Recentemente, gravando um dos episódios do meu Podcast, Liderando Líderes, um dos meus ilustres convidados, meu querido Igor Drudi, solta essa fala “menos benção e mais desculpas”, referindo-se às relações entre líder e liderado e me inspirei nessa frase para escrever esse artigo provocativo, principalmente se você possui empresas ou lidera pessoas. Nas dinâmicas entre líderes e liderados, a falsa sensação de certezas absolutas por parte de alguns líderes fomenta a necessidade crucial de “dar a benção” aos liderados, e com isso diminui a chance de pedir desculpas. E qual a consequência desse comportamento? Além da ausência de humildade das lideranças e a tradicional busca por autoridade e validação, cria-se uma cultura de medo e falta de segurança psicológica.
Em muitas organizações a hierarquia é reverenciada e a autoridade do líder é inquestionável. Os líderes são frequentemente vistos como detentores de conhecimento absoluto e suas decisões são recebidas como bênçãos a serem acatadas sem muitos questionamentos. Esta cultura da benção cria uma dinâmica em que os liderados buscam constantemente a aprovação e a validação de seus superiores, criando times de executores que precisam de comando e controles, e com isso perdem autonomia e criatividade. Soma-se a esse cenário a ausência de desculpas por parte das lideranças já que reconhecer seus erros e admitir falhas passa a ser vista como sinal de fraqueza ou incompetência. Os líderes temem que isso prejudique sua autoridade e reputação. Como resultado, preferem ignorar ou negar problemas em vez de enfrentá-los e assumir a responsabilidade por suas ações – qualquer semelhança com seu atual ambiente é mera coincidência.
Ao contrário do que muitos líderes e profissionais pensam, a humildade situacional do líder aumenta sua força e integridade, pois o coloca numa condição humana que erra, acerta, aprende, falha e isso gera pertencimento, vinculo e reciprocidade. Quando os líderes reconhecem seus erros e se desculpam sinceramente, eles demonstram respeito pelos outros e um compromisso com a transparência e a honestidade. Isso fortalece a confiança e o respeito mútuo dentro da equipe e cria um ambiente onde as pessoas se sentem seguras para admitir suas próprias falhas e aprender com elas, o que consideramos uma cultura em que se promove segurança psicológica, um ambiente fértil a inovação.
Para promover uma cultura de menos bênçãos e mais desculpas, é necessário um esforço consciente por parte de todos os envolvidos. Os líderes devem investir em autoconhecimento, estar dispostos a abrir mão de suas vaidades e necessidade de controle e autoridade, e a reconhecer que não têm todas as respostas. Dispostos a encorajar o diálogo aberto e honesto, e estar preparados para ouvir e aceitar críticas construtivas. Da mesma forma, os liderados também têm um papel a desempenhar, protagonizando papeis e entendendo que a competência de liderança se desempenha independente do cargo em que se ocupa e assim, desafiar ativamente a cultura da benção e contribuir com transparência e participação. E aí, vai aprender a pedir mais desculpas ou continuar cultuando as bênçãos? Pense nisso!”