Morte repentina de pássaros no México não é caso isolado e pode se tornar cada vez mais comum, aponta especialista
Impacto da presença humana é a principal suspeita; Caso foi registrado por câmera de segurança
Um caso de morte em massa de pássaros no México chamou atenção na internet nos últimos dias. Uma câmera de segurança mostra centenas de aves, da espécie Graúna-de-cabeça-amarela, caírem mortas no chão de uma única vez ao chegarem à zona urbana da cidade de Chihuahua, no norte do país – confira no vídeo. O caso já foi visto em locais diferentes, como País de Gales, em 2019, e Estados Unidos, em 2020.
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A recorrência destas situações e suas similaridades pode ter uma explicação mais simples do que se imagina. A bióloga e coordenadora do Museu de Zoologia da Unesc, Morgana Cirimbelli Gaidzinski, destaca que apesar das investigações ainda estarem em andamento, é possível prever as possíveis causas de fatalidades como a do vídeo. “O fato é que independente do resultado que explique a morte destes animais, devemos considerar que as atividades do homem têm provocado danos à vida das aves migratórias, como queimadas, desmatamento e poluição”, explica.
A reflexão trazida pela bióloga vai ao encontro dos casos já publicizados nos anos anteriores. Nos Estados Unidos, a morte dos pássaros foi causada pela fuga de incêndios na Costa Oeste. Já no País de Gales, teorias como inalação de gases tóxicos foram levantadas, e até a fuga de uma ave predatória fora de seu habitat foi apontada como a causa da morte em massa.
Agora, no México, as hipóteses levantadas são que os animais se intoxicaram com fumaça de uma chaminé ou tocaram fios de alta voltagem. “O que me chama atenção é a troca de trajetória em direção à casas e estrada. Como eles estão em um bando grande e acabam sendo deslocados para baixo, em uma região urbana, os fatores apontam para uma descarga elétrica. Com a proximidade entre eles, se um ou dois animais encostaram na rede, podem ter passado a descarga aos demais. Podemos ver que eles são puxados para baixo e em seguida alguns arremetem”, detalha o biólogo do Museu, Rodrigo Ribeiro de Freitas.
Riscos são cada vez mais eminentes
Conforme o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), 19% das aves conhecidas no mundo são de espécie migratória e 11% já estão ameaçadas de extinção. Para Morgana, a relação entre o ser humano e estes animais está cada vez mais complicada. “É um ítem a ser considerado, já que estudos revelam que aves migratórias ficam desorientadas quando expostas a campos eletromagnéticos produzidos pelo homem”, afirma.
A especialista também avisa que os limites suportáveis pelas aves são muito menores do que para o homem.