, primeira-dama Cleusa Cavassini Gonçalves e segunda-dama Valdete Warmiling Elias. E o livro “Mulheres de Forquilhinha” foi apresentado pelos autores Marcelo Pastafiglia, Andre Cavaller da Luz e Gustavo Dal Toé.

Uma articulação do presidente da Câmara com as bancadas do PDT, PSD, PP, PL e PT possibilitou a realização da sessão especial. “Fruto de uma construção coletiva com todos os vereadores e suplentes para viabilizar esse momento que enaltece a importância das mulheres na política. O que fizemos em Forquilhinha não tem registro em outras partes do Brasil”, declarou Célio Elias (PT).

Emoção e gratidão

Ao utilizar a tribuna, as mulheres ressaltaram a emoção e gratidão por participar da sessão histórica na Câmara de Vereadores de Forquilhinha. “Me sinto abençoada em fazer parte deste momento histórico e tão especial para nós mulheres na política”, disse Carini Cesa de Souza (PP), lembrando dos 90 anos de conquista do voto feminino.

Para a vereadora Patrícia Amandio Floriano (PDT), a sessão será para sempre lembrada. “Jamais esquecerei desse momento, com as nove cadeiras da Casa Legislativa ocupadas por mulheres. Mulher é sinônimo de garra, coragem, sabedoria, determinação e muitas virtudes. Ser Mulher é se dividir em mil e ser inteira em cada parte”, disse.

“A conquista dos espaços de poder com mulheres é um grande passo para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e próspera”, destaca Tatiane Izé Patrício (PDT). “A nossa sessão é uma inspiração para que mais mulheres participem da política, e também uma mensagem de que o lugar de mulher é onde ela quiser”, acrescentou Kelly Karitiana Moro Scussel (PP).

A vereadora Gabriela Machado Colombo (PL) enaltece a importância de mais mulheres e jovens na política. “Somente nós, mulheres, sabemos das batalhas que enfrentamos todos os dias. Somos essenciais no sentido da pluralidade de pensamento, dos pontos de vista, das prioridades e de nossa sensibilidade”.

A capacidade de cada uma foi ressaltada pela vereadora Thais Figueredo (PSD). “Que o dia 8 de março não seja apenas de recebimento de flores, mas que também seja de reflexão sobre todas as falas machistas e de entender que a mulher pode ser quem ela quiser. Temos força, coragem e, principalmente, capacidade”, comentou.

Os vereadores que abriram espaço na Câmara de Forquilhinha também foram lembrados. “Agradecer também os vereadores titulares e suplentes que entenderam a grandiosidade desse gesto de oportunizar uma sessão só com mulheres”, completou Marilda Casagrande (PP), em respeito ao Jucemar Borges (PP), Felipe Dordete (PP), Marcos Rocha Macedo (PDT), Valdeci Figueredo (PDT), Célio Elias (PT), Dinho Rampinelli (PL) e a vaga de Érico d’ Amorin atualmente ocupada por José Nardi (PSD).

Lembranças da policial Regiane Terezinha Miranda

Está em tramitação na Câmara o projeto de Lei que denomina de Rua Regiane Terezinha Miranda, a atual Rua 301. A vereadora Nazarena André Miranda, a Nena (PT), emocionou os presentes com a lembrança da policial vítima de feminicídio em 2020.

“Amava o que fazia se destacando em dar aulas às crianças no Proerd e era muito amada por todos ao seu redor. Uma mãe dedicada aos seus filhos de sete e três anos. Mulher alegre, sorridente e que fazia amizade fácil. Infelizmente existe o machismo, a posse, o ciúme e a desgraça. Regiane foi mais uma vítima do feminicídio e partiu aos 37 anos com uma vida toda pela frente. Para nós, só resta a saudade”, relata.

“Não vamos deixar que mais Regianes sejam vítimas de feminicídio. Ser mulher é lidar o tempo todo com intimidação, e ter a competência medida na relação desproporcional de sua aparência física. É ouvir os homens falarem como você deve se sentir, vestir e agir. Precisamos dizer não, pois cada mulher sabe o que passa dentro de si”, conclui Nena.

Indicações

• 19/2022 – Criação de Projeto de Lei para inclusão do conteúdo: “Prevenção à violência doméstica” como tema transversal no Currículo da rede municipal de ensino de Forquilhinha. (Thais Figueredo – PSD)
• 20/2022 – Reativação do Núcleo de Prevenção de violência e promoção da saúde: com foco nas atividades de prevenção à violência contra a mulher, feminicídio, entre outros. (Carini Cesa, Kelly Karitiana Moro Scussel e Marilda Casagrande – PP)
• 21/2022 – Ampliação e qualificação da Equipe do CREAS Municipal (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) para atendimento e acolhimento de todo tipo de violência. (Carini Cesa e Kelly Karitiana Moro Scussel – PP)
• 22/2022 – Criação de Programa de capacitação para todos os profissionais da saúde, em especial para as agentes comunitárias de saúde, com o tema: “Violência doméstica”. (Patrícia Amandio Floriano – PDT)