Na política, usar a imagem como instrumento de comunicação é essencial para ultrapassar barreiras e reafirmar a própria identidade. E imagem não é algo estático, ela está em constante movimento. São as atitudes, o comportamento, a postura e, também, o modo de vestir.
Não se pode esquecer, que na política, tudo sinaliza. O simbolismo está no comportamento, nas palavras, gestos e na roupa.
O comportamento é o que irá confirmar ou confrontar o que mostra a aparência. Por este motivo a imagem não engana, ela pode sim confundir, mas é o comportamento que irá consolidar o que se pretendia dizer através da roupa e do discurso.
Quando se ocupa uma posição de poder é fundamental ter cuidado com o que a imagem está sinalizando. Não se pode agir intempestivamente e achar que não virão consequências e, a depender destas, desgastes desnecessários podem acontecer.
Não só os políticos, mas seus assessores, secretários e aqueles que lhe são próximos, como cônjuge e membros da família por exemplo, podem, por algum ato ou palavras impensadas, prejudicar a relação que foi construída. E, conforme o gesto inoportuno, a equipe de gestão de crise precisará entrar em cena para apagar incêndios.
Como exemplo recente, mais precisamente no último sábado, dia 16, a Primeira Dama, Janja da Silva, cometeu uma gafe xingando o empresário Elon Musk, e isto repercutiu nacional e internacionalmente (BBC, Bild, La Nacion, etc). Musk, já anunciado como integrante do Governo Trump, tem a confiança do futuro Presidente dos EUA. Portanto, a derrapada na etiqueta de Janja pode prejudicar o diálogo entre os dois países, causando um desgaste totalmente desnecessário. Veja como o comportamento de quem está próximo afeta as relações. Tanto afeta que o Presidente Lula, em seu discurso no Festival Aliança Global, falou o seguinte: “Eu queria dizer pra vocês que essa é uma campanha em que a gente não tem que ofender ninguém. Nós não temos que xingar ninguém.” Não citou a esposa, mas endereçou a frase.
Mesmo atitudes que podem ser consideradas como bobinhas ou como pequenos deslizes, podem estremecer relações na política. Haja vista ser um terreno sensível à desentendimentos e fértil em jogos de poder.
A imagem ultrapassa a aparência e se estabelece pelo comportamento. Quando em coerência, maior será o poder e o impacto positivo. Porém, estando em contradição, o político sofrerá o reflexo deste desgaste na comunicação de sua marca pessoal.
Aline Savi é advogada, consultora de imagem e personal stylist, especialista em etiqueta e pós graduada em marketing político e comunicação eleitoral. Nesta coluna semanal fala sobre imagem e comunicação política.
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